Sexta-feira, 21 de agosto de 2009 - 19h01
Jung Mo Sung *
Essa pergunta pode parecer estranha, mas eu penso que é bastante pertinente. Uma das grandes novidades do cristianismo de libertação foi a introdução do tema "fé e política" na vida e prática das comunidades cristãs. Na década de 80, era quase impensável alguém ser das comunidades de base e não participar de alguma discussão sobre " fé e política". Uma "fé viva" deveria ser expressa através da participação na política. Naquela época, e ainda hoje em muitos lugares, a "política" da "fé e política" era tudo o que se referia ao bem comum na sociedade. Assim, incluía desde ações sociais na área de saúde até candidaturas de líderes comunitários nas eleições legislativas e executivas em nome da fé cristã. Não havia uma diferenciação entre a ação social, movimento populares, movimentos sociais, ação política e participação nos partidos políticos. Tudo era visto como "Política" (com "P" maiúscula).
Essa quase identificação natural entre as Cebs e o PT (com algumas exceções, por ex., em algumas regiões do Rio Grande do Sul, o brizolismo dividiu com o PT essa identificação) entrou em uma pequena crise quando surgiu PSOL, que teve entre seus fundadores algumas figuras identificadas com as Cebs e o cristianismo de libertação. Mas, nessa época o tema e o movimento de "fé e política" já estava em crise. Além disso, de um lado, PSOL não teve um grande impacto na vida eclesial e social do país; de outro, diversos setores do cristianismo de libertação viram o PSOL como uma radicalização da opção pelos pobres, da linha mais radical da "fé e política", que seria uma alternativa ao reformismo ou "traição" do governo Lula.
Mas, eu penso que agora, com a candidatura da Marina Silva, as coisas serão diferentes. Não podemos esquecer aqui que o PV, diferentemente do PSOL, não é uma radicalização da postura marxista. A introdução do tema do desenvolvimento sustentável (tratado no artigo anterior) não é um simples adendo ao pensamento marxista tradicional, mas uma ruptura, sem perder de vista as grandes contribuições de Marx. A candidatura dela já nasce forte, com apoio de setores importantes da sociedade e também de figuras destacadas do cristianismo de libertação. Com isso, provavelmente teremos dentro de uma mesma comunidade, grupos ou movimentos cristãos identificados com o cristianismo de libertação uma divisão significativa entre aqueles que apoiarão o PT e o PV na próxima eleição presidencial. Isto é, não haverá mais uma identificação ou uma relação direta entre assumir a fé cristã, na perspectiva da libertação, com uma postura política ou opção partidária.
O pior que poderia acontecer para as comunidades cristãs seria a demonização do PT ou do PV e da candidatura da Marina Silva, na tentativa de manter a visão de que a fé só pode ser expressa socialmente através de um único caminho político-técnico. Eu espero que a divisão política no interior das comunidades de base e do cristianismo de libertação seja visto como um momento de aprendizagem sempre necessária de que comunidade cristã deve ser lugar onde as pessoas celebram e fortalecem a fé cristã libertadora, respeitando pessoas que têm diferentes visões e propostas técnicas ou políticas. Em outras palavras, aprender que entre Fé e Política deve haver uma mediação e que a fé e opções teológico-religiosas não devem ditar as escolhas de caminhos políticos e técnicos na solução dos graves problemas que aflige o povo e o planeta.
[Autor de "Cristianismo de libertação: espiritualidade e luta social"]
Quinta-feira, 6 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)
Por unanimidade, Senado aprova isentar IR para quem ganha até RS 5 mil
O plenário do Senado aprovou, por unanimidade, nesta quarta (5), o projeto de lei 1087/2025 que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5

Assembleia Legislativa aprova doação de terreno para a AMA-RO em Porto Velho
A Assembleia Legislativa de Rondônia aprovou, nesta terça-feira (5), o Projeto de Lei 1168, que autoriza a doação de um terreno de 5 mil metros quad

Presidente da Alero recebe representantes da pesca para discutir fortalecimento do setor
A presidência da Assembleia Legislativa de Rondônia recebeu, nesta terça-feira (data), representantes do setor pesqueiro para tratar de pautas volta

A líder comunitária Lúcia Vinhoto, do bairro Jardim Santana, visitou o gabinete do vereador Everaldo Fogaça (PSD) para entregar um abaixo-assinado c
Quinta-feira, 6 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)