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Carlos Sperança

Política rebaixada + Situações distintas + Nós para desatar + Uma reviravolta


Política rebaixada + Situações distintas + Nós para desatar + Uma reviravolta - Gente de Opinião

Política rebaixada

Há múltiplas formas de encarar os problemas da floresta amazônica, mas a polarização eleitoral a reduziu à pior forma: uma batalha por votos entre negacionistas do clima e obstinados preservacionistas. A política foi reduzida de sua condição maior de elevado interesse dos povos para descambar ao inferno de um jogo rasteiro de insultos e calúnias, memes e fake news.

Os negacionistas, escorados pela visão cínica de que o Primeiro Mundo destruiu suas florestas e por isso a América do Sul também tem o “direito” de destruir as suas, formam um polo indesejável para uma questão que deveria contemplar um debate mais qualificado que um “olho por olho” em que todos acabem cegos. De outro lado, não é justo, legal ou sequer rentável continuar explorando a floresta como se fazia há um século.

Não é possível, até pelas necessidades novas e antigas dos povos da floresta, manter um imenso santuário imune à presença humana, sobretudo quando é alvo de muita cobiça e há direitos legítimos à exploração racional, ambientalmente sustentável. Seria um misto de suicídio coletivo e genocídio apenas destruir para “equilibrar” o mundo num vasto deserto.

Mais racional e lucrativo é negociar como os bisnetos dos que no Primeiro Mundo destruíram seus recursos naturais podem compensar em favor do clima global o que seus bisavós fizeram, honestamente, em tempos nos quais as religiões aceitavam a natureza como presente divino a ser explorado sem reservas.

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Situações distintas

Enquanto Luís Inácio Lula da Silva (PT) vai ratificando o favoritismo para a peleja a Presidência da República contra o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), na eleição estadual em Rondônia envolvendo dois candidatos bolsonaristas assistimos uma virada do candidato oposicionista Marcos Rogério (PL) contra o atual governador Marcos Rocha (União Brasil) que foi o grande vencedor no primeiro turno, mas com um pequeno percentual de votos na diferença. Os próximos dias serão decisivos tanto na disputa presidencial como na peleja estadual.

Garimpo ilegal

O Ibama e a Policia Federal estão dando combate sistemático ao garimpo ilegal nas águas barrentas do Rio Madeira com trajetória poluída nos estados de Rondônia e do Amazonas. Fazendo isto estão protegendo o meio ambiente e a saúde da população da contaminação pelo mercúrio, uma das principais causas da pandemia de câncer em Rondônia que padece com um dos maiores índices da doença no País. É lamentável que alguns políticos ainda defendam o garimpo ilegal no Madeirão. Não devem se preocupar com as consequências danosas vivenciadas pela população, principalmente de Porto Velho e seus distritos onde o contágio pelo mercúrio segue preocupante.

Nós para desatar

Alguns equívocos na estratégia, desde a formação da chapa totalmente formada por representantes de Porto Velho num desrespeito as lideranças do interior, aos sérios problemas de segurança do estado só agora admitidos com a mudança do secretário da pasta Hélio Pachá e aquela declaração desastrosa dando conta que Ariquemes não precisava de hospital regional, estão pegando contra o governador Marcos Rocha nesta campanha do segundo turno. Desatar estes nós, bem explorados pela oposição fica difícil em pouco mais de duas semanas de campanha. O marketing palaciano vai ter que se espichar.

Primazia do 22

Mudar o rumo dos ventos que sopram agora favoravelmente a oposição é um desafio para o projeto de reeleição do governador Marcos Rocha. Não bastasse, o adversário Marcos Rogério tem a primazia de utilizar o nome do presidente Bolsonaro e o número do partido do PL, o 22, na sua campanha, por conta de pertencerem o mesmo partido. Esta medida fez o diferencial para que o candidato Jaime Bagatolli superasse Mariana Carvalho ao Senado nos últimos dois dias de campanha e deve fazer a diferença para o Marcos Rogério nesta reta final se alguma coisa nova não aconteça a favor dos governistas do Paço Rio Madeira.

Uma reviravolta

Não se descartam reviravoltas palacianas e algumas medidas foram adotadas pelo comando de campanha do governador Marcos Rocha, como foi mudança na pasta de segurança, evitar debates com Rogério e sua língua afiada.  Projeta-se ampliar a diferença na capital, onde venceu por 30 mil votos, onde precisa pelo menos dobrar a diferença para compensar eventuais perdas no interior. Também precisa reverter a situação na região de Ariquemes, a segunda mais populosa do estado, onde Rogério deitou e rolou. E tem que pelo menos equilibrar as coisas em Ji-Paraná, a casa de Rogério e em Vilhena, a casa de Bagatolli. É osso!

 

Via Direta

*** Escolher um candidato bolsonarista para chamar de seu no segundo turno rondoniense é uma tarefa dolorida para os petistas e as lideranças da esquerda *** Na capital, numa rápida consulta aos vermelhinhos deu para constatar que preferem o bolsonarismo mais suave de Marcos Rocha (União Brasil) do que o fogoso do senador Marcos Rogério (PL) considerado um bolsonarista raiz que pratica uma fidelidade canina ao atual presidente *** Na capital até pode funcionar o bolsonarismo suave, mas no interior com eleitorado majoritário, está mais do que provado a preferência pelo bolsonarismo raiz e isso ficou por demais configurado na eleição de Jaime Bagatolli ao Senado *** Enfim, o interior projeta barba, cabelo e bigode na jornada 2022. Podem conferir no próximo dia 30.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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