Terça-feira, 12 de maio de 2020 - 16h43

Por mais tecnológica que
 a agricultura tenha se tornado, ainda é dependente do fator humano. São
 necessários verdadeiros exércitos que usam conhecimento e força de 
trabalho para movimentar o agronegócio, que é a mola mestra da economia 
brasileira. Mas, estes bravos combatentes estão envelhecendo no campo, a
 população rural diminui e a sucessão não está ocorrendo na mesma 
proporção. Os jovens, de forma geral, não se sentem atraídos pelo labor 
no campo. Em Rondônia o cenário não é diferente.
De acordo com a 
análise dos dados do Censo Agropecuário de 2017, houve um aumento de 
9,6% no número de donos de estabelecimentos agropecuários em Rondônia 
com mais de 55 anos de idade, em relação ao Censo de 2006, e estes são 
responsáveis por 39,2% dos estabelecimentos existentes. Isto significa 
que, mais de um terço dos donos de estabelecimentos agropecuários no 
estado estão na faixa etária considerada grupo de risco à COVID-19. 
A
 pandemia expõe um problema que há muito é discutido no país. É mais um 
desafio para os produtores rurais nessa faixa etária, pois o dia a dia 
do campo exige presença constante, quer seja plantando, cuidando ou 
colhendo a produção. Momento ideal para reflexões acerca de se 
implementar ações concretas que permitam aos jovens trabalhadores rurais
 permanecerem junto aos seus, conectados à oportunidade de lazer, renda 
própria, ambiente familiar e de relações socioeconômicas satisfatórias.
O
 êxodo rural, entre os Censos Agropecuários de 2006 e 2017, evidencia 
isso. Enquanto em 2006 o número de pessoas ocupadas por estabelecimento 
era de 4,5 pessoas, em 2017 foi de três pessoas, redução de 33,3% em 
pouco menos de 11 anos. 
Em Rondônia, no Censo de 2017 foram 
computados 91.438 estabelecimentos agropecuários, sendo que 74.329 
(81,3%) deles foram classificados como de agricultura familiar. Do Censo
 de 2006 para 2017, houve aumento de 9,3% da área dos estabelecimentos 
agropecuários, saindo de 8.433.868 hectares para 9.219.883 hectares. 
Destes, 39,2% eram dirigidos por pessoas acima de 55 anos, sendo que, em
 2006, esse contingente correspondia a 29,6%. 
Avaliando-se sob 
outro ângulo, a população até 55 anos diminuiu, passando de 67,4% em 
2006 para 60,6% em 2017. Na faixa etária até 45 anos essa redução foi 
mais acentuada, com diferença de 11,4% entre os dois levantamentos 
censitários. A Figura 1 apresenta a distribuição percentual dos 
responsáveis pelos estabelecimentos de acordo com a faixa etária, 
considerando os Censos Agropecuários de 2006 e 2017.
Figura 1 – Faixa etária das pessoas que dirigem os estabelecimentos – 2006/2017 – Em %
 
Fonte: IBGE, Censos Agropecuários 2006/2017.
Reflexo
 desse envelhecimento no campo é o fato de que o número de 
estabelecimentos rurais que foram contemplados com recursos de 
aposentadorias ou pensões, em 2017, aumentou 115,7% em relação ao Censo 
de 2006. Em termos monetários, foram desembolsados quase 500 milhões de 
reais com essa finalidade, correspondendo a 8% do que foi obtido com as 
receitas de produção dos estabelecimentos. Essa ‘receita extra’, em 
muitos casos, constitui-se na principal fonte de renda dos produtores e 
seus familiares, haja vista que o valor de produção anual de 29% dos 
estabelecimentos é inferior a R$ 10.000,00.
Diante disso, uma questão que se coloca é: por que os jovens não permanecem na propriedade rural? Estudiosos do assunto apontam, dentre outros motivos, o deslocamento para os centros urbanos na busca de melhores oportunidades, tanto econômicas quanto sociais; a falta de políticas públicas voltadas especificamente para esses jovens; o despreparo para assumir as funções de gestão do empreendimento rural; a partilha desigual dos rendimentos obtidos no campo, que, como vimos antes, muitas vezes é insuficiente até mesmo para o sustento da família.
A
 permanência desses jovens no meio rural depende, sobretudo, da sua 
capacitação para atuar como agentes de mudança, introduzindo novas 
tecnologias de produção que permitam a sustentabilidade da propriedade e
 da família, daí a importância da educação formal e de cursos de 
qualificação continuados. 
Nesse contexto, o acesso aos meios de 
produção, principalmente crédito, é imprescindível. Atualmente existem 
linhas de crédito voltadas para esse público, como é o caso do Programa 
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Jovem (Pronaf Jovem),
 financiamento para agricultores e produtores rurais familiares, para 
investimento nas atividades de produção, direcionado a jovens entre 16 e
 29 anos. Tem como objetivo facilitar o acesso e oferecer vantagens para
 que esses jovens financiem suas atividades produtivas. 
--------------------
*Calixto
 Rosa Neto é mestre em Administração, com foco em Mercadologia e 
Administração Estratégica. Atua como analista da Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária - Embrapa Rondônia desde 1983. Contato: calixto.neto@embrapa.br 
 Quinta-feira, 30 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)
Quinta-feira, 30 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)
Ministério da Saúde retoma maior pesquisa sobre Covid no Brasil
A partir desta segunda-feira (11), pesquisadores a serviço do Ministério da Saúde darão início à coleta de dados para uma nova fase do maior estudo

Vacina bivalente contra a covid-19 começou a ser aplicada em Porto Velho
A Prefeitura de Porto Velho, através da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), começou hoje a vacinação bivalente contra a covid-19 em idosos acima d

Porto Velho inicia vacinação bivalente para idosos a partir de 60 anos na segunda-feira (27)
A Prefeitura de Porto Velho, através da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), inicia na segunda-feira (27) a vacinação bivalente contra a covid-19
 Quinta-feira, 30 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)
    Quinta-feira, 30 de outubro de 2025 | Porto Velho (RO)