Segunda-feira, 27 de setembro de 2021 - 16h08
Velho amigo dos bancos colegiais, já falecido,
dizia-me, com graça: " A filha de guerra Junqueiro (que ainda conheci,) é
o castigo do Padre Eterno..."
Realmente a Senhora primava pela delicadeza, e
pela ausência de beleza...
Guerra Junqueiro faleceu em 1923, a 7 de Julho,
com 73 anos de idade, na cidade de Lisboa.
Foi dos principais responsáveis pela queda da
Monarquia, e acérrimo demolidor dos Braganças.
Os violentos ataques à Igreja, eram ferozes
verrinas à Religião, extremamente arrasadores.
Porém, nos derradeiros anos de vida,
arrependeu-se acerbamente do que havia dito e escrito.
Em " Prosa Dispersas",
amarguradamente escreveu: " Eu tenho sido, devo declará-lo, muito
injusto com a Igreja. A Velhice do Padre Eterno é um livro da mocidade. Não o
escreveria já aos quarenta anos. Animou-me e ditou-me o meu espírito cristão,
mas cheio ainda de um racionalismo desvairado, um racionalismo de ignorância, estreito
e superficial. Contendo belas coisas, é um livro mau, e muitas vezes
abominável."
Sobre " A Pátria", considerou
que deveriam ser expurgadas ofensas a Oliveira Martins e ao Rei D. Carlos.
Solicitou mesmo, ao amigo Conselheiro Luís
Magalhães, que ao readitá-la, retirasse frases injuriosas. Ele próprio eliminou
várias passagens, e deixou declaração escrita, que eram falsas as edições com a
versão na integral.
Nos últimos dias, o poeta, tornou-se católico,
pedindo que o funeral fosse cristão, e asseveram que se tornou monárquico...
Guerra Junqueiro, raras vezes escrevia em casa,
na secretária, mas na rua passeando. Passava depois, a lápis, num retalho de
papel.
Era baixinho, tinha enormes e espessas barbas,
e vestia-se modestamente.
Certa vez, andava a passear e encontrou pequeno
chavelho e levou-o pontapeando, na frente. Ao passar na praça da terra,
camponeses, muito altos, ao vê-lo, desataram às gargalhadas, que ao poeta,
afigurou-se de troça, e deu-lhes o troco:
- " Ah! Ah! Ah! Quê?! Tantos e tão grandes
a rir à custa dum tão pequeno!"
Os que o ouviram levaram para as estaturas, e
não para a imbecilidade (chifre) de quem se ria dele.
Foi excelente administrador. Deixou valiosa coleção
de Arte e considerável fortuna.
Ao abordar o poeta e seu arrependimento tardio,
lembrei-me do ilustre escritor açoriano, Vitorino Nemésio, e sua conversão.
Em 1955, ao conversar com o Bispo Emérito de
Aveiro, D. Manuel Almeida Trindade, por longas três horas, o professor, em
lágrimas, congraçou-se definitivamente com Deus.
Vitorino Nemésio, além de ser excelente
escritor, era professor universitário, diretor do diário lisboeta: " O
Dia", antigo mação, e comentador da RTP.
Segundo Agostinho de Campos, em: " Ler
& Tresler", os grandes escritores portugueses do último quartel do
século XX, foram vítimas do naturalismo: "Eça de Queirós, Oliveira
Martins, Ramalho Ortigão, todos morreram arrependidos, de mal consigo próprios,
desejosos de refazerem as suas vidas de outro modo, se isso lhes fosse
possível."
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