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Crônica

À deriva de mim no mar da política


À deriva de mim no mar da política - Gente de Opinião

Ainda que eu seja um animal político, no dizer de Aristóteles, ou me sinta um personagem de Elliot Aronson, em seu conceituado livro, O Animal Social, à medida que as eleições se aproximam, municipal, estadual ou nacional, me sinto meio inseguro, navegando no mar de incertezas que a política desperta, como se eu estivesse à deriva de mim mesmo. Sei que sou imperfeito e preciso da comunidade para alcançar a completude, como dizia o filósofo. O político (o outro) pode ser o inferno, no dizer de Sartre, contudo, é, necessariamente, o elo da corrente democrática, que ajuda a convivência pacífica, na Pólis organizada. Ninguém é uma ilha.

Às vezes, me sinto um degradado com um inútil voto na mão, submergindo e emergindo, num mar democrático de argumentos partidários, sem saber pra que lado remar: como me integrar ao todo, sem o sentimento da inutilidade? Como acertar o candidato que, se vitorioso, atenderá as necessidades da comunidade. A sorte e a política podem andar de mãos dadas? Não só podem, como devem; já é tão difícil acertar, que o azar só complicaria. Imaginem o melhor candidato, o mais competente, o mais bem posicionado nas pesquisas, morrer de repente, a poucos dias da eleição… azar pra um, sorte pra outro. Pobre do eleitor, está cansado de saber que quem gosta de andar abraçada com um candidato é a sirigaita da sagacidade.  

 Leitor da Resenha Política do competente jornalista e confrade da ARL, Robson Oliveira, me dou conta das possibilidades, das alternativas, dos “disse-me-disse”, das trocas de partidos, que minha cabeça fica zonza, como que tentando decifrar o zumbido dos conchavos, das conveniências, dos possíveis acordos corruptórios pelo poder. Imagino como deve se sentir quem é alheio à política, analfabeto ou ignorante por formação, sem a consciência dos dizeres dos filósofos, cantando Zeca Pagodinho: Deixa a vida me levar, vida leva eu…

Embora me sinta à deriva, meus pés estão ancorados no porto do velho, aguardando o grito de “terra à vista”! Ainda bem que o Madeira não é Mardeira, dá pra gente enxergar as duas margens ao mesmo tempo: de um lado uma Rocha se deixando esculpir por um bisturi mariano, transformando o Máximo em Mínimo, anulando a competência de nosso melhor candidato. Política não é para amadores. Pobre Máximo, foi minimizado por uma colega, sem anestesia!

Parece que teremos três ou quatro mulheres na disputa. Enfim acordaram…uma traz o marido a tiracolo, como atestado de garantia; a outra, o pai, a simpatia, o veneno e a experiência! A terceira é caloura, pertence ao clã dos tourinhos, mas ainda é uma novilha, tem muito que aprender com as artimanhas do político Confúcio e os discursos ardilosos dos emedebistas. Os experts acreditam que a zebuzinha mira as eleições de 2026. A quarta candidata vem do PT, mas não tem chances, apesar de também trazer na identidade o sagrado nome da mãe de Jesus.

Quando a campanha começar no rádio e na TV teremos uma ideia do possível desfecho dessa eleição municipal. Quem vencerá??? A candidata do governador e do prefeito ou…? Fiquem de olho na Resenha do Robson Oliveira.

À Direita, à esquerda ou ao centro, qualquer que seja o resultado, vou me postar à janela, aguardando as vistas: tomara que a banda passe, tocando o Hino do Município e anunciando uma sede própria para a Academia Rondoniense de Letras, Ciências e Artes, fundada em 2015, mas ainda sem teto. 

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