Quarta-feira, 14 de novembro de 2018 - 12h05
Para piorar, as Forças Armadas não abriram seus arquivos, além de afirmarem que muitos foram destruídos. Nem sequer é considerada a possibilidade de reconstituição dos autos, instrumento importante para resgatarmos os feitos e descobrirmos quem são os responsáveis pelas violações cometidas contra civis e opositores políticos na época da ditadura.
Quando a retomada da democracia se dá por uma via de esclarecimento e responsabilização dos culpados, o resultado é o fortalecimento da sociedade e dos mecanismos, institucionais e legais, que combatem a volta de regimes totalitários. Isso impede que novas violações sejam cometidas impunemente. Casos na América Latina, como no Chile e na Argentina, mostram a importância do direito à memória e à reparação.
Abrir os documentos, revisar a estrutura das
instituições e responsabilizar os culpados são fatores que contribuem para uma
visão mais esclarecida da sociedade em relação à sua própria história. São
medidas que ajudam a combater visões equivocadas, que parte dos entusiastas da
ditadura possui até hoje.
Tomemos a estrutura da polícia militar como
exemplo: a própria Comissão Nacional da Verdade recomendou, em seu relatório
final, que houvesse a desmilitarização das polícias em geral. O que aconteceu
desde então? Houve recrudescimento em diversos casos, como o armamento de
guardas municipais pelo país. A militarização das polícias traz consigo um sem
número de normas que são nocivas à democracia, tais como: proibição do direito
à greve; fortalecimento de políticas de repressão e combate; investimento em
armamento pesado; durezas da hierarquia militar. Essas características não
contribuem para resolvermos o problema da violência no Brasil.
É importante dizer que nenhum governo desde a
redemocratização foi o ideal no âmbito de implementar uma justiça de transição
e de estabelecer o pleno direito à memória. O Brasil segue tímido quanto à
possibilidade de abrir seus arquivos, de esclarecer sua história recente:
nossas conquistas e descobertas sempre vieram a duras custas, com poucas
verbas, ações capitaneadas por familiares, com pouco apoio.
Desde 1989, nenhuma gestão apoiou
integralmente as políticas de transição: todas tiveram cautela para não
“desagradar” pessoas intimamente ligadas à repressão durante a ditadura;
pessoas que mantiveram sua influência nos rumos do país, em muitos casos. Esse
cenário resulta nas brechas para que graves retrocessos possam acontecer, como
vemos atualmente.
Qual o papel do Superior Tribunal Federal
nesse cenário? E a relevância da Lei de Anistia?
O Judiciário tem sido omisso e não respondeu à
altura nesse tema, chancelando culpados por violações ao fazer uma leitura
equivocada sobre a Lei de Anistia [de 1979].
Em 2010, o STF decidiu pela possibilidade de
aplicação da lei de anistia em favor de agentes da repressão mesmo em
processos, casos e inquéritos relativos aos chamados “crimes de sangue”. Desde
então, mesmo após a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH),
o STF não reviu sua posição [nota: em 2011 o Brasil foi condenado por não
investigar os crimes cometidos contra civis e militantes durante a Guerrilha do
Araguaia; a sentença do chamado caso Gomes Lund foi decisiva para a criação da
Comissão Nacional da Verdade]. Atualmente, há pelo menos 38 ações judiciais e
100 inquéritos criminais parados, impedidos de prosseguir por conta dessa
decisão do Supremo. Há alguns anos tive reuniões com ministros da corte para
debater sobre a necessidade de revisão da Lei de Anistia: me foi dito que o
mérito não seria relatado. Isso é um problema grave para combater o
esquecimento sobre o tema imposto à população.
*Caio Paes é jornalista.
Projeto Conectando Periferias leva cultura hip-hop a escola no Orgulho do Madeira
Evento destaca a música rap com shows de artistas do Acre e diferentes cidades de Rondônia, além de palestra do renomado rapper Eduardo TaddeoO pro
Izabela Lima lança músicas do EP autoral que celebra 25 anos de carreira
Já está disponível em todas as plataformas digitais de música a primeira das cinco faixas do EP CANTO EM MIM, primeiro trabalho autoral da cantora
Izabela Lima fará pré-show de Lenine no Festival Povos da Floresta
A participação da artista antes do show do pernambucano Lenine, realça a essência do festival criado para conectar a diversidade cultural da Amazô
Novo clipe das Cunhãs – Meninas da Amazônia alcança 10 mil views em um dia
Lançado no domingo, 16, o segundo videoclipe superou as expectativas das Cunhãs – Meninas da Amazônia e da Produtora Onda, que fez as gravações em a