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Carlos Sperança

O funeral verde e a política na história


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O funeral verde

Sempre que morre um ser humano, seus semelhantes sofrem, seja pela tristeza do parentesco, empatia dos amigos e conhecidos ou pelos ganhos cessados dos fornecedores. Algo parecido acontece com as árvores. Suas mortes têm consequências, comprova estudo de um grupo de pesquisadores do qual faz parte o físico brasileiro Henrique Barbosa, do Instituto de Física da USP e professor da Universidade de Maryland (EUA).

Segundo publicação na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, para cada três árvores que morrerão devido às secas na floresta amazônica, uma quarta – mesmo não afetada diretamente – também desaparecerá. É como se o sobrevivente de uma família morresse de tristeza ao se ver cercado pelos esquifes dos parentes mortos em um acidente.

Pode ser que mais ninguém sofra além dessa família infeliz, mas no caso das árvores mortas o sofrimento se entende pelo conjunto da natureza e afeta também os seres humanos – e não só quem vive perto das quatro árvores mortas, estendendo-se por um espaço que chega aos confins da Terra.

Secas mais frequentes em uma região desenrolam seus prejuízos para além dela, pois o estresse hídrico se espalha. Agir com rapidez e energia para eliminar as causas da piora climática não é só um gesto de respeito às árvores mortas, mas prevenção para as consequências humanas que essa tragédia sinaliza.

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Política na história

A pedido dos leitores estou veiculando na coluna alguma coisa de nossa história política. Na primeira eleição a Câmara de Vereadores de Porto Velho, já na era estado, em 1982, dois vereadores se destacariam em pleitos futuros. O goiano José Guedes, que posteriormente seria prefeito da capital e deputado federal e Raquel Cândido, um fenômeno eleitoral populista que se tornaria deputada federal depois de liderar movimentos populares e afrontar lideranças locais. Guedes permanece até hoje em Porto Velho, e com seus 67 anos ainda com boa saúde para embates eleitorais, já Raquel sumiu do mapa em Brasília.

A vida noturna

A vida noturna, tão intensa em anos passados no centro de Porto Velho teve uma grande queda devido aos dois anos de pandemia e agora também pelo elevado índice de criminalidade. No centro histórico existem pontos negros, onde a noite se recomenda passar longe: imediações da antiga prefeitura, o Palácio Tancredo Neves, da catedral, nas cercanias do Palácio Presidente Vargas e escadarias da Unir, proximidades da rodoviária e na zona portuária, como Cai N’Água nem pensar. Não bastasse o índice de drogados perambulando como zumbis na região que só tem aumentado.

Era dos delegados

Nunca se elegeu tantos delegados a deputados estaduais e federais em Rondônia como no pleito 2022. Com a criminalidade em alta e grande desconfiança com a classe política tradicional, a população apela para eleger delegados e policiais para refrear a corrupção e a criminalidade em Rondônia. Em Vilhena foi eleito pela primeira vez um delegado para o Palácio dos Parecis, sede do governo municipal. Outros municípios, como Ariquemes, também optaram por delegado e Thiago Flores conquistou a disputada cadeira no Vale do Jamari. Na Assembleia Legislativa são mais dois delegados marcando presença.

Uma curiosidade

Nos dias de hoje os caras-pálidas rondonienses jamais seriam capazes de imaginar que ainda nos anos 80 e início da década de 90 aconteceriam eventos divisionistas em Rondônia. O primeiro deles, rachando o jovem estado em dois pedaços. Um naco entre Ji-Paraná e Porto Velho, outro de Cacoal para cima, até Vilhena, se criando um novo estado e teve até projeto tramitando na Câmara dos Deputados neste sentido. Outra proposta curiosa foi a criação do município de Ulysses Guimarães, juntando com os bairros Marcos Freire, Ronaldo Aragão e proximidades, se separando de Porto Velho. Nenhuma da proposta prosperou.

Uma nova capital

No ápice da migração rondoniense, ainda no decorrer dos anos 80, agastado com uma feroz oposição em Porto Velho, o então governador Jeronimo Santana, resolveu trocar atual localização da capital para a região central do estado, inspirado em JK que mudou a capital Rio de Janeiro para Brasília nos anos 60. A nova capital seria edificada na região de Urupá ou proximidades de Ji-Paraná e tornaria Porto Velho quase uma cidade-fantasma. E a coisa estava prosperando na Assembleia Legislativa. Então os deputados Amizael Silva e Silvernani Santos se uniram para salvar Porto Velho da desgraceira e conseguiram com suas articulações virar o jogo.

Via Direta

*** O Disque-Censo lançado pelo IBGE e impulsionado pela Associação Rondoniense de Municípios-AROM não deve alterar muito o censo demográfico que se encerra em meados de abril em nosso estado *** São 24 municípios prejudicados pela contagem oficial de habitantes em nosso estado e a chiadeira dos prefeitos tem sido enorme *** O comércio lojista começou fevereiro se queixando do movimento em Porto Velho. A perspectiva é que a coisa melhore no decorrer do mês com o carnaval bombando nas ruas e fomentando ocupação de hotéis, bares e restaurantes *** Depois do desastre natural do Rio Madeira em 2014 e seus efeitos gravíssimos, o Distrito de São Carlos finalmente dá mostras de recuperação. Os finais de semana são movimentados na localidade que é propicia a pesca e lazer dos portovelhenses. 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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