Quarta-feira, 8 de outubro de 2025 - 16h08
A dengue é uma das doenças tropicais mais sensíveis às
variações do clima. O aumento das temperaturas e a irregularidade das chuvas
vêm alterando o ciclo de reprodução do Aedes aegypti, criando condições ideais
para o mosquito, especialmente na Amazônia.
Neste período de transição, com dias mais quentes e
chuvas ainda irregulares, especialistas destacam que agir agora, eliminando
criadouros e reforçando a vigilância, é essencial para evitar o aumento de
casos que costumam ocorrer durante o inverno amazônico, entre o fim e o início
de cada ano.
O doutor em Saúde Pública Bruno Eduardo Silva de
Araújo, da Estácio, explica: “O calor acelera o processo de desenvolvimento do
mosquito. Em temperaturas entre 26 °C e 30 °C, o tempo para um ovo virar adulto
diminui, o que significa mais mosquitos nascendo em menos tempo.”
De acordo com dados do Ministério da Saúde, referentes
ao primeiro semestre de 2025, o estado de Rondônia registrou mais de 2.900
casos prováveis de dengue, sendo 151 confirmados na capital, Porto Velho. Já o
sistema InfoDengue, da Fiocruz, aponta que o estado se mantém em nível verde, o
que indica estabilidade e baixo risco de surto. Em Belém do Pará, outra capital
amazônica, o alerta é amarelo: o clima quente e úmido favorece a reprodução do
mosquito, embora ainda não haja aumento expressivo na transmissão.
O médico de família e comunidade Evandro Rios Soté,
coordenador do curso de Medicina do IDOMED FAMEJIPA, explica que o
comportamento do mosquito e a gravidade dos casos estão diretamente ligados à
resposta do corpo humano e à rapidez no atendimento. “A dengue é uma doença
viral que pode causar febre alta, dores intensas, manchas na pele e até
sangramentos. O perigo aumenta quando há demora para procurar atendimento”,
afirma. “Crianças desidratam mais rápido e muitas vezes não conseguem descrever
o que sentem. Já os idosos, por terem outras doenças, podem piorar de forma
súbita”, completa.
O médico alerta ainda que a automedicação é um dos
principais riscos durante o tratamento da doença. Muitos confundem os sintomas
de dengue com gripe ou virose e tomam medicamentos por conta própria, o que
pode agravar o quadro. Anti-inflamatórios e aspirina, por exemplo, aumentam o
risco de sangramento, enquanto o uso excessivo de chás ou remédios caseiros
pode causar desidratação. “A recomendação é clara: suspeita de dengue, procure
o posto de saúde, beba bastante água e não se automedique”, reforça Soté.
CONSCIÊNCIA COLETIVA — Além do clima, o especialista em
saúde pública Bruno Araújo chama atenção para o papel do saneamento básico e da
gestão de resíduos na proliferação da doença. “Garrafas, pneus e tampinhas
acumulam água e viram criadouros. A falta de coleta de lixo e de rede de esgoto
favorece o mosquito. Um ambiente urbano mal planejado oferece tudo o que ele
precisa para se multiplicar.”
As soluções, segundo ele, passam por um conjunto de
medidas estruturais: universalização do saneamento, melhor gestão de resíduos
sólidos e drenagem urbana sustentável, com jardins de chuva e pavimentos
permeáveis. “Essas medidas reduzem os pontos de acúmulo de água e fortalecem o
conceito de Saúde Única, que integra saúde humana, meio ambiente e planejamento
urbano.”
Para os especialistas, o combate à dengue depende de
uma mudança de comportamento coletivo. A professora Amanda Mello, docente de
Farmácia da Estácio e mestre em Patologia das Doenças Tropicais, destaca que o
individualismo ainda é um obstáculo: “Muitas pessoas acreditam que cuidar
apenas do próprio quintal é suficiente, quando uma casa abandonada ou uma
piscina descoberta já podem afetar todo o entorno.” Segundo ela, é preciso
desenvolver uma ‘civilidade sanitária’, baseada na consciência de que o cuidado
com o ambiente é uma responsabilidade compartilhada. “Pequenas ações, como
eliminar água parada e manter caixas d’água tampadas, têm impacto decisivo na
prevenção da doença e na construção de cidades mais resilientes às mudanças do
clima”, complementa.
Amanda também destaca que, embora exista vacina contra
a dengue, ela ainda é restrita ao setor privado e não cobre todas as cepas do
vírus. “A prevenção mais eficaz continua sendo eliminar criadouros e manter o
ambiente limpo.”
Com o avanço das mudanças climáticas e o aumento das
temperaturas médias na Amazônia, os especialistas são unânimes: o combate à
dengue exige uma nova postura da população. “O clima favorece o mosquito, mas o
comportamento humano define se ele vai se espalhar. Prevenção é responsabilidade
coletiva”, conclui Amanda.
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