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Modernidades...


Humberto Pinho da Silva - Gente de Opinião
Humberto Pinho da Silva

Nos derradeiros dias de verão, ainda com sol amigo, decidi abalar além Marão.

Instado por companheiro de infância, sai contrafeito do aconchego do lar – coisa rara, – e viajei comboianamente até a pequena Vila, agora cidade transmontana.

Recebeu-me de braços abertos com a tradicional franqueza tão característica da gente montesina.

Após me ter dito que já não se dorme de portas destrancadas, como outrora – que só se cerravam quando se pressentia gente estranha, acrescentou:

- Efeitos da globalização! E facilidade de transporte...

Depois, a prosa derivou para as corriqueiras novidades: casamentos, namoricos e...

- Já te contei que o meu Jorge está em Coimbra?

- Não sabia! O que faz o pequeno na cidade dos doutores?! - Perguntei curioso.

- Foi frequentar a Universidade...A propósito: vou-te contar uma muito boa: Não queria que fosse para uma república. Quarto a preço módico, é difícil. Então pensei alugar pequeno apartamento. Assim podia visitá-lo, sem pagar hotel...

- Fizeste bem.

- Mas, decorrida uma semana – prosseguiu, – aparece um homem, a fazer-me uma proposta. Era pai de menina que vai frequentar a Faculdade, e se estivesse de acordo, ela iria para o apartamento do rapaz. Rachava-se o aluguer. Até, me disse, que a rapariga podia ajudar... cozinhando alguma coisa.

- Concordaste?! - Perguntei estupefacto.

- Fiquei varado, mas acabei por concordar. Tinha sido colega do Jorge e é de boas famílias...; mas fiquei banzado. Qual era o pai, do nosso tempo, que deixava uma filha viver com adolescente, quase homem!... Se tivessem de apresentar IRS até podiam dizer que eram casados!... - União de Facto!...

A conversa discorreu para outro tema mais interessante, mas fiquei a matutar:

No meu tempo de rapaz só havia dois meios de formar família: casamento civil ou religioso; ou amancebarem-se, mas deste modo não havia regalias fiscais...nem eram reconhecidos oficialmente.

Enfim: mudam-se os tempos...assim como os costumes,e a Moral. Efeito da ausência de Deus e degradação da sociedade, que se diz cristã.

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