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Francisco Matias

O JORNAL ALTO MADEIRA E A HISTÓRIA- PARTE I


 O JORNAL ALTO MADEIRA E A HISTÓRIA- PARTE I - Gente de Opinião
 

1. A propósito do anúncio publicado nas redes sociais dando conta de que o jornal ALTO MADEIRA vai encerrar suas atividades no final deste mês de setembro/2017, este escriba resolveu divulgar um pouco da trajetória deste matutino centenário. Sem a pretensão de narrar a história do Alto Madeira nesses 100 anos, por não ter esse conhecimento, escrevo alguns episódios que compõem a participação do Alto Madeira na história, pois entendo esse jornal como centro de memória, um verdadeiro arquivo bem organizado e sistematizado. É dessa maneira que enxergo o jornal Alto Madeira. Vamos ao que segue:

2. EDIÇÃO DE 26.07.1931 – o jornal ALTO MADEIRA transcreve uma matéria publicada no Jornal do Commércio a respeito da Ferrovia Madeira-Mamoré: “O ministro José Américo de Almeida, da Viação, critica o procedimento da Madeira-Mamoré Railway Company, MMRC, que entregou ao governo o acervo da ferrovia e suspendeu o tráfego. O ministro afirma que não encontra justificativa no contrato de arrendamento, pois a companhia foi favorecida pelo governo com subvenções e dispensa da cota de arrendamento através do decreto 19.996, de 15.05.1931. Por isso, o governo resolveu aplicar a cláusula 15ª. do contrato para restabelecer o tráfego e expediu ordens determinantes ao capitão Aluízio Ferreira, chefe do 3º. Districto Telegráphico do Matto Grosso para ocupar a empresa e restabelecer os serviços”.

3. EDIÇÃO DE 06.12.1931 – o JORNAL ALTO MADEIRA publica matéria sobre os efeitos da REVOLUÇÃO DE 1930 – “A Revolução de 24.10.1930 iniciou a 2ª. República e apresenta os principais líderes desse movimento no Amazonas: major Juarez Távora, chefe da Delegação Militar do Norte; general Leite de Castro e capitão Aluízio Ferreira, chefe do 3º. Districto Telegraphico do Matto Grosso, nomeados pelo ministro da Justiça Oswaldo Aranha”. Nessa mesma edição, informa que o advogado Dr. Antônio Greco Galloti, que atua nas comarcas de Porto Velho, Santo Antônio e Guajará Mirim está atendendo na Casa 6, quarto 4, na cidade de Porto Velho”. E informa ainda que o prefeito Arthur Napoleão Lebre retornou a Porto Velho, após breve estadia em Manaus, a capital do estado.

4. EDIÇÃO DE 15.02.1932 – O JORNAL ALTO MADEIRA publica matéria sobre a nomeação do presidente do Partido Liberal, coronel Magalhães Barata, como interventor federal no estado do Pará, nomeado pelo presidente Getúlio Vargas. Na mesma edição, publica a relação dos juristas convocados para escrever a Constituição Federal de 1934: Assis Brasil, Flores da Cunha, Raul Pìlla e Borges de Medeiros, que fazem o texto constitucional nos moldes da constituição alemã de 1933, outorgada pelo líder da Alemanha Adolf Hitler.

5. EDIÇÃO DE 06.12.1930 – O JORNAL ALTO MADEIRA publica matéria sobre a nomeação do 1º. Tenente Aluízio Ferreira como chefe do 3º. Districto Telegraphico do Matto Grosso, e inserindo este órgão nos Correios e Telégrafos. Na mesma edição uma matéria informa que o governador do estado do Mato Grosso, D. Francisco de Aquino Corrêa, arcebispo de Cuiabá, rescinde contratos e concessões com as empresas Guaporé Rubber Company e Júlio Müller Rubber State. O governador acusa essas empresas e a Madeira-Mamoré de possuírem “formidáveis latifúndios” maiores que os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro, e até de países como a Bélgica, Holanda, Suíça e Dinamarca, na área do município de Guajará Mirim, pertencente ao estado do Mato Grosso.

6. EDIÇÃO DE 31.07.1932 – O JORNAL ALTO MADEIRA publica que o capitão Aluízio Ferreira retornou à Porto Velho depois de ter participado da Revolução Constitucionalista de São Paulo, a serviço do governo Vargas, atuando como censor dos Correios e Telégraphos no Rio de Janeiro, sendo recepcionado pelos prefeitos Pedro Alfredo de Mello, de Santo Antônio, Manoel Boucinhas de Menezes, de Guajará Mirim, ambos pertencentes ao estado do Mato Grosso, e Plinio Coelho Filho, de Porto Velho, no estado do Amazonas. A matéria dá conta de que o capitão Aluízio Ferreira, na qualidade de censor dos Correios e Telégrafos, aproximou-se ainda mais do governo Vargas e conseguiu recursos para a Madeira-Mamoré colonizar as margens da ferrovia, criar colônias agrícolas nas proximidades de Guajará Mirim e da Vila Presidente Marques (hoje Vila do Abunã). Com esse dinheiro, o capitão Aluízio Ferreira atraiu 30 famílias de retirantes do Ceará, equivalente a 80 agricultores para a Colônia Agrícola Antenor Navarro.

*Francisco Matias, historiador e analista político, é membro da Academia Rondoniense de Letras,ARL, da Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica e do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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