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Osmar Silva

A lição do Teixeirão


 
Quando soube da reunião dos executivos do Estado e do Município de Porto Velho com a população do Distrito de São Carlos e adjacências do Rio Madeira, lembrei do Teixeirão. O nosso Jorge Teixeira de Oliveira, enfiado no seu indefectível safári, bonezinho vermelho de paraquedista na cabeça, é que gostava desse tipo de reunião. O que hoje chamam, pomposamente, de planejamento participativo decorrente da participação popular, ele praticava com muito mais informalidade e zero solenidade.

Lembro ainda, das primeiras caminhadas políticas do doutor Confúcio Moura em Ariquemes. Madrugador, ele chegava na casa dos eleitores cedinho da manhã, surprendendo-os e com eles tomando o primeiro café do dia. E, mais que falando, ouvia-os e incorporava as sugestões colhidas diretamente na fonte limpa do saber popular.

Teixeirão tinha uma pose clássica. Na maioria absoluta das vezes, falava com o povo de cima de um caminhão, quase sempre um toreiro, que parecia uma plataforma suspensa. Punha um pé sobre qualquer coisa e inclinava o corpo apoiando-se sobre o joelho e, dali, questionava, explicava, puxava a orelha de uns e outros e perguntava: “mas o que é vocês querem? Do que vocês estão precisando para sair daquí e irem trabalhar, monte de preguiçosos. Nós temos que construir o estado. Então falem logo!”

Confúcio e Roberto Sobrinho vivificaram estas cenas na semana passada. Dissseram-me que as lideranças comunitárias e a gente mais simples do povo se manifestaram ordeiramente, cada um tratando de um assunto de interesse geral. Assim, construíram um painel de suas verdadeiras necessidade. E não daquelas que os representantes dos entes públicos imaginavam que seria bom para eles e tascaram nos planejamentos e nas planilhas de execução.

O nosso coronel, da carroceria do caminhão, ia ouvindo e gritando para os seus secretários: “anota aí, Zé Renato”( José Renato da Frota Uchoa, secretário de planejamento e seu braço direito). E anunciava: “dia tal pode esperar que as máquinas vão chegar para fazer a ponte. E você, fulano, vai o meu fiscal”. Normalmente, essa atribuição era dada ao autor da reivindicação. Uma honra que fazia subir o prestígio do homem simples junto à sua comunidade. E lá ia o Zé Renato readequar o planejamento inicial que previa outro tipo de ação.

Quando Confúcio chegou à prefeitura de Ariquemes, após três mandatos de deputado federal, levou essa experiência. Juntou-se ao PT para praticá-la. Deu tão certo que o catapultou para o governo do Estado. Então, observe o leitor, a fórmula é simples, direta, sem intermediação. A voz das ruas, o som rouco das gargantas populares é que devem encontrar ressonância na caixa cerebral dos dirigentes públicos. E não os discursos empolados de políticos clientelistas e técnicos puxasacos e insensíveis.

Ali, em São Carlos, eles reencontraram o fio da meada. Estavam no trem certo e no trilho certo. Para não descarrilhar, é só cumprir o que prometeram em atendimento de quem conhece e sabe das necessidades da sua comunidade. Sem intermediários.

 

Osmar Silva
[email protected]

 

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Fonte: Jornalista Osmar Silva/DRT 1035 - [email protected]

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