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Hiram Reis e Silva

A Terceira Margem – Parte XXI - Partida para Oriximiná


Imagem 01 – Paraná do Cachoeiri, PA - Gente de Opinião
Imagem 01 – Paraná do Cachoeiri, PA

Bagé, 13.08.2020

 

Momentos Transcendentais no Rio Amazonas I
Manaus, AM/ Santarém, PA ‒ Parte V

 

Partida para Oriximiná (14.01.2011)

 

Fui dormir cedo na véspera da partida, pois havia marcado minha partida para as 04h30 (horário do Pará). O enorme Estado do Pará possui apenas um fuso horário e, como o Município de Juruti se encontra no extremo Oeste dele, isto significava que eu pretendia navegar, aproximadamente durante duas horas, à noite em uma área totalmente desconhecida. Instalei minha lanterna de cabeça e parti na hora estabelecida. O porto de Juruti é muito concorrido, isso exigia medidas adicionais de segurança. Segui a corrente pelo Furo de Juruti, procurando ficar próximo da Ilha de mesmo nome, a fim de evitar a rota tradicional das demais embarcações. Como sempre, os banzeiros estavam presentes, sem dar trégua. Depois de contornar a Ilha, eu tinha de seguir rumo Norte atravessando o Canal onde trafegam os grandes navios.

 

Chamei pelo rádio o Sgt Barroso e pedi que ele me ultrapassasse, para que eu seguisse na sua esteira. Pretendia aproveitar a luz do holofote de popa para avistar as marolas marotas que surgiam de todos os lados. O Piquiatuba parou de repente para aguardar um grande navio que passava rumo a Manaus. Passados alguns minutos, continuamos nossa jornada e pedi que avisassem ao piloto que mantivesse a velocidade de quatro nós (7,2 km/h).

 

Só mais tarde soube que não dispunham de nenhum medidor de velocidade a bordo e, apesar de a Rosângela informar, insistentemente, ao piloto de que eles estavam se distanciando demais de mim, nada foi feito até a primeira parada. Embora tenha mantido um ritmo bastante forte, de 5 a 6 nós, eu não estava conseguindo seguir na esteira da embarcação de apoio e, em consequência, não podia aproveitar as luzes do holofote traseiro. O banzeiro diminuiu e, finalmente, consegui manter a estabilidade do caiaque e me comunicar com o piloto, determinando que ele parasse para me abastecer de água e tratar da forte dor muscular no trapézio.

 

Estava começando a clarear no horizonte e determinei que, a partir daquele ponto, o Piquiatuba é que deveria me seguir. Agora já se podia avistar, com alguma dificuldade, a silhueta da Ilha de Santa Rita, que eu contornaria antes de penetrar no Paraná de Cachoeiri, ao Norte dela. Entrei no Cachoeiri, às 07h30, e verifiquei que o Paraná possuía uma correnteza forte, graças à sua grande profundidade, em torno dos 40 metros.

 

Às 10h45 avistei o Rio Trombetas, rumei para a margem esquerda do Paraná para facilitar sua abordagem. Colado à margem, diminuí o ritmo das remadas, economizando energia para atravessar o belo afluente do Amazonas. Felizmente o Rio Trombetas ainda estava muito baixo e não tive qualquer dificuldade em abordar a margem esquerda.

 

Chegamos ao Porto de destino, às 11h15 e, depois de um banho, ligamos para o irmão (maçom) Capitão Marcelo, Comandante da Polícia Militar em Oriximiná.

 

Mais uma vez os camaradas da PM demonstraram sua disposição em nos ajudar, e conseguimos, graças aos seus contatos, ficar hospedados gratuitamente no excelente Oriximiná Hotel, administrado pela encantadora senhora Kátia Maria Feijão Ribeiro.

Oriximiná, PA - Gente de Opinião
Oriximiná, PA

Visita ao Legendário Cuminá

 

Os Argonautas

(Apolônio de Rodes)

 

Mas quando Jasão, o Esonida, navegava em busca do velocino de ouro, e os melhores o seguiam, escolhidos de todas as cidades, chegou também à rica Iolcos o homem infatigável, filho da heroína Alcmena de Midéia, e, com ele, Hilas descia até Argo, provida de belos bancos, a nau que não tocou as Cianéias, que se chocam, mas atravessou como uma águia o grande golfo, [por causa disso, os recifes se fixaram], e lançou-se no profundo Phasis. (RODES)

 

Partimos, no dia 16.01.2011, para o Cuminá, onde a lembrança das Três Viagens do Padre Nicolino, as Expedições de Gonçalves Tocantins, Valente do Couto, Madame Coudreau e a Incursão de Rondon e Cruls, retumbavam na minha alma de desbravador.

 

Solicito Publicação

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

·    Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

·    Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

·    Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

·    Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

·    Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

·    Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

·    Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

·    Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

·    Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

·    Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

·    Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

·    Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

·    Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

·    E-mail: [email protected].

Galeria de Imagens

  • Lago Iripixi – Oriximiná, PA
    Lago Iripixi – Oriximiná, PA
  • Rio Trombetas (Oriximiná ao fundo), PA
    Rio Trombetas (Oriximiná ao fundo), PA
  • Foz do Rio Cuminá, PA
    Foz do Rio Cuminá, PA

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