Os jovens neuro divergentes querem (e precisam) trabalhar. Basta que as empresas olhem para eles

Uma em cada 38 crianças tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. Segundo o Censo Demográfico de 2022 do IBGE, 1,2% da população foi diagnosticada com autismo. Em números: 2,4 milhões de jovens.

Os dados, que são expressivos, trazem consigo diversos desafios para os jovens e suas famílias. Um, em especial, foi discutido com intensidade no evento Conexão COG Autismo e Arte, promovido pela COG Life Arts, em Alphaville, nos dias 3 e 4 de outubro: o mercado de trabalho. Mas não somente este: a inclusão e a diversidade foram temas recorrentes no evento.

Durante a pandemia, Flavia Gusmão criou o Instituto COG Life Arts com o objetivo de valorização dos jovens atípicos. Ela abriu um espaço on-line para comercializar camisetas com artes de artistas autistas. Em pouco tempo, mais de 60 jovens passaram a usar a plataforma.

“Conexão COG Autismo e Arte é mais um passo para valorização dos jovens com TEA, reforçando que esse tema merece muita atenção e os jovens precisam de espaço para mostrar o que são capazes de fazer. Eles têm competência sim”, ressalta Flavia.

Em dois dias de palestras, o Conexão COG Autismo e Arte discutiu vários temas relevantes sobre os jovens com TEA e o seu mundo.

O evento teve apoio do Ministério da Cultura, via Lei Rouanet, e patrocínio da Total Express. A programação foi regada a informação e conscientização sobre o tema, reforçando o papel da arte e da cultura como ferramentas de transformação e inclusão social de pessoas neuro divergentes.

Participaram diversos especialistas, artistas e representantes do setor corporativo com um único objetivo: promover diálogo prático e sensível sobre inclusão nas empresas e na sociedade.

Rodrigo de Aquino, comunicólogo e apresentador, falou sobre “Felicidade Atípica nas Organizações”, destacando que a base da saúde mental está nas conexões humanas. Ruth Rodrigues, da Specialisterne, compartilhou resultados de inclusão de pessoas autistas no mercado de trabalho, inclusive com casos de sucesso – que são poucos, mas estão aumentando. Carla Bertin, fundadora do projeto Autismo Legal, trouxe o olhar jurídico sobre o tema, ressaltando que muitos autistas adultos deixam de revelar o diagnóstico por medo do preconceito. 

A psicóloga Daniela Bordini trouxe uma análise profunda sobre os avanços e desafios do diagnóstico do autismo no Brasil, destacando que o olhar multiprofissional e os ajustes individualizados são essenciais para o desenvolvimento das pessoas do espectro. A participação da jornalista Amanda Prada, do Fantástico, revelou os bastidores da criação do quadro “Pode Perguntar”. Tati Moraes, Julia Malc e Jorge Calixto que fazem parte do COG Life Arts deram depoimentos sensíveis sobre como o Instituto mudou suas vidas a partir da comercialização de sua arte.

Um dos momentos mais emocionantes foi a participação de Marco Túlio Lara, cofundador da banda Jota Quest, que uniu música e emoção ao compartilhar sua experiência pessoal com o filho Theo, que tem síndrome de Down. As apresentações musicais de JP Gusmão e Paulo Henrique foram ovacionados pelo público e encerram os seminários de forma emocionante. 

“O Conexão COG é mais do que um evento. É um movimento vivo de empatia, expressão e transformação. Queremos mostrar que com as ferramentas certas o hiperfoco é sim um ponto forte e pode brilhar”, destacou Flávia Gusmão.

No dia 5, o Parque Ecológico de Alphaville foi tomado pela Corrida Cultural, que também fez parte do Conexão COG. No total, mais de 300 pessoas participaram de corrida e caminhada. A iniciativa uniu saúde, lazer e conscientização, mostrando que o movimento também é uma forma de inclusão. O público foi envolvido por uma programação voltada para o bem-estar, com a Tenda Sensorial do Núcleo Kaya, vivência de barre & Yoga aberta ao público conduzida pela B.Barre e o som contagiante da DJ Tabbi, que animou o evento. A Total Express também levou uma equipe de colaboradores para o evento, reforçando o compromisso com a inclusão, disse a gerente Priscila Mazoni.

Exposição de artes de jovens autistas até 30 de outubro, no Shopping Flamingo, em Alphaville –   Cerca de 60 obras de artistas autistas que participam do COG Life Arts estão na Exposição de Arte com Acessibilidade, no Shopping Flamingo, em Alphaville. O tema central é “Hiperfoco”.

A exposição inclui recursos de acessibilidade e oficinas gratuitas, oferecendo uma oportunidade única de conectar arte, diversidade e sensibilização da comunidade. “O que vivemos nesses dias é uma demonstração de que a inclusão é possível, concreta e bonita. Cada palestra, cada obra, cada passo na corrida simbolizaram a força de uma sociedade que aprende com as diferenças e se transforma por meio delas”, completa Flávia Gusmão.

Mais informações: @coglifearts