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Hiram Reis e Silva

A Terceira Margem – Parte XXIV - Centro Cultural João Fona


Mestre Laurimar dos Santos Leal - Gente de Opinião
Mestre Laurimar dos Santos Leal

Bagé, 18.08.2020

 

Momentos Transcendentais no Rio Amazonas I
Manaus, AM/ Santarém, PA ‒ Parte VIII

 

Centro Cultural João Fona

 

O prédio, projetado pelo Major Engenheiro Pereira Sales, começou a ser construído em 1853, foi concluído em 1867 e inaugurado no ano seguinte. É uma bela construção no estilo colonial brasileiro que sofreu pequenas alterações em 1926, determinadas pelo Coronel Joaquim Braga, Intendente Municipal. No prédio, localizado na Praça Barão de Santarém, centro da Cidade, funcionou o Fórum de Justiça de Santarém, o Presídio, a Intendência Municipal, a Prefeitura Municipal e, atualmente, funciona o Centro Cultural João Fona e a Academia de Letras e de Artes de Santarém. O acervo do Centro é composto de cerâmicas tapajônicas, uma herança das populações indígenas que habitaram a região em tempos pretéritos, objetos históricos da Câmara de Santarém do início do século passado e recebeu, recentemente, o esqueleto de uma Baleia-minke (Balaenoptera acutorostrata), mais conhecida como baleia anã, que, perdida, encalhou no dia 14.11.2007, num banco de areia do Rio Tapajós.

Quadro do Mestre Laurimar - naufrágio de Martius, 18.09.1819 - Gente de Opinião
Quadro do Mestre Laurimar - naufrágio de Martius, 18.09.1819

Entrevista Laurimar dos Santos Leal

 

Depois de me identificar como pesquisador, fui levado até os aposentos onde se encontrava o Mestre Laurimar Leal. O grande Mestre das artes santareno, conhecido nacional e internacionalmente, despertou para as artes aos nove anos.

 

O jovem artista juntava cerâmica e procurava reproduzir, em casa, as obras expostas na Catedral.

Com o passar do tempo, foi aprendendo sozinho, mas confessa, com certa humildade que, mesmo sendo autodidata, recebeu influências de outros artistas.

 

Homem de múltiplos talentos, oriundo de uma família de músicos, Laurimar é ceramista, escultor e pintor. Migrou ainda jovem para o Rio de Janeiro onde sobreviveu como artista de rua e voltou à sua terra atendendo a um pedido do então Prefeito de Santarém, Everaldo Martins, onde se dedicou, de corpo e alma, à cultura, ao teatro e ao folclore da região. Suas obras estão expostas em Santarém, Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro, Portugal, França, Espanha e Japão, locais onde coleciona inúmeras homenagens e títulos. Foi responsável pela pintura do interior da Igreja Matriz e pela restauração de várias peças sacras, além da galeria de Prefeitos exposta no Centro Cultural João Fona.

 

Hoje, aos 72 anos de idade, o artista, cujo talento encanta a todos que conhecem sua arte e é motivo de orgulho para todos os santarenos que viram brotar de suas mãos a própria história de Santarém, está cego. Mas com uma força invulgar e uma alegria contagiante, ele mesmo afirma:

 

A gente está sempre aprendendo, por exemplo, agora eu tenho uma aula, uma lição para aprender a viver sem enxergar com o olho da cara, só com este (o terceiro olho).

 

Laurimar me presenteou com uma pequena, mas muito agradável e bem humorada entrevista que reproduzo parcialmente:

 

O meu nome é Laurimar dos Santos Leal, o meu dos Santos é emprestado porque a minha família foi escrava da família Rodrigues dos Santos, aqui em Santarém, pelo lado da minha mãe; e o Leal é da parte dos comerciantes judeus que vieram lá do Marrocos; essa é a minha origem, minha ascendência é exatamente essa.

 

Nasci no dia 24.07.1939, e, desde os 9 anos de idade, sempre trabalhei com o lado artístico, mexendo com cerâmica Santarém, pinturas, esculturas.

 

Em Santarém, minhas obras podem ser admiradas nas Praças, nos monumentos e no interior das Igrejas. Sempre trabalhei fazendo o que gosto, o que quero, para quem gosto, para quem quero; se não quero trabalhar para aquela pessoa, eu digo: olha, não dá. É por isso que me dizem que o meu trabalho é bom, é porque o faço por prazer.

 

Meu lema de vida é: quem não vive para servir, não serve para viver – isso é o que eu uso como lema, pois eu sempre servi e acho que só vou parar de servir materialmente as pessoas quando eu morrer. Muito obrigado! (Laurimar dos Santos Leal)

 

 

Solicito Publicação

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

·     Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

·     Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

·     Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

·     Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

·     Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

·     Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

·     Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

·     Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

·     Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

·     Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

·     Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

·     Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

·     Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

·     E-mail: [email protected].

Imagem 03 – Baleia Minke - Gente de Opinião
Imagem 03 – Baleia Minke

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