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Lucio Albuquerque

Tancredo – o presidente que nunca foi - I



Terça-feira, 15 de janeiro de 1985. O senador Moacyr Dalla (PDS/ES) presidindo a sessão do Congresso, anuncia o resultado da votação na disputa pela Presidência da República – com a vitória do mineiro Tancredo Neves contra o paulista Paulo Salim Maluf, eleição contra a qual o PT se insurgiu e que gerou na expulsão dos deputados Ayrton Soares, Bete Mendes e José Eudes porque eles foram e votaram.

O voto que passou a régua a favor do nome de Tancredo foi do deputado paulista João Cunha, PMDB, que, ao votar, proclamou: “Tenho a honra de dizer que o meu voto enterra a ditadura funesta que infelicitou a minha pátria.” O curioso é que o vice eleito era ninguém menos que José Sarney, senador maranhense que, conforme alguns, teria ganho o posto de vice por pressão dos militares.

Da votação indireta participaram 688 eleitores, um colégio composto por deputados federais, senadores e delegações indicadas pelas Assembleias Legislativas, e meses antes dela o partido da base aliada, o PDS, já havia se dividido em dois grupos, um deles organizado

Mas a eleição poderia ter sido direta, se em abril de 1984 tivesse sido aprovada a Emenda Constitucional apresentada pelo deputado matogrossense Dante de Oliveira, rejeitada depois de uma imensa mobilização nacional que ajudou a projeta ao país, ainda que como coadjuvante, o líder metalúrgico Luiz Inácio Souza da Silva, que depois agregou o apelido Lula.

Para o regime iniciado em 1964 a não aprovação da emenda Dante de Oliveira foi uma espécie de Vitória de Pirro – que ao final representa derrota para quem ganhou. A semente plantada pelo movimento popular cunhado Diretas Já não acabou quando muitas pessoas, abraçadas à Bandeira do Brasil choravam, na noite em que a proposta foi rejeitada, muitas de tristeza, outras de ódio.

Menos nove meses depois, ainda que por via indireta, o ex-primeiro-ministro Tancredo Neves foi ungido pelo eleitor indireto presidente da República – cargo que ele nunca exerceria em razão de uma misteriosa doença que o prostrou na véspera da posse, o que abriu um enorme leque de citações sobre uma palavra até ali praticamente desconhecida, diverticulite.

Mas até chegar ao momento em que a sessão foi instalada no Congresso Nacional, houve vários acontecimentos envolvendo desde o Palácio do Alvorada, onde o presidente João Figueiredo brandia frases do tipo prefiro cheiro de cavalo do que cheiro de gente ou, então, prendo e arrebento quem for contra a abertura. Na convenção do PDS o candidato do Palácio era o então ministro do Interior Mário Andeazza, e de outro lado estava o ex-governador paulista Paulo Maluf.

Maluf ganhou a corrida, e isso fez com que muitos filiados ao PDS aderissem à outra candidatura, de Tancredo Neves, que fora um dos líderes da Diretas Já!, e que, estranhamente, tinha como vice ninguém menos que José Sarney, um dos maiores apoiadores do regime militar.

Sobre essa adesão o jornalista Orlando Brito, revista Veja, teria ouvido de João Figueiredo: “O danado saiu do meu gabinete e voltou para o Congresso, se desligou do PDS e também de qualquer compromisso conosco e se acertou com o Tancredo. Foi muito vivo. Por conhecê-lo, eu não esperava que fosse ser tão astuto. E foi. Virou vice da candidatura do doutor Tancredo.”

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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