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Silvio Persivo

Pelo futuro de Guajará-Mirim


 
Silvio Persivo

Guajará-Mirim iria entrar no imaginário de minha família por conta de minha irmã, Vanessa, que, no final dos anos 50, casada com o sargento Almir, veio morar na Pérola do Mamoré. E nos contava sobre sua vinda de catalina, um tipo de avião que pousava na água, e enchia de poesia as mentes com as histórias sobre a Madeira-Mamoré, que já chiava sobre os trilhos nos meus pensamentos infantis, sem jamais sonhar que, muito tempo depois, meu destino estaria tão ligado à Rondônia. O nascimento do filho de Vanessa, Luiz Eduardo, em Guajará-Mirim colocaria o Município, decididamente, como parte de nossas vidas. Mas, conhecer Guajará somente vim a conhecer em meados dos anos 70 pelas mãos de um filho seu, o Jorge Elage, que não só me acolheu como me apresentou à sua família, capitaneada pelo patriarca ainda vivo, Armando Elage, e me apresentou a muitas das famílias tradicionais, como os Melhems, os Vassilakis, os Bennesby, os Badras, os Casara, os Bouezs, os Saldanhas, os Nogueiras e tantas outras que, certamente, a memória me trai. Ainda lembro que Guajará ganhou,nos anos 60, as manchetes quando um índio exerceu o hábito de antropofagia nas proximidades do campo de pouso. Hoje, isto seria um crime quase infantil perto da tragédia de Realengo.

São coisas do passado. Neste domingo, 10, Guajará-Mirim completa 82 anos de vida. E, qual o Brasil, continua a buscar o seu futuro glorioso. Talvez até mais do que o Brasil já teve também seus altos e baixos, seus momentos de sensação de que, enfim, o futuro havia chegado, embora, na maior parte do tempo, a impressão é de que se ouça de lá apenas lamentos pelo que deveria ser e não é. Também, com razão, diga-se de passagem, seus habitantes reclamam que recebem mais juras de amor que gestos verdadeiros em prol de seu desenvolvimento, porém, aí nós já entramos na visão patológica sobre as crenças em promessas políticas.

A grande certeza que existe é que Guajará-Mirim tem uma importância fundamental em nosso Estado. Não somente por sua participação histórica em nossa consolidação como por ser um Município diferenciado por diversas razões entre as quais de ter um comércio centenário com a Bolívia, que é um atratativo irresistível e um imã permanente para o turismo interno. O que falta ainda a Guajará-Mirim parece, finalmente, estar se estruturando que é o que,modernamente,chamamos de o novo paradigma de desenvolvimento, a necessidade de criar um desenvolvimento local e endógeno. Neste sentido a maior participação de suas lideranças na eleição do governador Confúcio Moura mostra uma novo tipo de liderança em emergência que já procura atuar de forma proativa contra a letargia de apenas esperar pelo governo.

É preciso que este esforço de união local, de busca de novos caminhos seja apoiado pelas forças políticas estaduais e até mesmo nacionais. É preciso ressaltar que se trata de um município que é povoado de reservas sem que se tenham criado alternativas para sua sustentação. Se a questão, então, é preservar as florestas que se dê incentivos para que se criem outras alternativas. Hoje, o prefeito Atalibio Pegorini e as classes produtivas, em especial a Associação Comercial e Industrial de Guajará-Mirim, pretendem que se permita que a Zona de Livre Comércio possa industrializar micro computadores, laptops, tablets e matéria de informática, abrindo novas possibilidades para Guajará-Mirim e nosso Estado. É uma compensação adequada e justa. É preciso dar a Guajará-Mirim o presente que este Município merece e nada mais justo que ajudá-lo a ter um futuro à altura de sua importância histórica e de preservação de nosso passado e de nossa região.


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Fonte: Sílvio Persivo - [email protected]
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