Domingo, 19 de agosto de 2007 - 08h02
Estamos precisando de chuvas por aqui, com esta estiagem prolongada que se arrasta há meses em Rondônia. Mas o que tem chovido no estado é cocaína, de todos os lados. O leitor mais atento, acompanhando as páginas policiais, já tem uma idéia do que está ocorrendo: seja pelos rios Mamoré ou Guaporé, pela BR-364, pelo aeroporto Jorge Teixeira, as polícias Federal, Civil e Militar, estão apreendendo quase 200 quilos de cocaína por semana. E passam neste corredor do pó rondoniense, muito mais, pelo menos 10 vezes mais do que isso, principalmente no período noturno.
Na semana que passou Rondônia assistiu traficante preso com cocaína na cueca no aeroporto, em Vilhena na divisa com o Mato Grosso, mulheres presas com 56 quilos nas roupas em Jaru, na região central e, tantos outros traficantes de menor ou maior porte, foram capturados em barreiras na capital e no interior do estado. O narcotráfico está se espraiando em todo o estado formando novos corredores e rotas alternativas a BR 364. Na região de Nova Mamoré existe um corredor do tráfico em plena reserva biológica. A rodovia do boi, ligando Rondônia ao Mato Grosso, no Cone Sul do estado já é conhecida como "transcocaineira".
Guajará Mirim, na fronteira com a Bolívia, é o principal portal de entrada da cocaína que abastece as favelas do Rio de Janeiro e São Paulo, entrepostos para a exportação do entorpecente para os estados Unidos e a Holanda. Os traficantes compram - ou trocam por caminhonetes roubadas – a cocaína na Bolívia a razão de mil dólares o quilo que é transformado em cinco quilos com a mistura de talco, já sendo comercializada a quase cinco mil reais o quilo colocado em Porto Velho, a mais de 15 mil dólares nas transações em São Paulo e alcança a cotação de até 100 mil dólares ao quilo na Holanda.
O lucro ocorre de forma geométrica e está fomentando os barões do pó a aproveitarem a fragilidade da vigilância nos 1000 quilômetros de fronteira de Rondônia com a Bolívia para investir pesado na região. Com dificuldades, devido a maior repressão em Foz do Iguaçu no Paraná e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, os cartéis se voltam com o grosso do narcotráfico para Rondônia, um estado desequipado e carente de recursos para enfrentar esta situação.
No rastro da cocaína esta vindo o aumento da criminalidade no estado que já não tem vagas disponíveis nos seus presídios para prender tanto traficante. São amplamente majoritários nos cadeiões. O que incomoda é a omissão do Ministério da Defesa. Acorda ministro Nelson Jobim, além do apagão aéreo, existe o apagão do combate ao narcotráfico! É preciso mais atitude, um tratamento diferenciado a Rondônia para enfrentar esta situação: São urgentes investimentos maciços na Polícia Federal, com mais pessoal, lanchas nos rios da fronteira, viaturas, armamento pesado, etc.
Fonte: Carlos Sperança/gentedeopinião
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