Primeira Mão - 06/02/10

A QUESTÃO DOS GAYS: TEMA DO MOMENTO E
HIPOCRISIA QUE CONTINUA VIGORANDO NO BRASIL

Frase de um general transformou o assunto como se nada de mais importante estivesse acontecendo no país

Do nado, surge mais uma grande confusão. Ela saiu de uma participação do general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, indicado ao Superior Tribunal Militar, numa sabatina comum no Congresso. Bastou que ele afirmasse que nas Forças Armadas os gays não teriam respeito da tropa para que o mundo viesse abaixo. O ex-sargento Fernando de Alcântara Figueiredo, que saiu do Exército depois de ter assumindo publicamente um “casamento homossexual” com outro oficial, protestou com veemência. Grupos gays anunciam mobilização contra o general. A OAB emitiu nota dizendo que a posição do militar de alta patente é absurda e lamentável. Um pronunciamento da senadora Fátima Cleide, do PT de Rondônia, defensora dos gays e outras minorias, está sendo aguardado, se é que ela já não o fez. De uma hora para outra, a indicação do general Raymundo para a corte militar se transformou num claro confronto de forças com ideologias antagônicas. O assunto é dos mais polêmicos e até hoje, por exemplo, causa um racha nas Forças Armadas americanas, onde o ingresso de gays está oficialmente proibido desde 1993 mas a legislação pode ser revista no governo Obama.

Parece que nada é mais importante, hoje, no país, do que a discussão sobre esse assunto, como se fosse o único importante na vida nacional. Enquanto isso, a hipocrisia que cerca a questão dos homossexuais vai continuar por décadas, não importam as leis que existam. Em público, temeroso de ser chamado de preconceituoso, o brasileiro comum cuida com o que fala sobre o tema. Da porta para dentro, em pequenos grupos, nada mudou em relação aos gays, que continuam sendo motivos de achaque e brincadeiras de mau gosto, quando não coisas piores.

UM LÁ E OUTRO CÁ

O governador Ivo Cassol está com um olho voltado para a eleição de 2010 e outro na continuidade dos projetos de governo. Foi a Brasília, essa semana, atrás de recursos federais inclusive para combate à dengue. Mas não deixou de “espiar” como andam seus futuros adversários. Muitos deles estavam na comitiva na Capital Federal. 

CAMINHO DAS PEDRAS

Cassol está bem informado sobre o que anda acontecendo na cabeça do futuro eleitor rondoniense. Teve acesso a várias pesquisas de consumo interno, que podem lhe apontar o caminho das pedras para chegar ao Senado e eleger parceiros. O que ainda não se sabe é até que ponto somente estas as pesquisas vão influir em suas decisões futuras. 



PREFERÊNCIA

Por falar nelas, as pesquisas, que agora só podem ser feitas com autorização e controle do Tribunal Regional Eleitoral, há uma clara indicação de que Cassol seria eleito, caso o pleito fosse hoje, de governador a inspetor de quarteirão. Para o Senado, estaria bem à frente dos demais concorrentes. 

APOIO TUCANO

O ex-senador e agora candidato do PSDB ao Governo do Estado, Expedito Júnior, anda prestigiado pela cúpula nacional tucana. Já conversou com José Serra, provável candidato à Presidência pelo PSDB e esta semana esteve com Geraldo Alkmin, um dos principais nomes do partido no país. O PSDB tem garantido aval ao nome de Expedito, no Estado. 



DÚVIDAS NA MESA

O que fazer quando a proposta de ilegalidade vem de dentro o governo? Esta é a dúvida dos produtores rurais de Rondônia, que consideram a proposta embutida no decreto de defesa dos direitos humanos, impedindo a intervenção da Justiça nos casos de invasão de terras, um ato hospital a quem produz a riqueza no campo. 



ALTERNATIVAS

Em Rondônia, uma reunião marcada para a próxima terça-feira à noite, dia 9, vai tratar deste tema. Representantes de entidades e produtores do Estado se reunirão em Porto Velho, para discutir a questão e buscar alternativas que possam combater o ato governamental. O encontro será num restaurante, na esquina das ruas Afonso Pena com Júlio de Castilhos, centro da cidade. 



KÁTIA

O presidente da Associação dos Proprietários Rurais (APPRO), Sebastião Conti Neto, quer também organizar um encontro em breve com a presença da senadora Kátia Abreu, que também é presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Na pauta, principalmente, o mesmo tema. 



BRIGA FEIA

Começou uma batalha de palavras – tomara que fique só nisso – entre a Advocacia Geral da União (AGU) e o Ministério Público Federal de Rondônia e do Pará. A AGU criticou duramente em nota a ação dos procuradores, que estariam ultrapassando seus limites dentro do processo legal em relação às tentativas de obstruir as obras da hidrelétricas de Porto Velho e Belo Monte, no Pará. 



RESPONDEU

O procurador geral, Roberto Gurgel, emitiu nota dando resposta também à altura das críticas recebidas. Chegou a dizer: “no cumprimento da referida missão constitucional, não é possível ao Ministério Público, como gostariam muitos, excluir da sua atuação determinados atos em razão da sua relevância, por mais justificada que seja, para políticas governamentais”. A coisa enfeiou! 

Fonte: Sergio Pires - [email protected]  
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