Primeira Mão - 19/11/09

UMA ESTRANHA DEMOCRACIA, ONDE
QUASE TUDO SE DECIDE NOS TRIBUNAIS

Teoricamente, a democracia plena mostra-se quando as coisas importantes são decididas pelo voto. Essa é parte da verdade. Na democracia, o Judiciário também tem papel importante. É nele que se tem a segurança de que o regime legal está garantido. No Brasil, contudo, essa verdade acaba perdendo para a realidade, na medida em que as decisões deixam de ser da maioria dos cidadãos e passam a ser apenas dos tribunais. Se fosse exceção, até se entenderia. Mas, cada vez mais, as sentenças ora a favor, ora contra e ora muito antes pelo contrário, que a série interminável de recursos permitidos pela legislação oferece, transformam-se em sintoma de que, ao menos na democracia brasileira, alguma coisa está deformada. Não se entende como uma decisão de hoje é revogada amanhã, volta a valer na semana seguinte para cair na outra. O número de exemplos é enorme. Mas basta se pegar um. Os plebiscitos para a emancipação da região da Ponta do Abunã e de e São Miguel e Nova Brasilândia já haviam sido decididos, autorizados, organizados. Tudo pronto para ser decidido no voto. Foi? Não foi. O TSE, que analisou recursos mudou tudo, na última hora. E pode mudar tudo de novo, nos próximos dias. E depois pode mudar de novo. E ainda tem o Supremo, onde tudo pode acontecer.

Será que foi essa a democracia plena que planejamos? Será que está certo assim, com as decisões da população não valendo e as complexas e muitas vezes conflitantes decisões judiciais dando os rumos em tudo? É de se pensar, pelo menos.

FALANDO GROSSO

Confúcio Moura anda fala grosso com o PT, dizendo que se o partido quiser aliar-se ao PMDB, só indicando o vice. Já o prefeito da Capital, Roberto Sobrinho, ao falar sobre o tema tem sido muito mais comedido. Disse ter certeza de que, mesmo se for no segundo turno, peemedebistas e petistas estarão juntos. 

BOLA CHEIA

A história se repete todos os finais de semana. Onde quer que vá, visitando as comunidades, o governador Ivo Cassol é recebido com festa pela população. Em algumas localidades, a recepção é parecida com o que o povão dá a ídolos da TV. E não é exagero. No meio do povo, Cassol está com a bola cheia. 


CARTAS MARCADAS

Nos bastidores da política, sabe-se que o senador Acir Gurgacz estaria tentando aproximação com partidos de oposição ao governo do Estado. A dificuldade que está tendo, ouve-se, é que ele já vem com cartas marcadas. Só aceita parceria se não precisar recuar um passo no que já decidiu para si e para seu partido. Daí,fica difícil... 


OTIMISMO

Quem anda comemorando também apoios na região da Capital, Candeias e até em algumas áreas do interior é o deputado federal Lindomar Garçon. Candidatíssimo à reeleição, o prestígio de Garçon tem crescido em alguns setores, como no do funcionalismo, até por sua atuação no caso da PEC da Transposição. O representante do PV anda otimista com 2010... 


ASSIM NÃO DÁ!

O deputado estadual Valter Araújo estava uma arara esta semana. Um dos líderes do movimento de emancipação da Ponta do Abunã e do distrito de São Miguel, que quer passar a pertencer a Nova Brasilândia, o parlamentar anda queixoso porque nos dois casos o TSE suspendeu as votações previstas. 


CORTOU O BARATO

Tudo estava pronto para o plebiscito na Ponta do Abunã quando o Ministério Público entrou na jogada e foi ao TSE, onde conseguiu liminar para que a votação na acontecesse. De novo, no último final de semana, quando tudo estava certo para o plebiscito em São Miguel e Brasilândia, o TSE cortou o barato na última hora. 


TESTE CARDÍACO

Partidários do governador Ivo Cassol, torcendo por ele no caso do julgamento do TSE, estão tendo testes cardíacos todas as semanas. Pela terceira vez consecutiva, o caso não foi adiante. Os mais otimistas já acham que isso pode ser um bom indício de que o resultado será positivo para Cassol. A sério, ninguém vê ligação de uma coisa com a outra. 


SORTE

Na verdade, mais um adiamento é mais tempo que Cassol ganha. Quanto mais demorar o julgamento, melhor para os planos do governador, que já está preparando sua saída em abril, para concorrer ao Senado. Por enquanto, o quadro indica que a sorte está ao lado do governador rondoniense. 


NÚMERO 100

No último domingo, foi registrado o centésimo assassinato na Capital. Sintomático: foi outro jovem, esse de 18 anos, executado a sangue frio com um tiro na nuca, bem perto do centro da cidade.Já são 12 mortes a mais que todo o ano de 2008. O crime continua em alta, em Porto Velho. 

Fonte: Sergio Pires - [email protected]  
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