Quarta-feira, 22 de março de 2017 - 18h31
O fiscal agropecuário federal Daniel Gouveia Teixeira, responsável por denúncias que levaram à Operação Carne Fraca, afirmou que há uma série de irregularidades ainda não reveladas pela Polícia Federal (PF). Em entrevista à Rádio Eldorado, de São Paulo, nesta quarta-feira, Teixeira ressaltou que o pagamento de propina é frequente no processo de fiscalização da carne.
— Não foi mostrado nem 1% do que foi descoberto pela Polícia Federal — disse.
O servidor do Ministério da Agricultura, que foi transferido de função desde o início das investigações, atribui as falhas à ingerência decorrente de indicações políticas.
— É a interferência de políticos para tirar e colocar fiscais mais rigorosos em locais que não atrapalhassem interesses das empresas", relatou.
Teixeira também revelou que havia denúncias relacionadas ao setor engavetadas há cerca de dez anos.
— A PF conseguiu fazer em dois anos o que o Ministério da Agricultura não fez em dez — garante.
Apesar de denunciar o envolvimento de colegas e frigoríficos nos casos de corrupção, o fiscal tranquiliza a população em relação ao consumo da carne produzida no país:
— Não é motivo de pânico. A população tem de conhecer o produto, verificar se é fiscalizado. 90% dos meus colegas são pessoas honestas e qualificadas que trabalham para garantir a qualidade dos produtos.
Teixeira ainda afirmou que as irregularidades foram registradas ao longo de vários governos, ao menos desde o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e que não houve mudança após o PMDB assumir o Planalto. O delator disse não ter conhecimento de qualquer associação ou formação de cartel por parte dos frigoríficos que pagavam propina a servidores federais. Ele criticou ainda as tentativas de minimizar a importância da Operação Carne Fraca.
O funcionário representa a categoria como delegado sindical, mas garante não ser filiado a nenhum partido político. Ele recebe segurança da Polícia Federal e de outros órgãos de segurança do Paraná desde o início da operação, há dois anos e meio.
Na terça-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha, Daniel também saiu em defesa da PF ao falar das críticas feitas pelo ministro Blairo Maggi, reforçado por entidades do agronegócio e pela bancada ruralista, que acusam a Polícia Federal de exageros na Carne Fraca:
— Isso é preocupação de quem está com medo do que está por vir — disse.
A partir desta terça-feira (30/4), foi reestabelecido o serviço de registro de ocorrência na Delegacia da Mulher (DEAM) e de Proteção à Criança (DPC
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