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Carlos Sperança

Amazon é nossa e as reviravoltas nas eleições


Amazon é nossa e as reviravoltas nas eleições - Gente de Opinião

Amazon é nossa

“O que é um nome?” Na famosa peça de William Shakespeare, Julieta procura contornar a polarização entre as famílias Capuleto e Montecchio fazendo essa pergunta ao amado Romeu. Julieta buscava harmonizar as famílias de nomes diferentes, mas o governador do Amazonas, Wilson Lima, resolveu peitar a gigante Amazon, de Jeff Bezos, pela suposta ousadia de usar o mesmo nome do Estado do Amazonas e, por extensão, da Amazônia.

“Quanto é que a gente ganha por isso? A gente tem que saber, esse é um dos questionamentos que a gente vai fazer lá” (na Cop28, em Dubai), disse o governador. A empresa não é humana, mas Bezos é humano e não é indiferente a questionamentos. Acusados (ele e a empresa) de asfixiarem os trabalhadores que lhes prestam serviços, Bezos prometeu doar a grande maioria de sua fortuna à filantropia. Diante disso, pode ser que o governador amazonense consiga abordar o ricaço com um apelo que nem signifique pôr o homem na parede nem subserviente mendicância.

O melhor jeito é propor parceria. Se houver um bom projeto nesse sentido, Bezos talvez aceite a proposta. Ele já se determinou a ceder US$ 10 bilhões ao longo de 10 anos para o Fundo Bezos Earth, que combate os efeitos das mudanças climáticas. Se Bezos se sentir acuado, dirá a Lima para procurar o Fundo. Se gostar da abordagem, talvez aceite a parceria proposta pelo governador. Depende se a abordagem será suave e gentil ou uma joelhada.

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Nossas reviravoltas

Já era possível entender na primeira eleição geral de Rondônia, em 1982, quando ainda não havia eleição ao governo estadual, que aqui era a terra das surpresas. Tampouco poderia se imaginar, por exemplo, no pleito daquele ano que o então deputado federal Jeronimo Garcia de Santana (MDB) perderia a eleição ao Senado. Numa disputa onde o governador Teixeirão conseguiu emplacar as três cadeiras ao Senado, 5 vagas (das oito) a Câmara dos Depurados) e 15 dos 24 deputados estaduais. Foi um caso onde os governistas fizeram barba, cabelo e bigode pelo PDS.

O troco de Bengala

Mas nas eleições de 1986, o PDS montou uma chapa considerada imbatível em Rondônia ao governo e ao Senado. Tinha como postulante ao Palácio Presidente Vargas, o senador mais votado de 1982, Odacir Soares e como vice, o deputado estadual mais votado e ex-presidente da Assembleia Legislativa José de Abreu Bianco. Mas beneficiado pelos ventos favoráveis da Aliança Democrática de Tancredo Neves, na esfera federal, Jerônimo, o popular Bengala, virou o jogo e foi o primeiro governador do estado eleito pelo voto direto, tendo como vice Oestes Muniz.

Nova reviravolta

Quatro anos depois, em 1990, tudo apontava para a eleição do senador Olavo Pires para governar Rondônia, num pleito que seguiu para segundo turno num embate com Valdir Raupp. No entanto, houve o assassinato de Olavo e com isto foram ao segundo turno Valdir Raupp (Rolim de Moura) e Oswaldo Piana Filho (Porto Velho) terceiro colocado, e numa das maiores reviravoltas políticas no estado, o deputado estadual Oswaldo Piana levou a melhor conquistando o governo estadual. Piana chegou ao governo com uma forte aliança alicerçada na popularidade dos então prefeitos Chiquilito na capital e José Bianco em Ji-Paraná.

Baita virada

E como não lembrar a baita virada de Valdir Raupp (Rolim de Moura) sobre Chiquilito Erse (Porto Velho), nas eleições de 1994? Chiquilito era o grande favorito e as próprias convenções partidárias indicavam na capital Chiquilito com larga vantagem. Acompanhei as duas convenções e ninguém sequer queria ser candidato a vice – acabou sendo Aparício Carvalho - de Raupp tamanha era a descrença no nome do ex-prefeito de Rolim derrotado em 1990. No entanto, Raupp virou o jogo, numa vitória sensacional em cima da aliança “Rondônia com Fé” cuja base se ruiu em desavenças internas durante a campanha.

Favorito tomba

A eleição ao governo estadual de 1998 marcaria uma nova reviravolta. O governador Valdir Raupp era o grande favorito, depois da vitória sobre Chiquilito e chegou a cooptar o apoio do ex-prefeito da capital. A jornada começava com uma polarização de Raupp com o prefeito de Vilhena Marcos Donadon. Na sequência da campanha, a base de Raupp, misturando água com vinho se esvaiu. Bianco que tinha começado a campanha em quarto lugar, subiria ao pódio ainda no primeiro turno e ratificaria a vitória em segundo turno. Raupp foi mais um favorito tombando, na terra onde os favoritos já estão acostumados a levar peia. Falo das eleições seguintes na semana que vem.

 

Via Direta

*** Cogita-se nos bastidores políticos da capital a transferência do grupo político do ex-prefeito e ex-deputado Mauro Nazif para o MDB, que vai reforçando as paliçadas para as eleições municipais sob o comando de Jean de Oliveira e Willians Pimentel *** Tem um baita enguiço  para nas eleições municipais em Porto Velho para o ano que vem no quesito de resistências de segmentos eleitorais *** A ex-deputada Mariana Carvalho (Progressistas) sofre alguma resistência do segmento evangélico, já o atual deputado federal Fernando Máximo (PL)  padece com  a comunidade GLTB que está em pé de guerra com o parlamentar conservador *** Uma oportunidade para o surgimento de uma terceira via...

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