Domingo, 28 de agosto de 2022 - 10h50
Tenho fama de ser sistemática e dura nas críticas. Fato!
Mas, sou também reconhecida pela facilidade em reconhecer os erros. E, essa sou
eu dando a “cara à tapa” depois de assistir os três primeiros episódios do
reality show “Queer Eye Brasil”. Esse é um reboot de “Queer Eye for the
straight Guy”, lançado de 2003 a 2007, com cinco temporadas que trazia cinco
homens homossexuais, os FAB Five (cinco fabulosos) para usar suas diferentes
habilidades nas áreas de vestuário, culinária e vinhos; arte e cultura, design
de interiores, higiene pessoal e cabelo para ajudar um homem hétero a organizar
a vida!
Desde 2018 quando foi lançado na Netflix, o programa trouxe
uma abordagem mais ampla apresentando participantes LGBTQI+ e heterose para
ampliar as discussões da nossa realidade mundial. O sucesso estrondoso levou a
especiais na Austrália e no Japão.
No ano passado saiu o Queer Eye Alemanha. Muito bom
atendendo a expectativa do original. Agora o Queer Eye Brasil é uma corrente
emocional, já aviso! Somos brasileiros, emotivos por natureza com histórias de
vidas iguais a todos ao redor do mundo. No entanto, quando se fala do aspecto
demostrar sentimentos somos imbatíveis!
Mordendo
a língua
Primeiro afirmei que a produtora no Brasil, responsável
pelo programa iria formar o esquadrão dos cinco fabulosos brasileiros de
personalidades já carimbadas na mídia. Errei - apesar de dois deles já terem
apresentados programas em canais fechados, são desconhecidos da maioria que
assistem a esses programas nos streaming.
Assisti a desempenho de Lucas Scarpelli, mineiro de Belo
Horizonte; Yohan Nicolas – um francês radicalizado no País; Guto Requena,
arquiteto e ex-colunista da Folha de São Paulo; Rico Benozatti – curador de uma
exposição de roupa da Hebe Camargo e Fred Nicácio, um médico preto chorando do
início ao final dos três episódios!
Confesso que sou chorona mesmo. As primeiras histórias são
de aquecer os corações mais gelados: um pai solo de um casal de crianças, que
perdeu a esposa para um câncer, uma assessora de imprensa redescobrindo a vida
após uma dolorosa separação e uma mãe solo, de um filho trans dividindo uma
pequena casa com a mãe idosa.
O que me comoveu demais nos primeiros minutos dos encontros
com os casos escolhidos pela produção, sem conhecimento prévio dos fabulosos é
a recepção calorosa entre as partes. Na versão americana o cumprimento é um
abraço, mas sabemos com eles veem o contato físico como invasivo e íntimo
demais. Ai chegam cinco representantes do LGBTQI+ tentando abraçar o
participante... Uns recebem bem, minoria, outros bem desconfortáveis e outros
se soltam no final do episódio. São cinco dias de contato diário entre
fabulosos e participantes.
No Brasil isso não acontece. Precisamos ser abraçados, né!
Então, o abraço do Rafael – viúvo que se esqueceu para cuidar dos filhos, em
cada um dos fabulosos e tão sincero que aquece o coração na hora. Parecia que
quem receberia as dicas de tudo eram os fabulosos! Que empatia, que
cumplicidade e principalmente muito amor!
Depois das mortes provocadas pela pandemia da Covid-19,
onde fomos impedidos de um simples aperto de mãos, de beijar, de abraçar e
conviver pessoalmente com familiares, amigos e colegas de trabalho creio que
foi essa possibilidade não desperdiçada e tão sincera que faz meus olhos
lacrimejarem só de escrever essas linhas...
Não digo mais nada! Assistam, assistam!
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