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Intereclesial

10 mil no encerramento do encontro das CEBs


  
Porto Velho parou neste sábado, 25, para assistir à caminhada de 3 km que marcou o encerramento do 12º Encontro Intereclesial das Comunidades de Base. Uma multidão de 10 mil pessoas tomou conta das ruas da capital de Rondônia em direção ao estádio Aloísio Ferreira, animada por enorme trio elétrico, cantando as canções das CEBs e ouvindo pronunciamentos acerca do maior evento que a Igreja Católica já realizou no estado.

O clima era de animação e alegria, apesar da surpreendente queda de temperatura que deixou a maioria do povo a tremer de frio. No estádio, o arcebispo de Porto de Velho, dom Moacyr Grechi, presidiu a missa, ladeado pelo presidente da CNBB,dom Geraldo Lyrio Rocha, e inúmeros outros bispos e padres.

Na abertura da celebração,um grupo de nove mulheres negras fez a purificação do espaço litúrgico incensando o altar, a cruz e a mesa da palavra. O estádio todo acompanhou em silêncio, numa demonstração de muita fé.

Em sua homilia, dom Moacyr, ao refletir sobre o texto bíblico da multiplicação dos pães proclamado na liturgia, destacou a importância da eucaristia na vida da Igreja e dos fiéis. “Não há fonte de graça comparável à eucaristia”, disse. Segundo o arcebispo, ao multiplicar os pães, Jesus mostra que veio para satisfazer a necessidade de todos, mas conta com a colaboração humana. “Deus não faz nada sozinho. Quer sempre contar com nossa colaboração. Ele não que uns filhos comam demais e outros passem fome”, acentuou.

Lembrando o tema do encontro das CEBs, Ecologia e Missão, dom Moacyr condenou a destruição da Amazônia e conclamou a todos para defender a maior região do país. “Estamos dispostos, com as armas do evangelho, com doçura e coragem, a fazer tudo pela vida. Queremos uma Amazônia, fonte de vida e não eterna colônia, explorada e não beneficiada”, acrescentou o arcebispo. “Que a Amazônia se torne para todos casa da abundância de vida”, concluiu.

O presidente da CNBB,dom Geraldo Lyrio, agradeceu a dom Moacyr e à arquidiocese de Porto Velho a acolhida do encontro das CEBs. “Este encontro é intereclesial porque uma diocese convida outras dioceses para, juntas, avaliar, aprofundar e celebrar a caminhada das CEBs”, explicou. “Em nome da CNBB, das dioceses aqui representadas e de todos os participantes, digo à Igreja de Porto Velho: muito obrigado pelo 12º Intereclesial das CEBs”, disse.

Já o presidente a Comissão para a Amazônia da CNBB, dom Jayme Chemello, convidou o povo a assumir os compromissos de realizarem a Semana Missionária para a Amazônia, a ser realizada na segunda semana de outubro, e a rezar pelo aumento do número de padres a fim de que não falte eucaristia para as comunidades. “Levem as CEBs da Amazônia para suas paróquias”, pediu dom Jayme.


Símbolo do 13º

Sob os aplausos entusiasmados da multidão, dom Moacyr fez a entrega de um barco com sementes típicas da região aos cearenses como símbolo do 13º Intereclesial que será realizada em 2013, na diocese de Crato (CE). “Agradecemos a confiança dos regionais e vamos fazer tudo para corresponder”, disse a representante dos cearenses que recebeu o símbolo.


Compromissos

“Comprometemo-nos a fortalecer as lutas dos movimentos sociais populares e a fortalecer e multiplicar nossas comunidades de base”. Estes foram alguns dos compromissos assumidos pelos participantes do Intereclesial.

O texto está numa longa carta aprovada pelos delegados do encontro, que traz também o o apoio e o incentivo dos bispos às CEBs.  Leia, abaixo, os compromissos do Intereclesial. 


 



Compromissos assumidos pelos participantes
do 12º Intereclesial das CEBs

Comprometemo-nos a fortalecer as lutas dos movimentos sociais populares: as dos povos indígenas, pela demarcação e homologação de suas terras e respeito por suas culturas; as dos afro-descendentes, pelo reconhecimento e demarcação das terras quilombolas; as das mulheres, por sua dignidade e igualdade e avanço em suas articulações locais, nacionais e internacionais; as dos ribeirinhos pela legalização de suas posses; as dos atingidos pelas barragens, pelo direito à terra equivalente, restituição de seus meios de sobrevivência perdidos e indenização por suas benfeitorias; as dos sem terra, apoiando-os em suas ocupações e em sua e nossa luta pela reforma agrária, contra o latifúndio e os grileiros; as dos Movimentos Ecológicos, contra a devastação da natureza, pela defesa das águas e dos animais.

Queremos defender e apoiar o movimento FLORESTANIA, no respeito à agrobiodiversidade e aos valores culturais, sociais e ambientais da Amazônia.

Assumimos também o compromisso de respaldar modelos econômicos alternativos na agricultura, na produção de energias limpas e ambientalmente amigáveis; de participar na luta sindical, reforçando a ação dos sindicatos do campo e da cidade, com suas associações e cooperativas e sua luta contra o desemprego, com especial atenção à juventude.

Convocamos a todos nós para o trabalho político de base, para a militância em movimentos sociais e partidos ligados às lutas populares; para participar nas lutas por políticas públicas ligadas à educação, saúde, moradia, transporte, saneamento básico, emprego, reforma agrária e para tomar parte nos conselhos de cidadania, nas pastorais sociais, no movimento pela não redução da maioridade penal, no Grito dos Excluídos, nas iniciativas do 1º. de Maio e das Semanas Sociais.

Comprometemo-nos ainda a fortalecer e multiplicar nossas Comunidades Eclesiais de Base, criando comunidades eclesiais e ecológicas de base nos bairros das cidades e na zona rural, promovendo a educação ambiental em todos os espaços de sua atuação; fortalecendo a formação bíblica; incentivando uma Igreja toda ela ministerial, com ministérios diversificados confiados a leigas e leigos; assumindo seu protagonismo, como sujeitos privilegiados da missão; fortalecendo o diálogo ecumênico e inter-religioso e superando a intolerância religiosa e os preconceitos.
 
Fonte: Ascom/Intereclesial

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