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Hiram Reis e Silva

A Terceira Margem – Parte CXXVI - Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte II


A Terceira Margem – Parte CXXVI - Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte II - Gente de Opinião

Bagé, 08.01.2021

 

Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte II

 

Esta épica jornada ao singrar as tortuosas águas do Rio Juruá foi realizada em homenagem ao General Bellarmino Augusto de Mendonça Lobo. O General Bellarmino foi Chefe da Comissão Mista Brasileiro-peruviana de Reconhecimento do Rio Juruá, em 1905, que fez o reconhecimento hidrográfico detalhado desde a sua Foz no Solimões até a Foz do Breu e daí para cima um levantamento expedito do Alto-Juruá.

 

Homenagem

 

O General Bellarmino Augusto de Mendonça Lobo nasceu, em 1850, na antiga Província do Rio de Janeiro, filho de Belchior de Mendonça Lobo.

 

Assentou praça a 04.03.1865, no 5° Corpo de Voluntários da Pátria, seguindo para os campos de Guerra paraguaios, onde participa nos combates dos Fortes Curuzu e Curupaiti, e na Batalha de Tuiuti [todos em 1867], sendo elogiado por seu comportamento nas ações militares. Participa, também, das Batalhas de Itororó e de Avaí, o que lhe valeu a promoção de Alferes, por atos de bravura. Em Lomas Valentinas, foi gravemente ferido e hospitalizado. Recebe, então, elogio do Ministro da Guerra em nome do Imperador Pedro II. Em fevereiro de 1869, regressou ao Rio de Janeiro para completar o tratamento de saúde. Seu nome foi incluído no voto de felicitações da Câmara dos Deputados, em agradecimento ao Exército e à Marinha pelos triunfos alcançados na Guerra do Paraguai.

 

Restabelecido dos ferimentos, regressa ao campo de operações militares, a tempo de tomar parte na Batalha de Campo Grande, quando recebe citação especial do Conde d’Eu, Comandante-em-chefe das Forças Brasileiras. Terminada a Guerra, com o posto de Tenente, Bellarmino Mendonça volta ao Rio de Janeiro e normaliza sua situação do Exército, matriculando-se, em 1871, na Escola Militar, de onde saiu, depois de sete anos, bacharel em Matemática e Ciências Físicas. A carreira militar proporcionou-lhe importantes Comissões no Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Esteve à disposição do Ministério das Relações Exteriores para tratar de assuntos relativos às fronteiras Brasil-Argentina. (TOCANTINS, 1989)

 

Mensagens

 

Verba volant, scripta manent!
(As palavras voam, os escritos permanecem)

 

Sr. Ayrton Bellarmino de Mendonça M. Teixeira

 

Parabéns pela iniciativa!

 

Fico contente que tenha sido obtido o apoio oficial e orgulhoso de que a Expedição receba o nome de meu tetravô, nascido Bellarmino Augusto de Mendonça Lobo, mas mais conhecido como General Bellarmino Mendonça, cujo neto, Bellarmino Jayme Ribeiro de Mendonça, foi “pracinha” da FEB, como um dos oficiais do 1° Esquadrão de Reconhecimento – 1° Esquadrão de Cavalaria Leve, posteriormente [1949] denominado Esquadrão Ten Amaro.

 

Boa sorte na missão!

 

Ayrton

 

Mestre e Amigo Luiz Carlos Bado Bittencourt 
 

Amigo e irmão brasileiro,

 

Fiquei decepcionado com o trabalho do DNIT. Ao que parece, os mapas deverão ser refeitos!!! Pois não apresentam razões para que confiemos neles!!! Que tristeza!!! E, você com sua costumeira pertinácia, resiste aos “piuns”, às distâncias monumentais da Amazônia e, apesar das dores lombares, rema valentemente, para a conquista de seu sonho atual, tornar a Amazônia mais conhecida, mais brasileira! Precisamos, nós todos, voltarmos a atenção para essa região ÚNICA, em nosso Planeta, que pertence aos brasileiros, em sua maior parte! Se Cícero vivo fosse, muito provavelmente diria para os “cegos” brasileiros, que não se dão conta que nossa maior, e mais preciosa “gema” é a Amazônia:

 

Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura?

 

Mostra, Hiram, pela tua santa obstinação, aos cegos o que é a AMAZÔNIA! Saúde para ti, para Angonese, para Mário e para Marçal!

 

Grande e fraterno abraço,

 

Bittencourt

 

Mestre, Amigo e Ir\ Dr. Afrane Serdeira

 

Um grande TFA, estou muito feliz pois sua coluna aguentou todo seu esforço. O implante que coloquei foi o primeiro confeccionado por mim e foi a primeira cirurgia que recebeu este implante. Não acredito que exista no mundo algum paciente operado de coluna que tenha feito tamanho teste de esforço.

 

Sou fascinado pelos Rios da Amazônia, quero comprar este livro do Juruá quando estiver à disposição.

 

Abraço do Afrane

 

Amigo e Xará Coronel Hiram de Freitas Câmara

 

Vitorioso Xará:

 

Com que alegria li sua mensagem. Não é uma vitória apenas sua: é de todo o Brasil.

 

Em tempos de competições internacionais envolvendo nosso País, esta em que você vinha disputando sozinho, até o presente, e em todas as provas, contra si próprio – mesmo as de revezamento – o fato de a Nação Brasileira passar, oficialmente, a remar junto, tem o significado de reforçar-lhe o ânimo e assegurar o esforço brasileiro a seu lado, na “Olimpíada” de valorização da Amazônia Brasileira a que se propôs há uma dezena de anos atrás. Em especial, porque este reforço, de peso, está representado por Chefes Militares Brasileiros com a compreensão do valor geopolítico do Brasil e da posse do quinhão territorial da Amazônia que a competência diplomática e militar de nossos antepassados conquistou e manteve, com tenacidade histórica, sob o manto da moralidade jurídica de Tordesilhas. Militares que hoje ocupam funções de alta responsabilidade na estrutura da Alta Administração da Força Terrestre, sensíveis à importância geoestratégica da missão a que você se impusera. Estou vibrando, xará, ao perceber que as ondas concêntricas na água depois da batida do remo, ampliam-se e chegará o dia em que todos os brasileiros, e o mundo, despertados pela mídia, ouvirão, no silêncio de suas almas, o ruído de seu remo, batendo na água dos imensos Rios da Bacia Amazônica no Território Brasileiro.

 

E, aos poucos, entrarão em sintonia com a sensibilidade de quem vibra batidas ritmadas por seu coração, puro e bom. Não temo apontá-lo, no reconhecimento do futuro, um brasileiro com alma de Rondon, um bandeirante de nossa época, solitário até pouco em seu sonho, adequado a seu tempo, no desenho da missão, com o mesmo sentimento integrador, de brasilidade e pacificação de espíritos.

 

Poderiam, se contemporâneos, ter sido Mestre e Aluno, ambos, sem qualquer temor do metro a pisar em frente, Cândido Mariano, valente pioneiro, em tempos do passo a passo nas trilhas abertas, onde civilizado algum havia pisado.

 

Rigoroso e disciplinado no estender os fios pelos quais, a cada parada, comunicava-se com a retaguarda à crescente distância em quilômetros; e dali, lançava sua mensagem telegráfica à imensa “distância” do ambiente deste início de século XXI.

 

Tempo de impensáveis meios de comunicação que hoje, correm a favor da correnteza. Porém, se Cândido Mariano contava, desde o início, com a estrutura do Estado para a missão oficial que cumpria, esse Hiram Reis e Silva, que você é, e de quem tanto me orgulho ser xará, navegou até pouco, por iniciativa própria, sem qualquer estrutura oficial de apoio, impulsionado pelo vigor de seu braço e de seu coração de Mestre desta época, inicialmente, multiplicando sentimento nacional nas mentes e nos corações de seus jovens alunos do Colégio Militar de Porto Alegre.

 

Hiram, até a poucos dias, você navegou remando, o tempo todo, contra o fluxo da correnteza da Vida e, muitas vezes, contrapondo-se às corredeiras de um ambiente burocrático que lhe parecia ser de amazônica dimensão.

 

Estou certo de que, em sua modéstia, não concordará com a citação de seu nome ao lado de Rondon. Aguardemos o reconhecimento de sua missão gigantesca quando completada, o que sempre julguei um desafio “amazônico”.

 

Porém, ao tomar conhecimento de que, por meio da sábia decisão de Chefes Militares de consciência geopolítica, sua missão patriótica e voluntária, passará a contar com o apoio oficial de todas as Organizações Militares da Bacia do Juruá/Solimões, reforça-me a esperança de que aqueles que verdadeiramente amam o Brasil – e não a internacionalização ou a dilapidação de qualquer porção de nosso Patrimônio Territorial, – e acompanham sua saga, chamando a atenção para a valorização nacional da Amazônia Brasileira, poderão reconhecer o peso dessa decisão de Estado, representada por homens que pensam o Brasil, por sua verdadeira dimensão geopolítica e geoestratégica.

 

Com que satisfação li esses nomes, que acompanho e conheço desde suas formações, confirmando, no nível de decisão que hoje detêm, a grandeza que sempre demonstraram, até atingirem os altos cargos que hoje ocupam: Gen Ex Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, Comandante Militar da Amazônia; Gen Ex Ueliton José Montezano Vaz, Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército [DECEX]; Gen Div Antônio Hamilton Martins Mourão, do seu Vice Chefe, do DECEX e companheiro de Turma [Tu/1975] do Cel Hiram Reis e Silva, na Academia Militar das Agulhas Negras [AMAN], todos da estrutura militar da Força Terrestre, em suas atuais e importantes funções; e o Diretor Geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes [DNIT], autarquia federal vinculada ao Ministério dos Transportes, Gen Div Jorge Ernesto Pinto Fraxe.

 

Com o apoio de todos, e sob a chefia do General Villas Bôas, a Nação Brasileira remará junto, conforme consta da Ordem de Serviço n° 012 –E3.IM/CMA, de 1° de agosto de 2012, que versa sobre a EXPEDIÇÃO GENERAL BELLARMINO MENDONÇA, passa a englobar diversos e importantes projetos de natureza geopolítica e geoestratégica, na Bacia Amazônica nos limites nacionais, com sua participação ativa. É a vitória de uma vida.

 

De meus “pagos” cariocas, vêm-me à mente os tempos de 1963/64, servindo na Amazônia, e depois na década de 90, quando participei de um enorme projeto educacional para populações de muitos Municípios ribeirinhos, alcançando as Comunidades vizinhas às Organizações Militares na faixa de fronteira. Vêm-me, então à cabeça, algo que ouvia sempre de um companheiro gaúcho que dizia a cada resultado em Física: “No está muerto quien pelea” e realmente não estava, pois viria a ser um excelente oficial; e, ainda tem forte acento gaúcho, a citação do poema de Jayme Caetano Braun, “Vento Xucro”:

 

Vento xucro do meu Pago

Que nos Andes te originas

Quando escuto nas campinas

O teu bárbaro assobio,

E sinto o golpe bravio

Do teu guascaço selvagem

Eu te bendigo a passagem,

Velho tropeiro do frio.

 

Pois, amigo, aí está, com grande alegria e respeito, “eu te bendigo a passagem” pelas mentes e corações dos que ouviram o bater de seus remos nas águas da Soberania na Amazônia e só me resta felicitar a você, àqueles Chefes Militares com consciência geopolítica, à Amazônia, e ao Brasil.

 

O que agora ocorre é o reconhecimento por seu trabalho, graças à percepção daqueles Chefes, a estimular sua expansão, pelas gerações de alunos que você educou e educa, passando a dedicar-se, oficialmente, a algo que sempre realizou com acuidade e perícia: a pesquisa.

 

Você foi muito preciso na escolha de outra citação, esta de Dalai Lama:

 

Quando surge um problema, você tem duas alternativas – ou fica se lamentando, ou procura uma solução. Nunca devemos esmorecer diante das dificuldades. Os fracos se intimidam. Os fortes abrem as portas e acendem as luzes. (Dalai Lama)

 

Sob essa luz, um forte abraço do xará, Hiram.

 

 

Solicito Publicação

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

·     Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

·     Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

·     Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

·     Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

·     Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

·     Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

·     Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

·     Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

·     Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

·     Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

·     Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

·     Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

·     Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

·     E-mail: [email protected].

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