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Lucio Albuquerque

Mérito Rondon revalorizado


Mérito Rondon revalorizado - Gente de Opinião

Poucas vezes em seus quase 50 anos de existência pode ter havido tanta emoção, e concessão por mérito, numa cerimônia de outorga da Ordem do Mérito Marechal Rondon, como aconteceu na manhã de terça-feira, dia 10, no clube Boinas Rajadas, em Guajará-Mirim, quando 9 personalidades, duas delas post-morten e duas entidades, uma pública e uma privada receberam as comendas perante uma plateia de quase 250 pessoas.

Mas, qual o motivo da afirmação do diferencial entre o que aconteceu nessa terça e o que ocorreu antes? Para entender é preciso retornar à história da própria comenda, iniciada em 1965 pelo governador Cunha Menezes, honraria cujo objetivo era premiar o serviço prestado , premiar o mérito.

Instituída em 1965, a Ordem do Mérito Marechal Rondon era entregue sempre no dia do aniversário do patrono do Estado, 5 de maio, mas o governador Jorge Teixeira, e os seguintes, passaram a fazer o agraciamento dia 22 de dezembro, data de criação do Estado. No entanto, durante os Governos Cassol/Caula houve um desvirtuamento tão grande que gerou protestos das duas entidades não governamentais do Conselho da Ordem, a Academia de Letras de Rondônia e o Instituto Histórico e Geográfico, o que levou a uma mudança de direcionamento para conferir a comenda realmente pelo que diz seu próprio título, o mérito.

Ainda no dia 17 de fevereiro de 2011, em ofício entregue ao então chefe da Casa Civil Ricardo Vieira, a ACLER e o Instituto citavam “É fundamental para o nosso Estado que a Ordem do Mérito Marechal Rondon retorne a ser entregue por mérito, daí estarmos vindo a V. Excia. solicitar sejam tomadas medidas capazes de retomar a seriedade que os idealizadores da comenda, ainda à época do Território, imaginaram, a mesma seriedade que qualquer cidadão neste Estado pretende que seja tratado aquilo que representa a nossa História”.

O ofício foi reencaminhado, agora ao novo titular da Casa Civil, Juscelino Moraes que assumiu o compromisso de retornar o mérito como conceito único para a concessão. E a decisão de realizar a entrega no dia 10 de abril foi uma excepcionalidade porque a cerimônia fez parte das comemorações do centenário da ferrovia Madeira-Mamoré. Para quem olhar da escolha dos agraciados, verificará facilmente que a comenda está voltando à grandeza e à valorização que tinha antes.

Se forem observados um a um os agraciados, todos, sem qualquer distinção têm méritos que justificam a concessão. As duas entidades foram o 6º Batalhão de Infantaria de Selva, há 80 anos formando cidadãos na fronteira, pelo seu comandante coronel Luiz Vaz Barbosa e a Irmandade do Senhor do Divino Espírito Santo, há mais de um século unindo as famílias da fronteira, dos dois lados do Rio Guaporé, pelo seu presidente Dionízio Faustino. Receberam o historiador, poeta e jornalista Matias Mendes, fundador da Academia de Letras de Rondônia; o pesquisador e cientista Cláudio Furlanetto; o líder comunitário Francisco Assumpção, presidente da Asfag; o advogado e poeta Simão Salim; o gráfico René Soto; o funcionário público Rubens Cruz Rodrigues; a professora Izabel Assunção, que lecionou em escolas do Rio Guaporé e de Guajará-Mirim durante mais de 40 anos e o também funcionário público com mais de 60 anos de serviços prestados Wilson Fernandes. Post-morten a professora Estela Casara, mestra de muitas gerações e crianças e adolescentes e o pioneiro de Vila Murtinho e depois de Nova Mamoré João Sebastião Clímaco, nos dois casos as famílias representadas.

Quem esteve presente à cerimônia não deixou de ser enlaçado pela emoção. Primeiro porque a comenda toma agora um direcionamento do qual estava afastada e, segundo, porque por detrás de cada um dos homenageados está a própria história daquela região, da contribuição que cada um individualmente ou, como entidade, tem prestado para a Educação, a cidadania, a cultura e a ciência. A expectativa é que a cerimônia de terça-feira seja um divisor das águas e o retorno ao respeito que a mais importante comenda estadual deve merecer, inclusive dos eventuais governantes.


 

DATAS DE RONDÔNIA

(de 13 a 15 de abril)

Dia 13 – Em 1960 – O navio Rio Tubarão ancora em Porto Velho trazendo equipamentos pesados e uma turma de operários para abrir a BR-29, atual BR-364 (Paulo Nunes Leal, O Outro Braço da Cruz).

Dia 15 – Em 1917 – O jornal O Município, primeiro do gênero a ser impresso em português em Porto Velho, deixa de circular e em seu lugar é editado o jornal Alto Madeira (Lúcio Albuquerque, Da Caixa Francesa à Internet, Um século da Imprensa em Rondônia)

Dia 15 – Em 1970 – Portaria assinada pelo ministro das Minas e Energia Dias Leite proíbe a continuação da garimpagem manual de cassiterita em Rondônia e autoriza só a retirada mecanizada (Jornal O Guaporé).

Inté outro dia, se Deus quiser!

Fonte: Lúcio Albuquerque
Repórter / Membro da Academia de Letras de Rondônia
Membro da Academia Guajaramirense de Letras

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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