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Lucio Albuquerque

Minha Copa do Mundo inesquecível


            A “minha Copa do Mundo inesquecível” foi a de 1954. Não que eu me ligasse com futebol. Na nossa casa, no Beco do Macedo (hoje Bairro Nossa Senhora das Graças), não tinha luz elétrica ou rádio. Estudávamos no Grupo Escolar Plácido de Castro, onde depois funcionou o curso de Odontologia da Universidade do Amazonas.

Eram dois quilômetros de casa à escola, passando por detrás do cemitério São João Batista o por dentro do cemitério onde pitangueiras e mangueiras eram atrações contínuas. Num dia, passando pelo cemitério, o (creio que) coveiro estava chorando. Perguntamos a razão e ele contou que o Brasil havia sido eliminado pela Hungria. Naquele tempo nem era feriado quando “a pátria de chuteiras” jogava e nós fomos para a escola, onde nem se falou de Copa do Mundo.

            AS COPAS INESQUECÍVEIS DOS OUTROS

Na semana passada pedi a algumas pessoas que escrevessem qual fora a sua “Copa inesquecível”. Os relatos, alguns sintetizados, vão a seguir:

Sérgio Pires, jornalista, programa “Papo de Redação”, “Candelária em Debate” e é colunista do site gentedeopiniao.com.br.

“De todas as Copas, a que mais vibrei, chorei e fiquei encantado com o futebol, foi a do tricampeonato que ganhamos em 70. Primeira vez ao vivo pela TV. Primeiro time só de estrelas. Primeiras lágrimas de alegria pela vitória. Só de ver Pelé, Rivelino, Gerson, Tostão e todos os outros, mostrando um futebol imortal e jamais repetido, valeu a pena. Desde criança, na verdade, em todas as Copas a que assisti ou ouvi no rádio, como as de 62 e  66, sempre me emocionei. Só detestei a de 94, quando ganhamos com um time medíocre. Mas, afora essa, todas as demais foram encantadoras, cada uma com suas particularidades, derrotas e conquistas. Nelson Rodrigues nos apelidou de Pátria de Chuteiras. Agora, já envelhecido, estou calçando as minhas, embora virtuais, para continuar dando chutes em apoio à Seleção. Que é a nossa Seleção, seja do povo brasileiro e não seleção de eventuais governantes ou poderosos de plantão!”

Samuel Castiel, médico, poeta, membro da Academia de  Letras de Rondônia.

                                    Minha Copa do Mundo inesquecível - Gente de Opinião

                                      Samuel: a copa de 1950 deixou mascas maiores

“Das Copas de Futebol promovidas pela FIFA, recordo-me do choro que até hoje ecoa, quando o Brasil perdeu para o Uruguai, dentro do Maracanã. O Brasil, embalado pela excelente campanha, pelo apoio da torcida, pela liderança e pelo elenco vitorioso, abriu o placar aos 47 minutos com gol de Friaça. O Uruguai, dezenove minutos depois, empatou a partida com Schiaffino. O empate daria o título do campeonato aos brasileiros. Entretanto, aos 79 minutos, Ghiggia virou o placar para os uruguaios, dando o segundo título ao Uruguai. Esta partida é considerada uma das maiores decepções da história do futebol brasileiro”.

Paulo Cordeiro Saldanha, advogado, empresário, romancista, presidente da Academia Guajaramirense de Letras e membro da Academia de Letras de Rondônia. A seguir, uma síntese de coluna publicada a 29 de maio de 2010 no site gentedeopiniao.com.br, “A copa de 1958”.

 “Os homens tensos ao redor dos aparelhos, alguns já transistorizados, ouviam em silêncio e sofriam calados curtindo as frases dos locutores, transferindo mentalmente força e energia aos heróis nacionais nos campos suecos. Só os mais velhos podiam comentar sobre o desenrolar das contendas. As unhas da meninada eram cortadas com os dentes afiados sempre que o adversário chegava perto da área verde-amarela”.

Saldanha lembra que após a Copa o presidente JK anistiou todos atletas de futebol que estivessem punidos. Um deles era o atacante da seleção rondoniense Simão Salim (hoje advogado e poeta), punido por um ano como castigo por ter, “sem querer querendo”, meses antes dado um murro na boca do árbitro Pedro Eleutério”.

Montezuma Cruz, jornalista, escritor.

“Na Copa de 1958 eu era menino e, no meio da multidão de uma cidadezinha pequena, ouvia falar do jovem Pelé, Bellini, Djalma Santos, Zózimo, Gilmar, Nilton Santos, Vavá, Garrincha e outros valorosos campeões do mundo. Em 1962, entraram para sempre em minha memória, os gols de Amarildo Tavares da Silveira contra a Espanha, no Chile. Em 1970, eu fazia jornal mimeografado num colégio de interior e vi o Brasil sagrar-se campeão na locução de Geraldo José de Almeida, na primeira transmissão ao vivo e em cores de uma Copa, pela TV. Com o colega Paulo César Guarnier, elaborei  uma edição extra de 500 exemplares do "Nosso Tempo", com aquele saboroso 4 x 1 contra a Itália”.

            Luiz Carlos Albuquerque, comerciário, escritor.

“Eu tinha quase seis anos em 1958. Não havia TV. A maior mídia era o rádio, por onde minha mãe ouvia os sucessos de Nelson Gonçalves, Carlos Galhardo, Francisco Alves e outros. E não perdia um capítulo das radionovelas longas e melosas, com muitas lágrimas do início ao fim. Nunca joguei bola. Na infância, só conseguia jogar num time quando era o “dono da bola” ou quando o jogo era no terreiro lá de casa. Já adulto, sempre que arrisquei uma “peladinha” dei o maior vexame, mesmo que tenha feito um gol (isso mesmo, só um!), e ainda “de banheira”.

“A coisa que me marcou era ver meu pai, nervoso, acompanhar os jogos roendo as unhas e, quando não as tinha mais, roia os cantos dos dedos até ficarem em carne viva.  Uma loucura! Mas valeu a pena. Na final, o Brasil bateu os donos da casa, a Suécia, por 5 a 2, ganhando sua primeira Copa do Mundo. O BRASIL FOI CAMPEÃO!

(do livro inédito “Contos Reunidos” pág. 58)

Lúcio Albuquerque, repórter

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* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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