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Saúde

Discurso do Dr. Paulo Gondim na comemoração dos 60 anos do CREMERO


Dr. Paulo Gondim - Gente de Opinião
Dr. Paulo Gondim

Ilustríssima Dra. Ellen Santiago, M.D. Presidente do Cremero, Excelentíssimo Dr. Hiran Gallo, M.D. Presidente do CFM em nome de quem saúdo os demais colegas presentes; minhas senhoras e meus senhores. 

É com o coração exultante de alegria que tenho a honra de falar em nome da família Gondim nesta homenagem prestada pelo Cremero a meu pai, o Dr. Hamilton Raulino Gondim, quando comemoramos o jubileu de diamante do nosso conselho de ética. Foi ele, junto com os eminentes e destemidos médicos pioneiros Rafael Vaz e Silva e José Cerqueira Cotrim, conforme resolução 157 do CFM, que há 60 anos fundaram esta casa de ética, sendo seu presidente por 10 anos.  

O doutor Gondim, como era mais conhecido, colou grau em dezembro de 1940 na Faculdade de Medicina da Bahia, a primeira do Brasil. Chegou ao então Território Federal do Guaporé, hoje Estado de Rondônia, em 1948, egresso da Bahia, sua terra natal, para atuar numa missão sanitária do SESP, em Guajará-Mirim, onde grassava uma epidemia de febre amarela, após um ano de especialização nos Estados Unidos. 

Fixou residência naquela cidade, onde se casou com Alzenita Amaral, com quem teve três filhos: Hamilton, Ana e Tânia. Após 8 anos, mudou-se para Porto Velho, onde nasci pelas mãos hábeis e competentes do Dr. Ary Tupinambá Penna Pinheiro.

Meu pai prestou relevantes serviços ao estado de Rondônia: foi prefeito das duas cidades então aqui existentes, Guajará-Mirim e, quando se mudou para Porto Velho, ocupou o cargo por duas vezes; foi diretor da Divisão de Saúde por várias vezes, cargo correspondente a secretário de Saúde; chefe do INPS e do INAMPS, e trabalhou como clínico geral no Hospital São José e no Pronto-Socorro Orlando Marques.

No entanto, como filho, desejo enfatizar suas qualidades pessoais do grande ser humano, do pai amoroso e amigo. Em casa, à noite, estudava em diversos compêndios de medicina e lia livros diversos, como romances e biografias. Era um consumidor voraz da literatura em geral. Como médico, nunca se furtou de transmitir aos mais jovens seus conhecimentos, tanto que ainda hoje tenho a satisfação de encontrar colegas que conviveram com ele, como o Dr. Luiz Augusto Cardoso, que depois de anos como ginecologista e obstetra, confessou ter abdicado da sua especialidade para se dedicar à infectologia face aos conhecimentos adquiridos com meu pai,  que fora responsável, por muitos anos, pelas enfermaria onde eram internados os enfermos com hepatite, e pela sua vasta experiência no tratamento da malária, e, somando-se a isso, a admiração pessoal que tinha pelo seu estimado colega. Igualmente, o Dr. José Augusto de Oliveira, que sempre me encontra expressa o quanto aprendeu com o Dr. Gondim e o quanto ele era humilde; outro, o Dr. Gabriel Rezende, diz que ele foi seu melhor chefe e amigo durante seus anos como médico do INAMPS e do quanto ele se referia a mim com genuíno orgulho paternal, tempo em que eu ainda estava no Rio de Janeiro fazendo especialização em cirurgia.  Enfim, esses são apenas alguns exemplos daqueles que ainda hoje se referem a meu amado pai como um bom companheiro e amigo leal. 

Em nossa casa, as pessoas o procuravam para consultá-lo, independente de horário, onde sempre foram bem recebidas. Eram atendidas num grande sofá que tínhamos na sala, onde eram ouvidas, examinadas, palpadas e auscultadas. Ao término do atendimento, saiam com pedido de exames, quando necessários, orientações médicas, receita e até com alguns medicamentos quando ele os dispunha. Quando o doente não podia se deslocar até nossa casa, ele ia atendê-los na residência deles. Se interessava, particularmente, pelos desvalidos. Jamais cobrou pelos seus serviços profissionais. 

Não angariou dinheiro nem qualquer riqueza material. Dizia que o maior tesouro que nos deixaria e que ninguém poderia nos furtar, seriam nossos conhecimentos. E assim o fez.

Ao falecer, em 1985, após quase meio século de atuação médica, deixou apenas a nossa velha casa na rua Dom Pedro II, que fora praticamente doada pelo governador Jorge Teixeira aos servidores públicos pioneiros.

Entusiasmava-me, ao sair da aula do colégio Dom Bosco durante a semana e ir encontrá-lo no Hospital São José ou no Pronto-Socorro Orlando Marques, e também, aos sábados e domingos, depois de ele fazer a feira, vê-lo examinar os pacientes com a maior calma, paciência, carinho e respeito.

Vendo o seu exemplo, desde criança, nunca imaginei ter outra profissão: sempre quis ser médico, um médico como ele, um médico que amava o ser humano. Por isso, ao longo de minha jornada profissional de mais de quatro décadas, tenho tentado ser assim como médico, como cirurgião, enfim, como ser humano, seguindo meu espelho e meu herói maior, meu pai!

Muito obrigado. 

 

Discurso proferido na noite do dia 25 de agosto de 2023, no Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero

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