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Hiram Reis e Silva

Terceira Margem – Parte DCXLV - Mello, o Bravo!!! – Parte I


Mello, o Bravo - Gente de Opinião
Mello, o Bravo

Bagé, 29.09.2023 

[...] abdicando então à terra, precedeu-se ao desembarque no Bananal, antes do Sará e, desenvolvendo qualidades excepcionais de energia e espírito de ordem, que de pronto lhe asseguraram as regalias de completa força moral sobre aquela coluna de fugitivos, preparou-se para seguir pausadamente e com toda cautela pelos pantanais de São Lourenço em direção à capital Cuiabá. O que foi aquela terrível marcha durante quatro meses, por pauis quase invadeáveis, em solo sempre encharcado, cortado de fundos corixos, na estação mais rigorosa do ano, debaixo de contínuos aguaceiros, por lugares nunca transitados, sem guia, vencendo enormes distâncias e rios caudalosos, que todos deviam transpor, desde os mais fortes e impacientes até os mais débeis e retardatários, passa os limites da descrição. Só mesmo alma de herói, empenhada em sacrossanta missão. Sabia que, nada menos de 400 vidas, homens, mulheres, crianças e velhos, dependiam só e unicamente da sua serenidade e coragem e dessa convicção tirava recursos para encarar sem desfalecimento as mais cruéis e desesperadoras conjecturas. Também severíssima e meticulosa disciplina reinava naquela mísera coluna, a que se haviam juntado não poucos índios Terenos, Laianos, Quiniquináos e Guanás; e os castigos não eram poupados ao mais leve delito – caso de salvação pública. (TAUNAY, 1891)

Mello, o Bravo

(D. Francisco de Aquino Correia)

Quando, à frente do povo imenso e belo

De mulheres, crianças e anciões,

Que salvaras do exílio e do cutelo,

Através de cem léguas de sertões,

Entraste, como um Cid o mais singelo,

Na cidade a sorrir-te em mil festões,

A alma da Pátria sobre ti, ó Mello,

Vibrava em beijos, festas e canções.

 

Foi ela, pela mão de uma menina,

Quem, nessa fronte heroica e peregrina,

Pôs-te um nimbo de pétalas triunfais.

Mas, hoje, é a deusa rútila da Glória,

Que, do Panteão na cátedra marmórea,

Impõe-te a láurea em flor dos imortais!

***

Preza aos céus que o bom senso, e gratidão nacional, que hoje colhe neste continente do Império os frutos de vossos suores, não só bendiga a mão benéfica que lhe os liberta, como também recompense devidamente, um dia, tão valiosos quão relevantes serviços!

(Dr. José da Costa Leite Falcão)

***

Não poderíamos deixar de exaltar a excepcional figura do Tenente João de Oliveira Mello, destacando-se as qualidades de liderança, coragem e desprendimento, demonstrados anteriormente, mas reafirmados da desassombrada atitude, abandonando uma retirada segura, para reunir-se àqueles que necessitavam dele e guiá-los a seu destino: jornadas pontilhadas de tremendas dificuldades e perigos: imaginemos aquela marcha, através dos pantanais de Corumbá, São Lourenço e Cuiabá.
(General Breno Borges Fortes)
 

O Comandante das Armas, Cel Carlos Augusto de Oliveira, apoiado pelo seu Estado-maior, embarcou suas tropas no “Anhambahy”, no “Jaurú”, na escuna ar­gentina “Jacobina” e outras pequenas embarcações fugindo para Cuiabá abandonando covardemente a po­pulação local e soldados remanescentes à própria sorte.

O Tenente João de Oliveira Mello, se apresenta, então, voluntariamente, para conduzir os desprotegidos para Cuiabá. Foi uma penosa marcha de quatro meses, percorrendo quase 500 km, conduzindo militares, civis, idosos, mulheres e crianças enfrentando todo o tipo de privações por uma rota desconhecida e cheia de obstáculos. Quando Mello e sua maltrapilha e famélica multidão chegaram à capital da Província fo­ram recepcionados entusiasticamente pelo Presidente da Província, diversas autoridades políticas e eclesiás­ticas e uma considerável massa popular.

A Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) N °14 reproduz, no ano de 1927 (Tomos XVII e XVIII) o Relatório do Tenente Mello:

RIHMT n° 14, 1927 - Gente de Opinião
RIHMT n° 14, 1927

RIHMT n° 14, 1927

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