Quinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

Alerta feito pelo CPRM indica que vem cheia grande por aí no Amazonas


A Crítica de Manaus
Carolina Silva

O nível do rio Negro este ano pode atingir a cota máxima de 29,49 metros. Essa é a previsão do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que divulgou no final de março, o primeiro alerta de cheia para Manaus.

A previsão indica que a cota máxima do rio Negro em 2014 deve ficar 48 centímetros abaixo da registrada na cheia recorde de 2012, quando o nível das águas atingiu 29,97 metros.

Em relação à cheia do ano passado (29,33 metros), a sétima maior desde que o rio passou a ser monitorado no Porto de Manaus, em 1902, a previsão é que a cota máxima do rio Negro deste ano fique apenas 16 centímetros acima.

De acordo com o superintendente regional do CPRM, Marco Antônio Oliveira, o órgão prevê que a cota mínima este ano fique nos 28,79 metros. O alerta de cheia é baseado em dados obtidos por meio de estações que compõem uma rede de monitoramento do volume de chuvas e do nível dos rios na região.

O volume das águas do rio Solimões é o que determina a cheia do rio Negro, pois ele exerce um represamento natural no encontro das águas. E de acordo com o CPRM, o baixo Amazonas tem sofrido influência da cheia recorde do rio Madeira.

Porém, Marco Antônio Oliveira destaca que a influência da cheia do Madeira no Negro será pequena. “A influência para o Solimões é pequena neste momento. O baixo Amazonas está sendo influenciado pelas águas do Madeira agora. Quando ocorrer o pico da cheia para o rio Negro e para o Amazonas, que deve ocorrer no mês de junho, as águas do Madeira já terão baixado, portanto, a influência vai ser mínima”, explica.

No final de março a cota do rio Negro era de 26,62 metros. O nível registrado no mesmo dia em 2012 era 27,67 metros e no passado era de 26,88 metros. “O próximo alerta de cheia será dado no dia 30 de abril, e nesse alerta vamos poder aferir se essa primeira previsão está indicando realmente uma cheia grande ou se será uma cheia dentro da normalidade”, acrescentou Marco Antônio Oliveira.

Desde o dia 20 de março, o rio tem subido entre seis e nove centímetros. Segundo o CPRM, 75% das cheias do rio Negro finalizaram em junho.

Em números, 29,14 metros é a média do pico de cheia do rio Negro este ano, conforme o alerta do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), já que o nível das águas deverá oscilar entre os 28,79 metros e 29,49 metros. A previsão do primeiro alerta de cheia tem 70% de chance de acerto.

Padrão climático

O CPRM considera que grandes cheias do rio Negro - acima dos 29 metros - ocorram de 10 em 10 anos. “Isso aconteceu em 1979,89,99 e se repetiu em 2009”, lembra Marco Antônio Oliveira, superintendente regional do órgão.

Sobre o que tem influenciado para que duas grandes cheias tenham ocorrido consecutivamente, Oliveira explica: “Nós sempre associamos as cheias às chuvas. Então, se está havendo uma mudança no padrão climático, isso também influencia diretamente no nível dos rios”.

Com a previsão de uma grande cheia para este ano, a Defesa Civil de Manaus informou que nos próximos dias deve iniciar a construção de pontes de madeira em bairros que serão afetados.

“Com a cota de 27,50 metros já existem lugares que vão começar a alagar, como o bairro da Glória, as comunidades da Matinha e do Bariri, no bairro Presidente Vargas e Educandos”, disse o diretor do Departamento de Operações do órgão, Cláudio Belém.

A Defesa Civil Municipal também fará uma ação conjunta para amenizar os transtornos em ruas do Centro que são afetadas pela cheia.

Mais chuvas

De acordo com o Serviço de Proteção da Amazônia (Sipam), a previsão é de mais chuvas para a região, condição que também influencia a cheia do rio Negro.

“Nós estamos na estação chuvosa e, na verdade, as chuvas da Amazônia Central começaram no mês de março e devem ir até meados de maio. Então, temos ainda muitas chuvas. Os meses de março e de abril são os mais chuvosos aqui na região e, com a chegada da zona de convergência intertropical, a expectativa é de muita chuva pelo menos nesses próximos 40 a 50 dias”, explica o meteorologista Ricardo Dallarosa, chefe da Divisão de Meteorologia do Sipam.

O especialista completa que o mês de março teve bastante precipitação “em função do forte fluxo de umidade do oceano e em função de que a Alta da Bolívia está muito ativa”. O fenômeno denominado Alta da Bolívia consiste numa grande área de instabilidade que se forma por conta do elevado calor e umidade gerado pela floresta Amazônica.

“Na região da Amazônia Legal estiveram abaixo do esperado desde dezembro. E em março que vieram pra valer”, acrescentou.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

EcoCast: série especial discute os desafios e oportunidades do mercado de carbono no Brasil

EcoCast: série especial discute os desafios e oportunidades do mercado de carbono no Brasil

Você sabe o que são os famosos créditos de carbono? E como eles funcionam, você sabe? Na série especial “Carbono: desafios e oportunidades” recebemos

Inovação e Sustentabilidade em Rondônia: UNIR e Eletrogoes Avançam na Pesquisa Florestal

Inovação e Sustentabilidade em Rondônia: UNIR e Eletrogoes Avançam na Pesquisa Florestal

O Grupo de Pesquisa de Recuperação de Ecossistemas e Produção Florestal, coordenado pelas Dra. Kenia Michele de Quadros e Dra. Karen Janones da Roch

Pesquisa estuda folha da Amazônia para substituição do mercúrio na extração de ouro

Pesquisa estuda folha da Amazônia para substituição do mercúrio na extração de ouro

Pau-de-balsa é uma espécie florestal nativa da Amazônia e já é utilizada de forma artesanal na Colômbia para extração de ouro.Agora, cinco instituiçõ

Ibama define nova prioridade para enfrentar perdas na biodiversidade e a crise climática

Ibama define nova prioridade para enfrentar perdas na biodiversidade e a crise climática

Neste ano em que completa 35 anos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) comemora o impacto do trabalho

Gente de Opinião Quinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)