Sábado, 30 de julho de 2016 - 20h18
Ela estava penteando os cabelos no colégio de freiras em que vivia no regime de internato, quando ele tomou a iniciativa para a primeira abordagem.
Há meses trocavam olhares periféricos, pois ela só tinha 15 anos e o pai, era um português que seguia à risca os parâmetros da educação rígida em vigor no fim da década de 60.
Antônio esperou as férias e remou até a comunidade ribeirinha de São Pedro para pedir aos pais permissão pra namorar Maria.
O português gostou do pretendente e permitiu que com o devido ‘monitoramento’ da mãe e das irmãs, a mais velha pudesse iniciar o namoro.
Foram quatro anos de remadas no rio Madeira até o casamento, com muito rebojo nas idas e vindas.
Ele passou a trabalhar na administração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, ela a dar aulas numa escola ribeirinha em São Sebastião.
A vontade de casar não demorou dois anos, mas o pedido foi adiado porque Maria contraiu febre tifoide e teve que buscar tratamento em Manaus pela gravidade da doença.
No terceiro ano de namoro, estava tudo pronto para o noivado assim que Antônio terminasse a apresentação da peça teatral ‘O Cidadão do Inferno’ no Colégio Maria Auxiliadora.
A peça era sobre a Revolução Francesa e utilizavam armas de brinquedo na encenação, mas um adolescente pegou por engano a pistola calibre 22 de um ator que era policial e acertou Antônio no peito. Com medo de que ele não sobrevivesse, Maria noivou na presença de várias testemunhas na enfermaria do Hospital São José.
Ele sobreviveu e mantém a bala cravada próximo ao coração.
O quarto ano de namoro foi dedicado ao trabalho e à construção da casa onde iriam morar.
Com tudo pronto, vestido engomado e convites distribuídos, Maria recebeu a visita inesperada do noivo na madrugada de 10 de julho de 1966, no beiradão.
Um incêndio por causas desconhecidas destruiu em horas o que levaram anos para construir e faltavam só 20 dias para o casamento.
Depois de febre tifoide, tiro e incêndio acidental, Antônio e Maria estavam fortalecidos demais no amor para adiar novamente o casamento.
O tio do noivo, o amigo de todas as horas, Zé do Carmo, ofereceu a casa para celebrar o matrimônio. Os mais próximos doaram utensílios e eletrodomésticos e o casal foi morar por três meses num quarto cedido por um amigo.
A casa foi reerguida e os dois primeiros filhos nasceram, Lúcia e Marcelo.
Recém-casados, já haviam honrado o compromisso de lealdade na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza.
Com menos de quatro anos vivendo juntos, perderam Marcelo, o mais novo.
O trabalho e a chegada de outros três filhos os manteve unidos em prósperos anos, mas a vida ainda lhes reservaria outra provação dolorosa, a perda de Lúcia, aos 28 anos.
Aí, os netos e genros foram ocupando o vazio, mas jamais aplacaram a saudade dos filhos perdidos.
Hoje, 30 de julho de 2016, Antônio e Maria completam meio século de casamento, mais tempo de vida juntos, do que separados.
São meus pais.
Hoje vamos ler a poesia de número 50, pois todos os anos ele escreve uma para lembrar o enlace.
Hoje vamos contemplar um amor verdadeiro, sonho de todos os mortais, pesadelo de quem perdeu a fé na lealdade e no romantismo conjugal.
Hoje vamos dizer: obrigado pai, obrigado mãe.
Ser fruto de um amor tão pleno é uma honra.
O amor de vocês prende, inebria e entontece.
É fascinação, amor.
Luciana Oliveira
Jornalista
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