Interligação do sistema elétrico da região norte fará custo da CCC cair R$ 2 bilhões

Encargo extra em contas de luz terá custo 70% menor em 2011  

 CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio

O governo estima que a interligação do sistema elétrico com Estados da região Norte do país fará com que o custo da CCC (Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis) caia, pelo menos, R$ 2,1 bilhões a partir de 2011.

O leilão da concessão para a construção de três conjuntos de linhas e subestações na região Norte, realizado ontem no Rio, garantirá uma redução de R$ 1,5 bilhão na conta. No leilão anterior, a linha Acre-Rondônia-Mato Grosso já havia sido arrematada, e a sua operação poupará mais R$ 600 milhões na CCC.

"A construção dessa linha, interligando a região Norte do país, é importantíssima para o país. è um benefício significativo, que terá impacto nas contas dos consumidores", afirmou o ministro interino, Marcio Zimmermann (Minas e Energia), que descartou, por ora, interligações com sistemas ainda mais isolados.

A CCC é um encargo embutido nas contas de luz para o financiamento de custos com a geração de energia à base de combustíveis fósseis, principalmente nos sistemas isolados situados basicamente na Região Norte do país. O custo estimado da CCC em 2008 é de R$ 3 bilhões.

Vencedora de um dos trechos do chamado linhão --parte composta por três linhas que ligará a usina de Tucuruí (PA) a Manaus (AM)-- a Eletronorte, que controla o consórcio Amazonas, informou que já fez estudos preliminares para o licenciamento ambiental na região amazônica. Além da floresta, o desafio do linhão é transpor o rio Amazonas. Duas soluções são analisadas: a construção de grandes torres para a passagem das linhas, ou a construção de interligação submarina.

O diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Jerson Kelman, afirmou que o deságio mais baixo do que habitualmente é verificado nos leilões de linhas de transmissão já era esperado pela autarquia. Segundo ele, a Aneel estipulou as receitas permitidas mínimas em um teto mais baixo, esperando propostas menores. O deságio médio do leilão foi de 20,18%. Nos leilões anteriores, estava sempre próximo dos 50%.

A Aneel informou ainda que vai fazer mais três leilões de linhas de transmissão este ano. Dois serão nos mesmos moldes do que foi feito hoje, com linhas por todo o país. O outro leilão será exclusivo para interligar as usinas do rio Madeira ao sistema nacional. O próximo certame está previsto para setembro.