Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Política - Nacional

CORRUPÇÃO NA MIRA DA LEI



Fraudar licitações, pagar propina a servidores públicos ou praticar atos ilícitos no fornecimento de serviços e produtos à administração pública nacional e internacional poderá render penalidades mais severas do que as previstas atualmente para esse tipo de crime. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de encaminhar ao Congresso projetoGente de Opinião de lei que torna mais imediata e onerosa a punição às empresas acusadas de corrupção para obter vantagem nas transações com os governos municipais, estaduais e federal. 

A proposta prevê a aplicação de multas no valor de 1% a 30% do faturamento bruto da empresa, cassação de bens dos envolvidos, rescisão do contrato em questão e a proibição tanto de firmar novos contratos com órgãos públicos como de receber subsídios ou empréstimos de bancos controlados pelo poder público. Em alguns casos, como a constatação da existência de empresas de fachada, elas poderão ser fechadas.

No âmbito administrativo, o processo pode transcorrer em apenas seis meses, um avanço em relação à morosidade da legislação em vigor, que não atinge o patrimônio das empresas corruptas, além de deixá-las praticamente livres da obrigação de ressarcir os prejuízos causados aos cofres públicos.

Atualmente, o caminho para a punição é longo, por conta de uma legislação classificada de “medieval” pelo ministro Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União (CGU). “Ao final, a penalidade não é forte o suficiente para evitar que novos crimes sejam cometidos", afirma ele. Pela lei de licitações, a empresa que fraudar uma concorrência pública pode ser declarada inidônea e ter de pagar uma multa contratual. Para enquadrar a empresa na lei de improbidade administrativa a ponto de puni-la, é preciso identificar o funcionário público envolvido na fraude.

O portal da transparência mantido pelo CGU, com a lista suja da corrupção e a de empresas inidôneas excluídas das concorrências públicas, não tem sido suficiente para coibir a ação de corruptos e corruptores. Nos escândalos recentes apurados pela Polícia Federal, apenas diretores ou funcionários das empresas acusadas de fraude foram presos ou processados. O novo projeto de lei cria mecanismos para punir diretamente as empresas sem a necessidade de enfrentar o desgaste de um processo judicial arrastado.

Recebida com entusiasmo por setores vanguardistas da área privada, a proposta do presidente Lula é vista como instrumento importante para combater a corrupção. “Passou da hora de termos um novo marco legal para enfrentar esse crime, que tem um custo altíssimo tanto para o país quanto para as empresas”, argumenta Caio Magri, assessor de políticas públicas do Instituto Ethos.

De acordo com a pesquisa do Global Corruption Report 2009 (GCR), lançada no Brasil com o título Relatório Global de Corrupção 2009: a Corrupção e o Setor Privado, esse custo é estimado em até 40 bilhões de euros anuais, apenas em países em desenvolvimento – no Brasil, calcula-se que esteja em torno de R$ 380 bilhões por ano. Metade dos executivos de negócios internacionais entrevistados estima que a corrupção aumente em pelo menos 10% os custos de projetos. Ou seja: os consumidores ao redor do mundo pagam aproximadamente US$ 300 bilhões a mais em produtos, por conta de quase 300 cartéis internacionais descobertos entre 1990 a 2005.

Na visão de Caio Magri, o novo projeto de lei vai ao encontro das propostas desenvolvidas em frentes de debate sobre o tema, como o Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção, lançado em 2006 por iniciativa do Instituto Ethos e do UniEthos,, em parceria com a Patri Relações Governamentais & Políticas Públicas, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) e o Comitê Brasileiro do Pacto Global.

O pacto, que tem 200 signatários, se baseia na Carta de Princípios de Responsabilidade Social, na Convenção da ONU contra a Corrupção, no 10º princípio do Pacto Global e nas diretrizes da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), organismo que reúne 31 países desenvolvidos que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia do livre mercado.

“Na verdade, a nova legislação é uma convergência entre as propostas do Grupo de Trabalho contra a Corrupção e as necessidades que o Brasil tem de implantar as diretrizes do OCDE”, analisa Caio Magri. Uma delas se aplica às multinacionais e determina que funcionários envolvidos em suborno em países onde a empresa atua também serão julgados no país-sede da companhia – que, de modo geral, possui legislação mais rígida.

Segundo Caio Magri, o momento agora é de discutir o aperfeiçoamento desse marco regulatório, para que resulte num projeto administrativo e jurídico ágil e eficiente. “Não podemos conviver mais com empresas flagradas em atos de corrupção. O setor privado tem um papel crucial a desempenhar, operando com transparência e responsabilidade”, conclui o assessor de políticas públicas do Instituto Ethos, torcendo para que a lei seja logo aprovada pelo Congresso, sancionada pelo presidente Lula, regulamentada e colocada em prática pela Controladoria-Geral da União.

Edição de Benjamin S. Gonçalves (Instituto Ethos) 
Por Denise Ribeiro, da Envolverde - especial para o Instituto Ethos
Fonte:Envolverde/Instituto Ethos

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 22 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Maurício Carvalho defende isenção do imposto de renda para professores em audiência pública na Câmara

Maurício Carvalho defende isenção do imposto de renda para professores em audiência pública na Câmara

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados realizou, nesta quarta-feira (12), audiência pública para debater o Projeto de Lei 165/2022, que prop

Sindicato dos Servidores do Ministério Público de Rondônia tem nova diretoria.

Sindicato dos Servidores do Ministério Público de Rondônia tem nova diretoria.

Nesta quinta-feira, (07/09) o Sindicato dos Servidores do Ministério Público de Rondônia  - (SINSEMPRO) realizou Eleições  para a escolha da nova d

Retomada do diálogo sobre a pavimentação da BR-319 é uma boa notícia ao setor produtivo, diz presidente da Fecomércio

Retomada do diálogo sobre a pavimentação da BR-319 é uma boa notícia ao setor produtivo, diz presidente da Fecomércio

O presidente da Fecomércio-RO e Vice-Presidente da CNC, Raniery Araujo Coelho, se manifestou nesta quarta-feira 16.07 sobre a retomada das discussõe

Governo Federal institui o Plano Nacional de Igualdade Salarial entre Mulheres e Homens e o comitê gestor

Governo Federal institui o Plano Nacional de Igualdade Salarial entre Mulheres e Homens e o comitê gestor

O Governo Federal instituiu nesta terça-feira, 8 de abril, a Portaria Conjunta que institui o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre

Gente de Opinião Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)