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Abnael Machado

OS MISSIONÁRIOS FRANCISCANOS NO RIO MADEIRA - Por Abnael Machado


OS MISSIONÁRIOS FRANCISCANOS NO RIO MADEIRA - Gente de Opinião
 
Teodoro Portararo de Massafra e Samuel Mancini (padres franciscanos), chegaram em Porto Velho em 1871, acompanhados por dois soldados sediado em São Carlos do Jamari e por 11 remadores bolivianos.
 

O Frei  Jesualdo Macchetti* após retirar-se da Bolívia em 28 de fevereiro de 1869 uniu-se a uma expedição de comerciantes desceu os rios Mamoré e Madeira vindo ao Brasil.  Na região encachoeirada desse segundo rio, manteve ligeiros contatos com os indígenas das nações dos Araras (próximo à foz do Rio Abunã, afluente da sua margem esquerda), e  dos Caripunas nas proximidade da Cachoeira Caldeirão do Inferno (no Rio Madeira).  Sua viagem pelo Rio Madeira tinha por objetivo fazer um levantamento das possibilidades de fundar missões.

Em 22 de setembro de 1869, chegou em Manaus, sendo cortesmente recebido pela Presidente da Província do Amazonas, em seu gabinete, lhe concedendo uma passagem para Belém-do-Pará e oferecendo o seu apoio no caso de pretender  instalar alguma missão no Rio Madeira.  Chegou nessa cidade em 14 de outubro de 1869, prosseguindo para Roma, onde casualmente encontrou o Frei Samuel Mancini, o qual estava empenhado em conseguir junto ao Geral dos Franciscanos, missionários para o Amazonas.  A este se uniu, porém só conseguiram dois, os freis Vicente Rocchi e Luiz Zaccagni.

Acompanhado dos companheiros, o Frei Jesualdo regressou ao Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 2 de setembro de 1870.  Foram recebidos pelo Imperador Dom Pedro II que se mostrou frustrado pelo diminuto número de missionários para a realização da grandiosa obra.  O Ministro de Agricultura deu-lhes um ofício os recomendando ao Presidente da Província do Amazonas.  Chegaram à Manaus, em 7 de setembro de 1870, dirigindo-se em 17 de dezembro deste ano, para o posto militar de Crato (atual Vila de São Carlos, na margem esquerda do Rio Madeira em frente à foz do Rio Jamari, seu afluente de margem direita), no qual chegaram em 8 de janeiro de 1871, portando apresentação do Presidente do Amazonas ao comandante do Posto, o recomendando a prestar todo auxílio aos missionários.  Porém, este não dispunha de condições.  O Frei jesualdo com os companheiros se alojaram em uma cabana deteriorada, aguardando oportunidade de subirem o Rio Madeira em busca de um local adequado para instalarem uma missão, esta ocorreu propiciada por um comerciante português José Lopes de Azevêdo, o qual de passagem por São Carlos, se inteirou da situação, lhes emprestou onze índios bolivianos remadores, com os quais e dois soldados, se dirigiram ao povoado de Santo Antônio, em frente a primeira cachoeira do Rio Madeira, da mesma denominação, de onde retornaram, acampando no Porto Velho dos Militares, a sete quilômetros abaixo da citada cachoeira, onde esteve acantonado um grupo de militares, no período de 1866 a 1870 guarnecendo o Rio Madeira, permaneceram por três dias erguendo uma grande Cruz, e retornaram (1871) a São Carlos.  No ano seguinte, em 15 de maio de 1872, regressaram ao Porto Velho dos Militares, permanecendo vinte dias, desistindo de fundar a missão, retornando a São Carlos, no qual Frei Jesualdo construíu uma Capela.
 

Frei Jesualdo fundou as missões de:

- São Francisco no Rio Ji-Paraná (ou Machado), afluente da margem direita do Rio Madeira em Território dos temidos Parintintin, tidos como antropógrafos;

- Santo Antônio na região das cachoeiras do Rio Madeira agregando os Pama;

- Apóstolo Pedro na Ilha de Pupunhas, no médio rio Madeira, agregando os Mura;

- Marmelo, no Rio com esta denominação, agregando os Torá.

 

Realizou expedições nos rios:

- Jamari contatando com os índios Urupá, Urutique, Uruturucú, Nhacanga-Piranga;

- Ji-Paraná, contatando com os índios Jaru, Cruaú e Parintintin;

- Madeira alto curso contatando com os índios Caripuna, Pama e Arara. 

Em 1880 foi designado para o cargo de Prefeito da Missão do Amazonas sediada em Manaus.

Em 1882 viajou à Itália em busca de conseguir missionários, foi-lhe concedido apenas um.

Em 1889 renunciou o Cargo de Prefeito, mas ficou residindo em Manaus prestando serviço religioso no hospital e na nova igreja dos santos Sebastião e Fabiano.

No final do ano de 1894, mudou-se para Salvador/Bahia.

Regressou à Manaus sendo designado para o cargo de Vigário Geral do Alto Amazonas.

Faleceu no dia 21 de junho de 1902, na Santa Casa de Misericórdia em Manaus, com 76 anos de idade e 49 anos de trabalho missionário. (O jornal Amazonas, XXXVIII, nº 84 de domingo 22 de junho de 1902, noticiou o seu falecimento).

*Frei jesualdo Maccheti, nasceu em 11 de julho de 1825 em Montalcino na Toscana/ITÁLIA.

Agradeço a foto, vou me empenhar em desvendar sua origem, observo que em sua legenda são cometidos os seguintes equívocos:

- Porto Velho não situava-se na área da Cachoeira de Santo   Antônio.  Os Franciscanos em 1871 chegaram em Porto Velho dos Militares (atual cidade de Porto Velho).

- A vinda dos Franciscanos em 1871 ao Porto Velho dos Militares, não é o início da ocupação humana em Porto Velho.  Esta ocorreu a partir de 1907, com o reinício da construção da Estrada de Ferro-Madeira-Mamoré, pela empresa norte-americana May Jekyll Randolph contratada pelo empresário Percival Farquhar, norte-americano.

Observação: Informação sobre o Frei Jesualdo Maccheti, prestada à Drª Lorena Córdoba, Professora e Pesquisadora, docente da universidade de Buenos Aires/Argentina, solicitada ao informante, em 17 de dezembro de 2012.

 

Fontes:  Váscariato Del Beni – Monografia anônima

Divisão e distribuição das tribos do Brasil – Paulo  Von Eherenreich (tradução de Capistrano de Abreu) – 1892;

Comissão do Madeira -  Cônego Francisco Bernardino de Souza – Rio 1875;

Os Índios Parintitin do Rio Madeira – Curt Nimuendajú – 1924;

Estrada de Ferro Madeira-Mamoré – Neville B. Craig – Companhia Editora Nacional – 1947;

Desbravadores – Vitor Hugo – Ed. do Autor - 1991

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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