Sexta-feira, 8 de novembro de 2024 - 08h02
A Política somente se efetiva na “Festa da Democracia”, na Ágora, na
Polis, na praça pública ocupada e lotada pelo povo – especialmente o povo
pobre, negro e oprimido –, brandindo suas demandas, lutando pelo reconhecimento
de seus direitos, com suas bandeiras que tremulam a emancipação. Somente nessa
praça pública popular há politização – e antes de ali se chegar, com as
reflexões, sua autoeducação política para a descompressão que só pode se
ampliar em espaços de convivência democratizados pela inclusão, diversidade,
tolerância, pluralismo político. Fora disso reina o Fascismo e a
despolitização, uma vez que se impõe pelo medo, violência e mentiras,
ideologias destrutivas. Muito do que se vê hoje, por sinal.
Portanto, está redondamente equivocada uma tese surgida nesses tempos
pós-modernos, ao aplicar-se a um senso comum derivado de um erro conceitual: o
Fascismo não politiza as massas, ao contrário disso, despolitiza ao atacar
frontalmente a Política.
Se a Polis é o espaço público atualizado, onde o ser social se converte
em “animal político”, ao deslegitimar a Política, o Fascismo destrói os espaços
políticos e, por óbvio, qualquer possibilidade ou chancela de emancipação e de
autoeducação política para a descompressão.
Se o Fascismo se institui (e age) em conformidade com o dominus
(dominação baseada na opressão), e se a Política é o lugar da afirmação da
condição humana – fazer-se política” –, então, ao retirar validação,
deslegitimar, propor a destruição da Política, o Fascismo tem o único objetivo
da despolitização – e que, em essência, equivale à desumanização.
Também apelidada de alienação (massificação), as massas na
pós-modernidade estão cada vez mais distantes da coisa pública, dos espaços
democráticos – onde seriam propostas as pautas de liberdade, inclusão,
reconhecimento da práxis política, da transformação individual e social.
Alienadas, quer dizer, retiradas da cena política que debate, institui,
promulga políticas (ou dominação legítima), “retiradas de si”, desumanizadas,
as massas pós-modernas são constantemente os alvos da despolitização.
Sob o Fascismo, simplesmente, a Política não é mais o eixo, o centro, a
convergência da própria condição humana, onde se legitimam todas as formas de
afirmação do Humano, quer dizer, tudo que se faça pela Política; em seu lugar
ocupa-se o consumo, o entretenimento, a massificação.
Não convém ao Fascismo o “fazer-se política”, pois o requerimento por
mais humanidade (emancipação) insurge-se contra as formas de negação, alienação
(“tirar de si”), opressão.
Em suma, se a Política inclui os sujeitos (individuais e
coletivos) no processo de sua libertação, construção da consciência social e
individual (autoeducação política), da incessante luta pela emancipação, isto
ocorre em meio à inclusão do Humano na Política, a sua negação (pelo Fascismo),
portanto, só pode acentuar a negação, a exclusão, a suspensão da validação dos
espaços públicos democráticos em que a cidadania possa se expressar e agir por
ainda mais espaços de “realização de si” (reconhecimento e afirmação dos
processos de humanização); o Fascismo, efetivamente, não politiza.
A lógica simples nos leva à obrigatória conclusão de que o
Fascismo despolitiza as massas: exemplo mais claro disso é o senso comum afirmar
que “todos os políticos são iguais”, pois, todo ser social é político, faz
política.
Enfim, se a Política é o “local preferencialmente público”,
em que há a fluência do “fazer-se política” – fazer-se pela política, fazer-se
em meio à política, fazer-se por meio da política (práxis) –, ao revés disso, o
Fascismo se afirma pela incursão de mecanismos, ações que possam agir contra a
politização (afirmação da humanidade: o “fazer-se política”), contra a
emancipação (conscientização de si e da classe social), contra a liberdade –
sendo a mais básica instância de afirmação da igualdade – e contra a
humanização.
Enfim, o Fascismo despolitiza ao máximo, nos distancia o
mais que pode da condição humana, que é a transformação do ser social em animal
político consciente e emancipado. A política se define pela capacidade de
decisão, antagonicamente ao Fascismo que aliena para castrar a emancipação.
Assim, o resultado só pode ser a obstrução da ação/realização política, a
despolitização.
Se o Fascismo destrói a práxis política (ação
transformadora que se inicia na reflexão), apela para o fechamento de
instituições republicanas e democráticas (Legislativo, a “Casa do Povo”,
instituição de ocorrência da democracia representativa), ao golpe civil e/ou
militar, a quebra institucional, ou golpe à Constituição, “intervenção militar”
(ou divina e sideral), uso de um “Poder Moderador”, e se se institui por meio
da corrupção da própria Política (e dos fechamentos dos canais de profusão das
requisições populares), é evidente que o Fascismo não propõe a emancipação; ao
passo que a Política vigora onde se manifesta e repercute a emancipação
política e a afirmação humana.
Afinal, o objetivo da Política é instruir e elevar (do
indivíduo ao ser social e deste ao “animal político”), em oposição (de
antagonismo) ao Fascismo que propõe destruir e amalgamar, condicionando seres
indiferentes, em “efeito manada”, em indivíduos despolitizados (“analfabetos
políticos”).
Por Fascismo, leia-se extrema direita, extremadura da
direita, neofascismo, necropolítica, Necrofascismo (Martinez, 2021) e qualquer
gênero autocrático que tenhamos em 2024 e nos próximos anos.
Referência
MARTINEZ, Vinício Carrilho. Necrofascismo. Curitiba: Brazil
Publishing, 2021.
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