Segunda-feira, 8 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Carlos Sperança

Amazon é nossa e as reviravoltas nas eleições


Amazon é nossa e as reviravoltas nas eleições - Gente de Opinião

Amazon é nossa

“O que é um nome?” Na famosa peça de William Shakespeare, Julieta procura contornar a polarização entre as famílias Capuleto e Montecchio fazendo essa pergunta ao amado Romeu. Julieta buscava harmonizar as famílias de nomes diferentes, mas o governador do Amazonas, Wilson Lima, resolveu peitar a gigante Amazon, de Jeff Bezos, pela suposta ousadia de usar o mesmo nome do Estado do Amazonas e, por extensão, da Amazônia.

“Quanto é que a gente ganha por isso? A gente tem que saber, esse é um dos questionamentos que a gente vai fazer lá” (na Cop28, em Dubai), disse o governador. A empresa não é humana, mas Bezos é humano e não é indiferente a questionamentos. Acusados (ele e a empresa) de asfixiarem os trabalhadores que lhes prestam serviços, Bezos prometeu doar a grande maioria de sua fortuna à filantropia. Diante disso, pode ser que o governador amazonense consiga abordar o ricaço com um apelo que nem signifique pôr o homem na parede nem subserviente mendicância.

O melhor jeito é propor parceria. Se houver um bom projeto nesse sentido, Bezos talvez aceite a proposta. Ele já se determinou a ceder US$ 10 bilhões ao longo de 10 anos para o Fundo Bezos Earth, que combate os efeitos das mudanças climáticas. Se Bezos se sentir acuado, dirá a Lima para procurar o Fundo. Se gostar da abordagem, talvez aceite a parceria proposta pelo governador. Depende se a abordagem será suave e gentil ou uma joelhada.

..............................................................................

Nossas reviravoltas

Já era possível entender na primeira eleição geral de Rondônia, em 1982, quando ainda não havia eleição ao governo estadual, que aqui era a terra das surpresas. Tampouco poderia se imaginar, por exemplo, no pleito daquele ano que o então deputado federal Jeronimo Garcia de Santana (MDB) perderia a eleição ao Senado. Numa disputa onde o governador Teixeirão conseguiu emplacar as três cadeiras ao Senado, 5 vagas (das oito) a Câmara dos Depurados) e 15 dos 24 deputados estaduais. Foi um caso onde os governistas fizeram barba, cabelo e bigode pelo PDS.

O troco de Bengala

Mas nas eleições de 1986, o PDS montou uma chapa considerada imbatível em Rondônia ao governo e ao Senado. Tinha como postulante ao Palácio Presidente Vargas, o senador mais votado de 1982, Odacir Soares e como vice, o deputado estadual mais votado e ex-presidente da Assembleia Legislativa José de Abreu Bianco. Mas beneficiado pelos ventos favoráveis da Aliança Democrática de Tancredo Neves, na esfera federal, Jerônimo, o popular Bengala, virou o jogo e foi o primeiro governador do estado eleito pelo voto direto, tendo como vice Oestes Muniz.

Nova reviravolta

Quatro anos depois, em 1990, tudo apontava para a eleição do senador Olavo Pires para governar Rondônia, num pleito que seguiu para segundo turno num embate com Valdir Raupp. No entanto, houve o assassinato de Olavo e com isto foram ao segundo turno Valdir Raupp (Rolim de Moura) e Oswaldo Piana Filho (Porto Velho) terceiro colocado, e numa das maiores reviravoltas políticas no estado, o deputado estadual Oswaldo Piana levou a melhor conquistando o governo estadual. Piana chegou ao governo com uma forte aliança alicerçada na popularidade dos então prefeitos Chiquilito na capital e José Bianco em Ji-Paraná.

Baita virada

E como não lembrar a baita virada de Valdir Raupp (Rolim de Moura) sobre Chiquilito Erse (Porto Velho), nas eleições de 1994? Chiquilito era o grande favorito e as próprias convenções partidárias indicavam na capital Chiquilito com larga vantagem. Acompanhei as duas convenções e ninguém sequer queria ser candidato a vice – acabou sendo Aparício Carvalho - de Raupp tamanha era a descrença no nome do ex-prefeito de Rolim derrotado em 1990. No entanto, Raupp virou o jogo, numa vitória sensacional em cima da aliança “Rondônia com Fé” cuja base se ruiu em desavenças internas durante a campanha.

Favorito tomba

A eleição ao governo estadual de 1998 marcaria uma nova reviravolta. O governador Valdir Raupp era o grande favorito, depois da vitória sobre Chiquilito e chegou a cooptar o apoio do ex-prefeito da capital. A jornada começava com uma polarização de Raupp com o prefeito de Vilhena Marcos Donadon. Na sequência da campanha, a base de Raupp, misturando água com vinho se esvaiu. Bianco que tinha começado a campanha em quarto lugar, subiria ao pódio ainda no primeiro turno e ratificaria a vitória em segundo turno. Raupp foi mais um favorito tombando, na terra onde os favoritos já estão acostumados a levar peia. Falo das eleições seguintes na semana que vem.

 

Via Direta

*** Cogita-se nos bastidores políticos da capital a transferência do grupo político do ex-prefeito e ex-deputado Mauro Nazif para o MDB, que vai reforçando as paliçadas para as eleições municipais sob o comando de Jean de Oliveira e Willians Pimentel *** Tem um baita enguiço  para nas eleições municipais em Porto Velho para o ano que vem no quesito de resistências de segmentos eleitorais *** A ex-deputada Mariana Carvalho (Progressistas) sofre alguma resistência do segmento evangélico, já o atual deputado federal Fernando Máximo (PL)  padece com  a comunidade GLTB que está em pé de guerra com o parlamentar conservador *** Uma oportunidade para o surgimento de uma terceira via...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSegunda-feira, 8 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Está em curso a formação do clã político mais poderoso de Rondônia

Está em curso a formação do clã político mais poderoso de Rondônia

Algo vai sobrarHá no mínimo três tipos de ambientalistas apresentando suas visões da realidade e do futuro da Amazônia: os pessimistas, os muito pe

O clã dos Carvalhos colocou de joelhos a administração estadual do governador Marcos Rocha

O clã dos Carvalhos colocou de joelhos a administração estadual do governador Marcos Rocha

Lição da naturezaO “nacionalismo” do slogan MAGA (Make America Great Again), aplicado pelo presidente Donald Trump, tem a crueldade da força bruta,

Hildon Chaves vai interiorizando sua candidatura ao governo de Rondônia

Hildon Chaves vai interiorizando sua candidatura ao governo de Rondônia

Yes, nós temos terras rarasManipuladas por robôs e interesses particulares, as bolhas político-eleitorais passaram a ideia de que o tarifaço impost

Liberados pela justiça e livres das amarras da inelegibilidade, Cassol e Gurgacz entram para valer nas eleições 2026

Liberados pela justiça e livres das amarras da inelegibilidade, Cassol e Gurgacz entram para valer nas eleições 2026

Recursos para agirÀ medida que se aproxima a realização da COP30, marcada para novembro, há duas expectativas principais se avolumando nos bastidor

Gente de Opinião Segunda-feira, 8 de setembro de 2025 | Porto Velho (RO)