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Viviane Paes

Etarismo, idadismo e agismo, você pratica ou já sofreu isso?


Etarismo, idadismo e agismo, você pratica ou já sofreu isso? - Gente de Opinião

Usei a imagem da poetisa goiana, Coral Coralina, para ilustrar esse artigo porque ela mesma se autodenominava: “a velha, da casa velha da ponte”. Ela teve seu primeiro livro de poesias publicado em 1965, quando tinha quase 67 anos, apesar de escrever desde os 14. Cora Coralina sofreu algum tipo de preconceito pela idade? Não. Ao contrário suas experiências de vida foram transformadas em lindos poemas e ela é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras.

Mas, o que ela tem a ver com etarismo, o idadismo e o aismo, mesmo? Ela é o exemplo de que a idade não deveria ser um empecilho para o desempenho profissional de uma pessoa, ou mesmo o isolamento social e familiar dos nossos idosos.

O etarismo também chamado ageísmo é a discriminação contra pessoas com base em estereótipos associados à idade. Esse preconceito se manifesta através de diferentes maneiras de abordagem ao idoso, como piadas, infantilização e atitudes de exclusão. Aquela expressão que falamos na brincadeira ou não: “você não tem idade para isso mais, fulano!”.

O idadismo tem o mesmo sentido é a expressão mais utilizada pela OMS – Organização Mundial da Saúde que em um relatório sobre o tema, nesse ano especificou:

O idadismo surge quando a idade é usada para categorizar e dividir as pessoas por atributos que causam danos, desvantagens ou injustiças, e minam a solidariedade Inter geracional. O idadismo prejudica a nossa saúde e o bem-estar e constitui um grande obstáculo à formulação de políticas e ações eficazes em envelhecimento saudável, como foi reconhecido pelos Estados-Membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Estratégia Global e No Plano de Ação sobre Envelhecimento e Saúde, e na Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030). 

Criei um Podcast, o Vivicast: Sistematizando a VIDA, no último final de semana e o primeiro tema abordado foi esse, do preconceito da idade, por ser 1º de outubro – Dia Internacional do Idoso. Compartilhando uma experiência que tive durante uma entrevista de emprego, onde surgiu a pergunta: qual a sua idade – desnecessária, pois ela estava no currículo vitae, eu entendi bem o que estava em jogo. Uma mulher de 47 anos concorrendo a uma vaga de analista de conteúdo, função ligada à comunicação digital, ocupada por jovens de no máximo 25 anos...

Nesse caso vem à questão geracional citada no relatório da OMS. Este implícito que eu da geração X, dos indivíduos nascidos entre meados da década de 1960 e o início da década de 1980, ou seja, durante os anos que se seguiram ao baby boom do pós-guerra, não esteja inserido nesse mundo digital da geração Y. Essa também chamada geração do milênio, geração da internet, ou milênicos é um conceito em Sociologia que se refere à corte dos nascidos após o início da década de 1980 até, aproximadamente, o final do século.

Entretanto, essa que vos escreve tem dois filhos da geração Y, da primeira fase, uma de 27 anos e um de 17 anos, totalmente millenium, mesmo que não aceite essa denominação. Vamos dizer que o corpo de 17 abriga a alma de um centenário!

Quando comecei a trabalhar no jornal “O Estadão do Norte”, aos 19 anos tive o privilégio de ingressar já no jornalismo informatizado, com uma redação na nova era digital da Comunicação. Saí da máquina elétrica para um PC e para manuseá-lo fomos capacitados numa parceria do jornal com o SENAC/RO. Entonces... Eu tive um pezinho à frente sempre.

Casei com um profissional da TI, da área de segurança em redes, outro ponto favorável que não vai expresso no currículo. Atuei 10 anos em uma estatal informatizada onde recebia cursos de capacitação em todas as áreas desde a gestão, a comunicação, a internet das coisas...

Tudo isso me torna uma especialista de conteúdo? Não, certamente! No entanto, eu sou filha única, criada para buscar minhas, afinal minha mãe uma mineira me ensinou que nada cai do céu. “Pra oportunidade cair do céu, você precisa ao menos rezar, né!”.

Nos dois anos da Pandemia para não pirar resolvi aprender algo e a comunicação digital foi uma escolha bem óbvia pela profissão que desempenho há quase 30 anos. Criei Reels, editei vídeos no Capcut, Inshot - a experiência de jornalista de televisão ajudou bastante; participei dos tais desafios do instagram para entender o motivo de um vídeo alcançar os milhões em horas e outros estagnarem nas 20 visualizações...

A experiência me motivou a gravar o episódio para o Vivicast e ao divulga-lo tive um retorno inesperado, o compartilhamento de experiências semelhantes, muitas piores do que ocorreu comigo!

São pessoas concursadas ou em empresas privadas sofrendo etarismo sem o menor apoio ou proteção de gestores. Até porque na maioria dos relatos, os próprios chefes discriminam e os colocam em atividades isoladas pela idade!

E, você leitor, em qualquer canto do País tem passado por isso também? Ou, quem sabe sem ter intenção utilizou uma expressão que a maioria usa sem saber o quanto ela é ofensiva, aos que estão chegando aos 50 anos e acima dessa idade?! Compartilha nos comentários, por favor!

O que pode ser feito?

Acredito que todos devemos fazer a nossa parte! Evitarmos as expressões no trabalho, em casa e com nossos familiares que sabemos ser ofensivas!

O relatório elaborado pela OMS, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas e pelo Fundo de População das Nações Unidas, foi destinado os formuladores de políticas, profissionais, pesquisadores, agências de desenvolvimento e membros do setor privado e da sociedade civil.

Após definir a natureza do idadismo, eles resumiram as melhores evidências sobre a escala, os efeitos e os determinantes dele, e as estratégias mais eficazes para reduzi-lo. Agora caberá aos governantes de cada País, a implantação dessas estratégias e programas para combater mais esse preconceito contra o ser humano.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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