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Hiram Reis e Silva

As Estrelas e a Ciência Médica


As Estrelas e a Ciência Médica - Gente de Opinião

Bagé, 08.07.2020

 

O Coronel de Engenharia Higino Veiga Macedo, meu Caro Amigo e Mentor (com letras maiúsculas mesmo), enviou-me outro texto de sua autoria que faço questão de compartilhar com os leitores.

 

As Estrelas e a Ciência Médica

Por Higino Veiga Macedo (*)

 

Nada tem significado que não seja uma defesa intransigente da vida, do SUS e da ciência [...] A ciência é a luz, é o iluminismo [...] É através dela que vamos sair dessa.
(Luiz Henrique Mandetta [1])

 

Tempos de COVID-19. O ocidente está assustado. O BRASIL se arma com o Decreto Legislativo N° 6, de 20 de março de 2020. Reconhece-se a ocorrência do estado de calamidade pública. Em cascata, os Estados e Municípios seguem no “efeito manado”.

 

A mídia televisiva arranca especialistas de todos os lugares. A China alimenta o ocidente a conta-gotas sobre o que sabem da doença. Aliás, ninguém sabe nada sobre ela na superfície da deusa romana TELO. O empirismo impera. Empirismo bem próximo de George Berkeley, mas não muito longe da tentativa e erro. Entretanto, as “estrelas médicas” iluminam os céus da COVID-19 com discursos inflamados a favor da ciência. Qualquer novidade salta uma “estrela” e arrota: não há comprovação científica.

 

Claro, não houve tempo ainda. Nada além da técnica “erística”: debate como combate; controvérsia sofista, para passar o tempo. E por não ter comprovação científica, não se tenta nada... Volta a humanidade no tempo. Como não se tentou nada com: a “peste de Atenas” (430-427 A.C); a “peste negra” na Europa (1347-1353) e a “gripe espanhola” (1918-1919).

 

O COVID-19 veio para baixar os brilhos das estrelas mal iluminadas que se sentem de primeira grandeza. Veio para mostrar aos médicos, que suas formações profissionais estão deficientes. Veio para mostrar que as faculdades de medicina, “pagou, passou”, só vendem incompetência e o povo colhe “sofrencia”.

 

A definição elementar de ciência, a de escola de segundo grau é: se provocado um fenômeno, o cientista é capaz de dirigi-lo, no tempo e no espaço, e saber seu resultado com medidas. Há o conceito “pré” entre início e o fim. Sem desconsiderar inteligências: o cientista sabe a causa e o efeito, mensurados.

 

Mas, sobre a COVID-19 não se sabe nada, como as estrelas confessam. Onde estão as ciências? O fenômeno está controlado? Como então a solução será por ciência? O resultado tem que ser agora e não esperar pesquisa científica. “É meglio un uovo oggi di una gallina domani” ([2]) como diz o italiano. As exigências aos milhares, na área de saúde, para as pesquisas, é que elas, pesquisas, nunca são conduzidas por entes estatais ou públicos. E sim por laboratórios particulares apostando no lucro futuro, o que é ético.

 

Então, partamos e aceitemos como iniciativa proativa as tentativas e erros. Se não há ciência, resultado científico, cientista conduzindo o fenômeno acreditamos na inteligência dos milhares de médicos em busca de soluções. Morrer, mas morrer peleando, diz a música gaúcha. Se haverá insucesso, pelo menos tentou. Não pode é “ficar sentado à beira do caminho” esperando a morte de seu paciente chegar.

 

Que tal aplicar a Segunda máxima da Moral Provisória do Discurso do Método de Descartes: “não estando em nosso poder discernir as opiniões mais verdadeiras, devemos seguir as mais prováveis” ([3]).

 

Resta assistir na pandemia um pandemônio de orientações discordantes, mas todas “fazendo ciência”. Novo socorro de Descarte “decidir por algumas... não mais considerá-las duvidosas... mas como verdadeira e corrigi-las na experiência”. Isto, modernamente, se chama coragem de decisão.

 

E onde está a deficiência da formação profissional da medicina claramente demonstrada pelo COVID-19?

 

Começa na ciência. Onde está a ciência? Ou, se faz apenas aplicar tecnologia de ciências alheias?

 

Medicina não faz ciência. A medicina apenas identifica o mal. Aplica ciência, vinda da química. Medicina no Brasil é muito ruim de conhecimento bioquímico e de conhecimento farmacológico. O remédio para qualquer mal é puramente química. Um exercício mental com química: dosagem, período, frequência.

 

Daí as enormes inseguranças em aplicar alguma droga que não esteja tabulada em algum lugar. Se der erro, a culpa é do “PAPER” do laboratório XY. Há uma covardia profissional disseminada. Ninguém arrisca. Ora se há o risco da morte, este é o maior risco. Nem precisa de medicina para entender que até água mata: por excesso ou por falta.

 

Quando chegam a aplicar o remédio, os laboratórios já lhes estabeleceram a dosagem, os efeitos colaterais, os impedidos de usar... Apenas ajustam a dosagem à química de cada corpo, que é único.

 

O que mais mostrou o COVID-19? O completo despreparo de médicos novos nos trânsitos pelo TRATAMENTO INTENSIVO. É compreensível tratar-se de especialidade complexa, desgastante, que requer resistência física e psicológica. Se é conhecimento importante, como demonstrou ser, há que ser de grande relevância na formação. É a “Linha de Frente” como muito repetem. Um militar diria: é a “linha de contato”. Por isso, tem de ser jovem: como na guerra o são o tenente, o sargento, o cabo e o soldado. Todos com elevada capacidade física, resistência à fadiga, resistência ao desconforto, sublimação da dor...

 

Há algo mais que o COVID-19 DENUNCIOU? Houve outro muito relevante. O número de Agentes de Saúde contaminados. Do alto de suas autoconcedidas importâncias, os usos de equipamentos de segurança são para subordinados. Há uma observação, no renomado Hospital Albert Einstein: o departamento de Segurança do Trabalho tem enormes desgastes com os figurões; eles estabelecem critérios, mas nunca obedecem.

 

São donos de equipes. Os mais novos seguem os exemplos e se autoconcedem mais importância que tem.

 

O COVID-19 está sendo uma lástima no mundo. Tomara que, as lições deixadas, sejam notadas, aprendidas e correções aplicadas. Que se faça a correção nas formações: que sejam em universidades estruturadas; que o intensivismo seja valorizado à exaustão; que a bioquímica e farmácia sejam exaltadas.

 

As estrelas tiveram suas luzes atenuadas. A ciência médica, como ciência, desmascarada.

 

Solicito Publicação

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

·    Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

·    Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

·    Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

·    Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

·    Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

·    Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

·    Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

·    Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

·    Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

·    Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

·    Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

·    Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

·    Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

·    E-mail: [email protected].



[1]   https://jc.ne10.uol.com.br/politica/2020/04/5606270--a-ciencia-e-a-luz---diz-mandetta-ao-se-despedir-do-ministerio-da-saude.html

[2]   É melhor um ovo hoje do que uma galinha amanhã.

[3]   DESCARTES, René. Discurso del Método – Espanha – Madri – Editorial EDAF S. A., 1982.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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