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Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

A Pandemia e o Poder

Dê o poder ao homem, e descobrirá quem ele realmente é! (Maquiavel)


A Pandemia e o Poder - Gente de Opinião

Bagé, 19.06.2020

 

O Coronel de Engenharia Higino Veiga Macedo, meu Caro Amigo e Mentor (com letras maiúsculas mesmo), enviou-me outro texto de sua autoria que faço questão de compartilhar com os leitores.

 

A Pandemia e o Poder

Por Higino Veiga Macedo (*)

 

No dia 26 de fevereiro de 2020, o Brasil apresenta o primeiro caso positivo para o COVID-19. Em 17 de março, o primeiro óbito.

 Há uma movimentação intensa em órgãos governamentais. Um plano de guerra. O comando de operações combinadas” fica por conta do Ministro da Saúde. Os demais ministros, em outros comandos, mas em apoio. O Brasil decreta emergência sanitária dia  4 de fevereiro. A OMS anuncia pandemia mundial dia 10 de março. 

A partir daí, jorros de decretos federais, estaduais e municipais. 

Palavras de ordem: quarentena; isolamento social (horizontal e vertical); distanciamento social; confinamento (lockdow). Ações a realizar: fechar escola; fechar fábrica; proibir ônibus; proibir: bar, restaurante... Ações deduzidas: proibir toda e qualquer aglomeração humana, menos, claro, em casa; fazer do quarto uma cela prisional. 

Em face de pouca informação do inimigo, algumas “condutas”: os que podem praticam trabalho remoto (home work); os que dependem de transporte, são de periferia, sem trabalho, considerar como “perdas fora de combate: morte por vírus ou por fome”.

Prognóstico – um enorme paradoxo: não morrer de vírus, mas morrer de fome. Por não trabalhar, por não vender, por não produzir. Ou, arriscar-se contaminar e não morrer de fome. O vírus mata em trinta dias, mas pode ter cura e, em coma, não sofrerá. A fome mata em oito dias, não tem cura e nem assistência médica. E sem UTI de R$ 1,6 mil diários ([1]). 

O equilíbrio fome trabalho, ninguém sabe. O Brasil nunca teve guerra em seu território; nunca sofreu a humilhação da derrota. 

Isso abriu caminho para se conhecer e diferençar “os meninos dos homens”. Nos Estados e Municípios lampejaram os “democratas imperiais”: eu prendo; no meu estado está proibido; no meu município é crime... Iságoras (Grécia Antiga), Ivan IV (Rússia), Leopoldo II (Bélgica), Stalin (União Soviética), Hitler (Alemanha), Saddam Hussein (Iraque) saudaram inúmeros Prefeitos e Governadores de Estado. São “cuscos” ([2]) nas falas  quando deveriam ser “pit bull” nas ações. 

O que me levou a escrever a crônica foram duas mulheres em Niterói: presas, arrastada por policiais (dia seis de abril). Eles, com coletes sobre as fardas, à “la milícia partidária”. As ações lembraram-me a “Sturmabteilung” –  a SA – do Partido Nacional Socialista. Elas, por “desrespeitarem agentes do programa Niterói Presente”. Niterói Presente, bordão partidário bem típico de marxismo de plantão. 

Bastou uma única oportunidade e as AUTORIDADES DEMOCRATAS mostraram suas unhas. 

As falas de governadores são modelos de arrogância, de autoritarismo e até de petulância. Um governador, do alto de sua humildade imperial romana, em rede nacional, resolveu dar aulas de comportamento social e funcional ao Presidente. Outro, de estado vizinho, foi claro: “eu mando prender quem desobedecer”... Há a algum tempo, achincalharam um Presidente porque disse, em tom de brincadeira, mas longe de amigos: “se tentarem impedir a abertura democrática, eu prendo e arrebento”. 

Mesmo sendo cético, não há como não se inspirar no evangelista Mateus: “Cuidado com os falsos profetas”. “Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores”.  (Mateus 17-15). 

Serão esses que estarão à espera de, apenas, passar o tempo, não o da pandemia, mas o tempo de “Cronos” para se apresentarem como candidatos à eleição de Presidente da República.

A disputa pelo poder leva partidários ideológicos, numa pandemia, em panegírico, criarem pandemônios com panteísmo salvador. 

(*) Higino Veiga Macedo é Coronel da arma de Engenharia do Exército e já está na reserva.

 

Solicito Publicação

 

Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

·    Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

·    Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

·    Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

·    Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

·    Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

·    Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

·    Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

·    Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

·    Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

·    Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

·    Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

·    Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

·    Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

·    E-mail: [email protected].

 



[1]   https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46692-estados-e-municipios-receberao-o-dobro-da-diaria-em-uti-para-covid-21

[2]    Cusco: termo regional gaúcho – cachorro pequeno, guaipeca, sem pedigree.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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