Segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021 - 09h04
O mundo das palavras
estruturadas, comovidas, rimadas no contexto da arte da existência, ficou mais
pobre, perdemos um poeta: o professor Gesson Álvares de Magalhães, membro
efetivo da Acler, Academia de Letras de Rondônia, partiu para o Olimpo, não sem
antes deixar imortalizados, no Panteão da Vida, seus versos, suas obras, seus
exemplos de integridade e competência.
Quando um poeta se vai é como
se perdêssemos uma fonte simbólica de sangue, matéria prima da caneta
sentimental por onde Gesson se expressava:
Embora
esteja aqui há poucos dias,
Eu te amo, Rondônia, ardentemente,
Amo teu céu, teu ar e tua gente,
Amor maior, de outro não terias.
O poeta se despede do público,
como se estivesse pedindo uma releitura do discernimento de seu cérebro, sobre
a arte de poetar a vida, sublime forma de atapetar a caminhada dos viventes
comuns:
Andando
a passos trôpegos, moroso,
Cambaleando até, olhar sem brilho,
Figura venerável de um idoso
Cansado de seguir o longo trilho.
Foi menino, foi jovem vigoroso,
As forças consumiu, sem empecilho,
E agora espera receber, ditoso,
O amor e o carinho de seu filho.
Quando,
porém os louros da vitória
Deseja desfrutar entre crianças
Que agora poderiam diverti-lo,
Nem
mesmo vai contar-lhes uma história,
Pois anda triste, só, sem esperanças,
Nos frios corredores de um asilo.
Gesson Álvares de Magalhães
nasceu em Santana dos Brejos, no sertão da Bahia, no dia 12 de outubro de 1934.
Concluiu o curso de Letras em Jandaia do Sul, no Paraná, mas escolheu Rondônia
para viver e completar seus escritos, em 1980. Sua obra iniciada em vários
estados e há várias décadas, ganhou em Rondônia uma nova dimensão e novos
horizontes. Aqui, ao lado da esposa, dos filhos, netos e de sua dedicação à
Igreja Adventista, deu vazão a sua dupla veia artística, somou aos versos a
música, ao criar o coral infantil, Pequenos Uirapurus:
Se
Amizael cantou-te como infante,
Se o Bolívar cantou teu tempo antigo,
Se Cândido cantou-te como amante,
Deixa que eu fale apenas como amigo.
És, Porto
Velho, muito diferente
Daqueles dias que já vão distantes,
Quando morava aqui bem pouca gente
E não tinhas em ti, tantos migrantes. (…)
E eu, que também por ti fui adotado,
Possa ver-te crescer com galhardia,
E meus filhos e netos, sem cuidado,
Vivam em ti, na paz e na harmonia.
Ao me
despedir do poeta, empresto algumas palavras sensíveis, gostaria meu velho
mestre, conterrâneo e dileto amigo, que você estivesse fingindo, e a gente
pudesse se encontrar logo mais, infelizmente a vida é dada a esses
desencontros. Não o verei em pessoa, mas personalizarei a saudade, com teus
encantadores versos sentidos:
Ontem e
Hoje
Eras a virgem mais
bonita e pura
Que havia no
colégio; Eras tão linda,
Que ao ver-te a vez
primeira, fiz a jura
De dedicar-te uma
afeição infinda.
Amaste-me também, e
a estrutura
Do amor que ali
nasceu perdura ainda.
Depois de trinta
anos de ventura,
Tua beleza me é
sempre bem-vinda.
Hoje, nossos
cabelos estão brancos,
Já sofremos da vida
os duros trancos,
Já temos filhos,
netos e uma neta.
Não és mais a
mocinha bela e doce,
Mas para mim, é tal
qual se ainda fosse
Aquela Musa que me
fez poeta.
Carapanã: o pequeno e grande escudeiro anticolonialista da floresta
Ouvindo um rock and rol composto pelo Berlange Andrade, O Karapanã Infernal, e a crônica de Arimar Souza de Sá, sobre os destemidos pioneiros de Ron
O povo irmão da Terra de Santa Cruz
Ao perpassar por estaleiro de obras de empresa de construção, que construía hotel, na cidade do Porto, escutei o seguinte diálogo: “Estou a aprender
São tantas as vistas naturais do universo e suas consequências no emocional, que as pessoas, entre exclamações e interrogações, diante do mar, de ri
O sacerdócio é vocação ou profissão?
Estando em Roma, apresentaram-me Frei António, frade franciscano, que trabalhou no Vaticano, que me disse: "Vindo à terra natal, de férias, fui abor