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“Eu Capitu” chega a Porto Velho para dar voz às mulheres e provocar reflexões pelo olhar feminino


“Eu Capitu” chega a Porto Velho para dar voz às mulheres e provocar reflexões pelo olhar feminino - Gente de Opinião

Um dos maiores clássicos da literatura brasileira, Dom Casmurro, de Machado de Assis, ganha uma releitura contemporânea e sensível no espetáculo “Eu Capitu”, que chega pela primeira vez a Porto Velho, nos dias 17 e 18 de setembro, no Teatro Guaporé. Com texto de Carla Faour e direção de Miwa Yanagizawa, a montagem convida o público a refletir sobre violência de gênero, machismo e silenciamento feminino, temas cada vez mais urgentes no Brasil atual.

Em Porto Velho, as apresentações serão gratuitas. No dia 17/09 (quarta), às 19h, o público terá acesso a uma sessão especial seguida de roda de conversa com a equipe; no dia 18/09 (quinta), às 19h, haverá sessão acessível com audiodescrição e Libras. O espetáculo tem classificação indicativa de 14 anos e duração de 90 minutos.

A relevância social do espetáculo é reforçada pelos dados de Rondônia, na qual o estado registrou mais de 6,9 mil ocorrências de violência doméstica, entre janeiro e julho de 2025, incluindo ameaças e lesões corporais, além de 29 crimes letais contra mulheres, entre eles 17 feminicídios. Esses números evidenciam a gravidade do problema e mostram que, embora a violência seja uma realidade concreta, o debate sobre o tema ainda precisa ser ampliado.

Eu Capitu aborda de forma lúdica e reflexiva a realidade expressa em números e violência, com a finalidade de sensibilizar o público e promover discussões sobre prevenção, conscientização e empoderamento das vítimas. Ao levar para o palco histórias e realidades da violência doméstica, a peça cria um espaço seguro para diálogo, despertando empatia e mobilizando o público a refletir sobre a importância da denúncia, do apoio às vítimas e da construção de uma cultura de respeito e igualdade.

“No palco, as atrizes encenam uma história que se passa no Brasil de hoje, quando Ana, adolescente presa em um ambiente de tensão doméstica, presencia o fim de um relacionamento abusivo de sua mãe. Para nós interessa instigar o olhar da plateia, convidá-la a imaginar outras possibilidades narrativas, tomar consciência das coisas se valendo de mais de uma perspectiva. Portanto, juntas, levantamos questionamentos e nos apropriamos deles para desdobrá-los ao invés de buscar soluções definitivas.”, ressalta a diretora Miwa Yanagizawa.

EU CAPITU

Inspirada no universo do romance machadiano, a peça retrata a história de Ana (interpretada por Mika Makino), que desde pequena se isola em um mundo imaginário como forma de fugir dos problemas que enfrenta em casa. Sua mãe, Leninha, vive um relacionamento abusivo com o marido, um homem ciumento, possessivo e inseguro (Leninha/Capitu interpretada por Juliana Trimer).

A tensão doméstica acaba por refletir no rendimento escolar da menina, que precisa tirar boas notas em Literatura para não repetir o ano. A prova final será baseada na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. No entanto, a leitura afeta diretamente Ana, que passa a enxergar pontos em comum entre o livro e sua própria vida.

Em seu refúgio fantástico, Ana começa a misturar ficção com realidade e recebe a visita de uma mulher misteriosa, que tem o rosto parecido ao de sua mãe. Aos poucos, descobrimos que esta mulher é Capitu. Nesses encontros, Ana dá voz àquela mulher que só conhecemos através do olhar masculino.

A Capitu imaginária fala sobre si e sobre Leninha, a mãe de Ana, e ajuda a menina a compreender as atitudes, escolhas, medos e os desejos de mulheres que sofrem com ciúmes, desconfiança e abusos presentes em relacionamentos tóxicos. Além disso, a improvável ligação entre elas serve à menina, que está entrando na adolescência, como um rito de passagem para o universo feminino adulto, em que ela começa a entender o que significa ser mulher num mundo narrado por homens.

A proposta da autora, Carla Faour, é promover um olhar sensível sobre prevenção, conscientização e empoderamento, levando ao palco histórias e realidades da violência doméstica, criando um espaço seguro para diálogo, despertando empatia e construindo uma cultura de respeito e igualdade. “Se o assunto é muito duro e pesado, preferimos falar de forma lúdica, criando um universo simbólico e poético, mas sem perder a urgência do debate sobre violência contra a mulher”, destaca.

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