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Sérgio Ramos

Eu e a Astrazeneca – 2ª dose


Eu e a Astrazeneca – 2ª dose - Gente de Opinião

Três meses depois... dia 28 de julho de 2021 - Leia o texto sobre a primeira dose: Eu e a Astrazenca]

Enfim, estou devidamente imunizado. Mas não totalmente. Mesmo com a segunda dose continuarei praticando o distanciamento social, uso de máscara e higienização com álcool em gel. Afinal, nenhuma vacina tem 100% de eficácia, e o Sars-Cov-2 reage de acordo com cada corpo. E ainda há a agravante das novas cepas. E como sabemos, tudo pode acontecer, inclusive nada. Mas pode matar ou debilitar. Como não tenho o menor interesse de saber como ele reagiria em mim, continuarei seguindo as regras de prevenção. Afinal, prevenir é melhor que remediar. É um clichê, um daqueles que, se seguido, salva vidas. 

Tenho tomado conhecimento de casos de contaminação, mesmo após a segunda dose. O que é normal. Afinal, a vacina não impede a contaminação, mas reduz ou anula os efeitos do vírus no corpo. Há casos em que há necessidade de hospitalização. Isso pode significar que, sem vacina, a situação poderia ser muito pior. Assim, reitero, a luta deve ser no sentido de ficar bem afastado, longe das possibilidades de contaminação. 

Dessa vez, não tive a preocupação de acompanhar se chegou ou não chegou vacina para a minha faixa etária. Apenas esperei a data – 28/07 -, e simplesmente me dirigi ao o posto de saúde. Lá, apresentei meus documentos juntamente com a caderneta de vacinação, e o atendente me encaminhou para a sala de espera. Não demorou nem cinco minutos, fui chamado e vacinado. Sem fortes emoções como na primeira dose. Apenas o ritual foi semelhante, pois continuo com medo de injeções, mas não posso seguir o meu medo, mas enfrentá-lo. 

Há coisas que temos que fazer mesmo com medo. A vida ou a saúde não podem ser preteridas devido a medos, seja ele qual for. 

Como da outra vez, pedi para tomar a injeção sentado. A simpática enfermeira sorriu e me tranquilizou dizendo que seria da forma que me sentisse melhor. Não estava ali para demonstrar ato de coragem para terceiros. Estar ali já era um ato de coragem. 

Novamente, não senti euforia ao me vacinar. Senti apenas um grande alívio de poder ter aproveitado aquela oportunidade. Isso porque a situação continua grave. O fato de estar ali   indicava que ainda não acabou. 

A situação irá melhorar quando aumentar o percentual de pessoas imunizadas. O ideal é algo em torno de 70% da população com a imunização completa. Ainda estamos no patamar de 18%. Falta muito e a política para imunização continua confusa e descentralizada. O desincentivo federal para a não vacinação continua como se não houvesse mais de 551 mil mortes por Covid-19 e ainda alta taxa de contaminação. 

A grande notícia é que os resultados já estão aparecendo. Com a vacinação, mesmo com a maioria vacinada apenas com a primeira dose – 46% -, o número de internações e morte caíram significativamente. Por outro lado, o número diário de casos confirmados continua alto, na casa das 43 mil pessoas. É um sinal de alerta importante, o qual indica a necessidade de continuarmos seguindo os protocolos de prevenção. 

Os EUA, por exemplo, que comemoraram o Dia da Independência como nos melhores dias, voltou a recomendar o uso de máscaras em ambientes fechados.  O principal motivo é a variante delta, que fez saltar o número de novos casos diários de 13 mil no país inteiro para mais de 57 mil em poucas semanas. 

Essa variante já está entre nós. Há 174 casos confirmados no Brasil, distribuídos por 9 Estados e o Distrito Federal. Incluindo o Maranhão. 

Ainda não tenho motivos para comemorações, mas tenho motivos para ter a sensação do dever cumprido e continuar em alerta. 

Há plenos motivos para, isso sim, expressar a minha mais profunda GRATIDÃO a Deus e a todas as pessoas que trabalharam para que eu pudesse estar aqui, registrando o meu depoimento, meus sentimentos acerca destes dias, agora com a imunização completa. É um alento. 

Nesses três meses de paciente espera, continuei tendo notícias de amigos e conhecidos que faleceram ou chegaram a ser hospitalizados por Covid-19. Mas também foi nesses três meses que muitas pessoas próximas do nosso já restrito convívio foram diagnosticadas com Sars-Cov-2. É uma sensação de total impotência. Ainda não havia experimentado tanta proximidade. 

É desesperador saber que estive tão próximo a pessoas que dias depois testaram positivo. É uma constante renovação de contagem de 7 dias. Minha responsabilidade é continuar em estado de alerta e rezar por elas e também por mim e por todos que ainda sofrem por essa patologia tão terrível. O lado positivo 

Por outro lado, a Covid-19 nos fará companhia assim como a gripe comum. Não sei como será a vida em comunidade como nos tempos pré-pandemia. Continuo muito assustado com tudo isso. Não lembro mais qual foi a última vez que abracei alguém sem culpa. O que sei é que não tenho a menor ideia de quando isso ocorrerá novamente sem acreditar que esteja praticando um ato de risco. Talvez esteja exagerando. Talvez sim, talvez não. Resta-me continuar cuidando da saúde mental.

Vida, nova e ainda mais incerta, que segue. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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