Sábado, 20 de dezembro de 2025 - 08h05

Tem quem chame de dezembrite, sofra mais do que
Papai Noel dentro daquela roupa quente. Quem sinta alívio. Tem quem não pense
em outra coisa senão sumir. Quem comece a correr para fazer tudo o que não fez
durante o ano. Tem quem, inclusive, jogue no colo e transfira isso a outros,
sem corar. Aqui sobra um turbilhão de sentimentos. E os pererecos que vão
saltitando até os próximos meses.
O resultado final desses dias é sempre doido, muitas vezes
ainda mais cansativo, ansioso. A azáfama, o corre-corre nas ruas, nos olhares,
nos planos. Ano que vem tem mais, sempre. É balanço para tudo quanto é lado,
inclusive nos encontros e festas e confraternizações que aparecem, agora
espalhados em fotos pelas redes sociais. Amigos e inimigos secretos trocando
presentes. O país chacoalhado igual maraca. O mundo esperando a virada, agora a
que cuide da loucura que está sendo acompanhar e sentir na pele as crises e
mudanças climáticas, além da insanidade de alguns de seus líderes.
Ficar – ao menos tentar - longe de tudo isso não é nada
fácil. Deveria mesmo me distrair mais com a doideira dos outros. Mas esta não é
decididamente a minha época preferida. Traz, no meio de tudo, lembranças
estranhas, adoraria controlar, e sempre de outros anos dessa vida na mesma
época. Emoções à flor da pele, períodos vividos em hospitais, em anos
diferentes, cuidando de pai e mãe em seus últimos momentos, tendo de tomar
decisões bastante difíceis. Perda de amigos importantes. Consciência de
relacionamentos desgastantes. Por outro lado, o bom é que adoro a passagem de
ano, as esperanças, mesmo que vãs, o verão, o calor e os primeiros meses que
sempre dão uma refrescada, ainda que grudada por aqui e continuamente sonhando
com praias desertas e distantes.
Mais um ano passando, esse foi bom dentro do possível. Uma
parte desse inventário de vida mais encaixado, assimilado. Assim é. Seguindo.
Preparando o espírito para 2026 que aí a gente vai assistir aos pererecos
nacionais, com as eleições por aqui se adiantando desde já. Aguardando quais
serão as novas medidas, magras, se depender da quantidade de pessoas se picando
com as tais canetas e jurando que emagrecem só por atividades físicas e novos
hábitos de alimentação. Acompanhando os fatos, buscando descrevê-los da melhor
forma.
Por exemplo, a Polícia Federal, por sua vez, quase uma
operação pesada por dia, vai – creio – logo precisar abrir uma concessionária
de carros de luxo, todos os modelos e cores, apreendidos, expostos com orgulho
em seus pátios. Além daquelas mesas arrumadas para fotografia, cheias de armas,
drogas, relógios, joias, dinheiro vivo. Estranho é que quanto mais se procura,
depenam corruptos e influenciadores do mal, mais descalabros aparecem.
Adoraria não ter mais de ouvir aquele nome e sobrenome,
chato, mas a familícia já se adiantou, uma praga. Os repetecos também já
aparecem, além dos conflitos sem fim entre os poderes, um pinicando e
fustigando o outro, fazendo e desfazendo, como se Medeias modernas fossem.
Enfim, o horizonte de 2026 dependerá mais uma vez de nossa
resiliência. Aproveito e agradeço a todos por mais um ano em contar com a
leitura gentil, apoio e estímulo. Prometo continuar com coragem e olhos bem
abertos, registrando o cotidiano de nossos tempos. Os pererecos nossos de todos
os dias.
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MARLI GONÇALVES – Jornalista, cronista, consultora de
comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom
para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na
Amazon). Vive em São Paulo. marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
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Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)
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