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Robson Oliveira

Marcos Rocha recebeu convite oficial para ingressar no PSD e compor a chapa majoritária ao Senado


Marcos Rocha recebeu convite oficial para ingressar no PSD e compor a chapa majoritária ao Senado - Gente de Opinião

EXPLOSÃO

O problema agrário de Rondônia evolui como um barril de pólvora esquecido ao lado de um de uma solda elétrica: autoridades omissas, decisões judiciais conflitantes e uma desordem institucional que beira o surrealismo latino. O episódio do fim de semana em Machadinho expõe o caos das contradições. Todos gritam, ninguém tem razão, e parece que alguns aguardam, com perturbadora naturalidade, que corpos apareçam para então descobrir a arte da mediação. A violência avança enquanto o bom senso, coitado, pede asilo político.

ACUADOS

Cumprir ordem judicial é tão natural quanto respirar; o que não é natural — nem aceitável — é transformar isso em espetáculo de truculência. O que ocorreu em Machadinho revela o abuso das forças estaduais ao confinar indevidamente pessoas que se reuniam com órgãos federais. Acuados, reagiram. E, francamente, quem não reagiria? Autoridade não é sinônimo de autoritarismo, embora alguns agentes insistam em confundir o crachá com uma licença para constranger cidadãos.

TEMPERANÇA

É pedir demais que a lei seja aplicada com inteligência, sobretudo em conflitos fundiários? Não se reivindica que magistrados se abstenham, mas que exerçam suas atribuições com a prudência que o cargo exige. Uma decisão precipitada pode deflagrar crises sérias, colocando em risco idosos, crianças e até autoridades. Antes de se firmar uma medida de impacto severo, é indispensável ponderar suas consequências sociais — algo muito mais sério do que acionar uma engrenagem institucional sem verificar se ela não esmagará inocentes no percurso. Refletir antes de impor força não deveria ser um luxo; deveria ser a regra básica de qualquer Estado civilizado.

LIMITES

O Judiciário, como qualquer Poder, não está blindado a crítica — nem deveria. Já passou a temporada em que se tinha medo do bicho-papão togado. Hoje há regras, há controle social, e há um nível mínimo de razoabilidade esperado de quem aplica a lei. Quando o bom senso some, o excesso aparece. E excesso, em qualquer Poder, é sempre reprovável.

CRIMINOSOS

Insiste-se, em certas castas da autoridade, em tratar movimentos sociais como braços armados da marginalidade. Erro monumental, preconceituoso e digno de quem faltou às aulas de Direito Constituicional. Direitos fundamentais não são brindes de fim de ano para grupos privilegiados — pertencem a todos. O excesso visto em Machadinho é retrato de uma sociedade esquizofrênica, que marginaliza quem luta por direitos enquanto dá afagos a engravatados. No Brasil, a regra é a mesma há décadas: quem paga o pato é sempre o lado fraco. O pato, aliás, já deveria ter um plano de saúde exclusivo.

GOVERNADOR

Falando em Poder, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Raduan Miguel, assumiu ontem, em solenidade pública, as funções de governador de Rondônia, em razão da ausência simultânea do governador, do vice e do presidente da Assembleia. Diferentemente de substituições protocolares que geram estranheza, a presença de Raduan no comando do Executivo inspira confiança.

SERENO

Sua trajetória sólida, discreta e vitoriosa na magistratura o credencia a transitar com autoridade entre os Poderes. É o terceiro presidente do TJ a ocupar cumulativamente o Executivo e o Judiciário — e, sem dúvida, um dos mais preparados para fazê-lo com equilíbrio, serenidade e respeito à institucionalidade. Em tempos turbulentos, é quase um alívio.

REUNIÃO

Por mais de duas horas, Marcos Rocha, Cassio Góis, Adailton Fúria e Expedito Júnior dialogaram sobre composições para 2026. O ambiente foi cortês, com tapinhas nas costas e cordialidade — a mesma cordialidade que antecede, em política, os grandes confrontos.

CONVITE

Rocha recebeu convite oficial para ingressar no PSD e compor a chapa majoritária ao Senado, ao lado de Fúria para governador. Agradeceu, sorriu e pediu tempo. Na política, pedir tempo é uma arte refinada: dá-se a entender que se gostou, mas que é preciso consultar a bússola dos ventos eleitorais. Uma união entre eles, assusta qualquer adversário.

REUNIÃO (DE NOVO)

À tarde, Júnior, Fúria, Góis, um empresário da comunicação e o prefeito Léo Moraes também se reuniram para analisar o cenário. Nada foi fechado. Reuniões políticas, como sempre, servem mais para medir egos do que para firmar compromissos. Mas revelam: 2026 caminha para ser uma disputa das mais acirradas.

ALTERNATIVA

Há quem avalie (incluindo este cabeça chata) que polarizar com tanta antecedência é um convite para o surgimento de uma terceira via robusta. Sete meses, politicamente, são uma eternidade — tempo suficiente para transformar desconhecidos em protagonistas.

AZARÃO

Nas eras digitais, ninguém precisa de décadas para se tornar favorito. Basta cair no gosto do algoritmo. Em Rondônia isso virou quase um ritual: o azarão do início vira o queridinho das urnas. As velhas raposas que tratem de apertar os cintos. Ou colocar as barbas de molho.

ABANDONADO

O vice-governador Sérgio Gonçalves parece completamente órfão no tabuleiro. O périplo midiático não rendeu, e os partidos de peso continuam indiferentes a sua pré-campanha insossa. A retórica é fraca, a experiência administrativa não empolga e a antiga crença de que “bom gestor privado é bom gestor público” morre no primeiro parecer jurídico sério. Gonçalves é um bom sujeito — e um péssimo político. Uma combinação que comove, mas não elege.

FÚRIA

No podcast Resenha Política, Fúria falou por quarenta minutos sobre suas propostas para 2026, destacando saúde e desenvolvimento agrícola. Relembrou sua juventude vendendo cupuaçu pelas ruas da capital — narrativa que ajuda a aproximá-lo do eleitor comum. Respondeu até às perguntas mais ácidas, especialidade da casa.

EXEMPLOS

Citou João Campos e Ratinho Jr. como exemplos de gestores jovens que modernizam a administração pública. A entrevista vai ao ar na quinta. Para quem gosta de política com tempero forte, vale assistir.

FAKE

A vereadora Sofia Andrade decidiu brincar com fake news contra o ministro Flávio Dino, acusando-o de julgar causa própria no STF — uma mentira já desmontada por inúmeras reportagens. O STF monitora esse tipo de difamação com rigor, e Dino, que já processou alguém até por motivo culinário, certamente não deixará passar uma calúnia desse tamanho.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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