Quarta-feira, 30 de janeiro de 2008 - 21h52
Bruno Bocchini
Agência Brasil
São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (30) a aplicação da legislação para barrar o aumento do desmatamento da Amazônia, classificado por ele como "preocupante". Lula ressaltou que não é necessário desflorestar para aumentar as plantações de soja e cana-de-açúcar ou as criações de gado.
"Quando alguém tenta cometer ilegalidade, nós temos que utilizar a lei contra essa gente. Nós não podemos ser condescendentes. O ministro da Agricultura prova todo santo dia para mim que para manter a produção e a criação de gado, hoje, você não precisa derrubar um pé de árvore. O Brasil tem terra já degradada que dá para a gente plantar quanta soja a gente quiser, quanta cana a gente quiser e criar quanto gado nós quisermos", afirmou, após participar da inauguração da reforma da Agência Central dos Correios.
Lula disse, no entanto, que o desmatamento registrado é uma "coceira", que está sob controle e ainda não pode ser considerado uma doença grave: "A notícia é uma notícia preocupante. É como se você tivesse uma coceira e você achasse que é uma doença mais grave. Por enquanto, nós temos todas as condições de controlar, de saber quem são as pessoas [que desflorestam]."
O presidente ainda ressaltou que o desmatamento registrado no primeiro trimestre de 2007 foi comparado com o mesmo período de 2006, quando o desflorestamento foi muito menor. "Como em 2006 tinha caído muito, 2007 apresentou um acréscimo no desmatamento no Brasil. O que há é um sinal de que cresceu. Nós temos o ano inteiro para brecar", disse.
Lula admitiu que possam estar faltando equipamentos e pessoal para a fiscalização, de responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na região da floresta: "É por isso que eu acho não cabe só ao Ibama fazer toda a fiscalização; é importante que a gente construa parcerias com os prefeitos, é importante que a gente construa parceria com os governadores e, sobretudo, com a sociedade civil."
E disse ter determinado "que a ministra Marina [Silva, do Meio Ambiente], o ministro da Agricultura [Reinhold Stephanes] e o da Justiça [Tarso Genro] fosse in loco visitar [os locais de maior desmatamento], porque nós sabemos quais são as cidades, sabemos quais são os estados e eu estou convocando os governadores de estado da região, os prefeitos das principais cidades para que a gente possa em conjunto entender que diminuir o desmatamento é bom para o Brasil".
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