Sábado, 23 de agosto de 2014 - 11h29
JANTAR DOS SENADORES
O livro Jantar dos Senadores, de minha autoria, em fase de impressão, sobre a política rondoniense de 1912 a 1998. O resumo a seguir faz parte do capítulo sobre o ex-governador Jerônimo Santana.
JERÔNIMO SANTANA
Em maio de 2006, em sua casa no Lago Sul, juntamente com os jornalistas Mara Paraguassu, José Carlos Sá e Montezuma Cruz, entrevistei o ex-deputado federal (1971/1983), ex-prefeito de Porto Velho (1985/1989) e primeiro governador eleito do Estado (1987/1991). Com sérios problemas de saúde que muitas vezes impediam que se fizesse entender, Jerônimo Garcia de Santana, o Doutor Bengala, continuava com a mesma acidez ao falar sobre políticos locais, e demonstrando uma contínua ligação com Rondônia aonde ele chegou na metade da década de 1960 assumindo logo o comando do MDB e tornando-se, sem qualquer dúvida, a mais forte liderança do período final do Território.
Ele vivia modestamente, doente e praticamente esquecido dos amigos e dos que o endeusavam quando estava são e no poder. Mas mesmo doente, usava a internet, lendo muito e se mantendo bem informado sobre a atuação da bancada federal rondoniense, um grupo que não tem coragem de lutar em defesa de Rondônia e que aqui(em Brasília) só vota e diz sim ao Governo, disse, denotando a mesma força, nas palavras, de quando era são e tinha mandato na mão, ainda que as marcas de um forte AVC tornem difíceis até mesmo entender o que dizia.
Jerônimo pareceu voltar no tempo quando pedi que definisse a figura do Território, da mesma forma como pedi 30 anos antes numa entrevista que ele me concedeu, sentado numa rede no Hotel Floresta (hoje sede do TRT em Porto Velho). Território era como uma cobra, cujo corpo estava lá e a cabeça aqui (em Brasília), disse Jerônimo, agora um político aposentado, na sala de sua casa, no Lago Sul, em Brasília, deslocando-se em uma cadeira de rodas, parte do corpo semi-paralisada, a barba por fazer e dificuldade para falar, mas com o mesmo raciocínio rápido.
Ele contou: Logo depois de chegar a Porto Velho, então uma cidade de pouco mais de 50 mil habitantes. Assumi o MDB. E nas andanças que fazia nas cidades e grotões do então Território nunca dispensei a crítica aos sucessivos governos, coronéis desempregados que iam para Rondônia, rememorando frase que dizia sempre quando discursava na sua época áurea.
O Dr. Bengala ganhou aquela primeira disputa e já num dos meus primeiros discursos na Câmara Federal defendi a necessidade de Rondônia passar a Estado, porque como Território nós éramos um simples departamento de terceiro escalão do Ministério do Interior. Qualquer burocrata do Minter mandava mais em Rondônia do que o governador e o coronel comandante do 5º BEC mandava mais ainda.
Aqui pode ser agregada uma frase solta durante a entrevista: Ainda hoje, para muitas autoridades neste país, Rondônia não passa de um grande Território Federal, tudo porque nossos representantes parece ter medo de defender nossa terra.
Na época do Território e até quando fui governador, para nós tudo era difícil. A gente sempre estava remando contra a maré, mas não desistimos nunca. Ele recordou sua atuação na crise gerada pela portaria imposta pelo ministro Dias Leite, das Minas e Energia, em 1970, proibindo a atividade garimpeira manual de cassiterita, o que gerou enorme caos sócio-econômico no Território. “Eenquanto a gente enfrentava a Polícia (na época Guarda Territorial), o governador era localizado por jornalistas aguando plantas ao lado do Palácio Presidente Vargas.
Se hoje, com a bancada de oito deputados federais e três senadores, eles dizem que é difícil conseguir alguma coisa para Rondônia, imagine naquela época que eu era sozinho numa multidão de parlamentares e sem apoio de ninguém. Muito pelo contrário, os governadores sempre trabalharam contra todo projeto que eu apresentava e ainda mais porque havia sobre a nossa cabeça o AI-5(Ato Institucional número 5 que cassava direitos políticos e impedia concessão habeas-corpus, dentre outras coisas).
O Dr. Bengala fez outra volta ao passado. Eu era o único deputado, ficava sozinho, implorando, pedindo a favor de Rondônia, contra a má vontade da Arena que fazia o que o Governo (Federal) queria. Até hoje não sei como não fui cassado em várias ocasiões.
E para se comunicar com o eleitorado do Território, desde seu primeiro mandato Jerônimo Santana criou um boletim informativo de suas ações, material impresso em preto e branco, deixado religiosamente a cada 15 dias em escritórios, lojas, repartições públicas e residências. Era o Jornal do Deputado cujas matérias, às vezes, eram aproveitadas pelos veículos de comunicação locais.
Lúcio Albuquerque
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