Quarta-feira, 3 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Política

Saiba o que mudou no projeto das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio


Wellton Máximo
Agência Brasil


Brasília - Para acelerar a liberação da licença que permite o prosseguimento do projeto das hidrelétricas de projetadas para o Rio Madeira, o consórcio formado pela estatal do setor elétrico Furnas e pela empreiteira Odebrecht concordou em retirar do projeto uma mureta de contenção que impediria detritos como galhos e pedras de passarem pelas 44 turbinas da usina de Santo Antônio. A decisão consta da última rodada de esclarecimentos enviada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Responsável pela elaboração dos projetos e dos estudos ambientais, o consórcio admitiu a retirada da ensecadeira (denominação técnica da mureta), sugerida por um consultor internacional contratado pelo Ministério de Minas e Energia para analisar o acúmulo de sedimentos provocado pelas duas usinas no leito do rio.

Segundo o relatório do consultor, a ensecadeira poderia reter a terra carregada pelas águas, o que poderia acarretar o assoreamento próximo às barragens e agravar a inundação provocada pelas hidrelétricas com o passar dos anos. Em parecer técnico divulgado no final de abril, o Ibama também manifestou preocupação quanto à possibilidade de a mureta tornar irreais as projeções da área a ser alagada.

O projeto das usinas prevê a inundação de 529 quilômetros quadrados – 271 devido à usina de Santo Antônio, a cerca de dez quilômetros de Porto Velho (capital de Rondônia), e 258 devido à usina de Jirau, a cerca de 130 quilômetros da cidade. O parecer do Ibama tinha concluído que as previsões do consórcio estavam próximas da realidade, mas apontou que a área coberta pela água poderia aumentar ao longo dos anos por causa dos sedimentos retidos pela ensecadeira.

O Ibama também alegou que a mureta interferiria na passagem de ovas e larvas de peixe rio abaixo. Anteriormente, Furnas e Odebrecht informavam que os sedimentos retidos pela mureta nos períodos de vazante (quando o nível do rio baixa) seriam carregados durante as épocas de cheia. No entanto, o consórcio voltou atrás e admitiu a retirada da barreira.

"Estudos posteriores ao EIA [Estudo de Impacto Ambiental] demonstraram que o funcionamento das usinas é compatível com as cargas e granulometria dos sedimentos sem a necessidade de estruturas de proteção, como a proposta inicial de manutenção da ensecadeira a montante [rio acima] da tomada d'água na usina de Santo Antônio", ressaltou o documento enviado pelo consórcio ao Ibama em 11 de maio.

Nos esclarecimentos repassados ao Ibama, Furnas e Odebrecht avaliam que o assoreamento provocado pelas usinas é praticamente nulo porque, ao contrário das hidrelétricas tradicionais, que formam grandes lagos e retêm o transporte de terra pelos rios, as usinas do Rio Madeira funcionam a fio d'água. Nesse sistema, as turbinas estão deitadas e são movidas não por uma queda d'água, mas pela correnteza – o que, segundo o consórcio, mantém constantes a vazão e a velocidade do rio.

Em relação à subida dos peixes para a reprodução, outra preocupação manifestada pelo Ibama, o consórcio afirma que a construção de canais laterais ao lado das barragens, imitando as corredeiras do Rio Madeira, resolverão boa parte do problema. Os empreendedores destacaram ainda que vão monitorar o comportamento dos peixes que sobem o rio, principalmente os que o fazem perto do fundo, como os grandes bagres. Caso seja constatada dificuldade na locomoção dessas espécies, o consórcio se comprometeu a fazer o transporte manual dos peixes.

O Ibama também havia pedido esclarecimentos em relação ao possível acúmulo de mercúrio provocado pelas duas usinas, resultado da intensa atividade garimpeira registrada no Rio Madeira e seus afluentes. No documento, Furnas e Odebrecht alegaram que as reações químicas que aumentam a absorção do metal pesado pelos seres vivos só ocorrem quando a água circula em baixa velocidade e tem altas concentrações de matéria orgânica dissolvida.

Tais condições, segundo o consórcio, dificilmente se manifestariam no Rio Madeira, por causa do modelo das usinas. "A construção de grandes lagos para a instalação de usinas hidrelétricas, o que não seria o caso para as hidrelétricas do Madeira, pode contribuir para a transformação química do mercúrio", respondem os empreendedores.

Com 6.450 megawatts de energia, 3.150 produzidos pela usina de Santo Antônio e 3.300 pela usina de Jirau, as hidrelétricas do Rio Madeira estão avaliadas em R$ 20 bilhões e são um dos principais projetos de energia do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com 88 turbinas, 44 para cada usina, as hidrelétricas vão produzir o equivalente a mais da metade dos 12 mil megawatts de Itaipu, a hidrelétrica mais potente em operação no mundo.


 

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 3 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Deputado Eyder Brasil homenageia Escola Barão do Solimões pelos 100 anos de história

Deputado Eyder Brasil homenageia Escola Barão do Solimões pelos 100 anos de história

O deputado estadual Eyder Brasil (PL) prestou homenagem à Escola Barão do Solimões, que completou 100 anos no dia 25 de agosto. A solenidade reuniu

Deputada Cristiane Lopes fortalece inclusão digital com entrega de sala de informática em Alto Paraíso

Deputada Cristiane Lopes fortalece inclusão digital com entrega de sala de informática em Alto Paraíso

A população de Alto Paraíso (RO) viveu um momento de grande conquista com a entrega de uma sala moderna e totalmente equipada para cursos de informá

Alero entrega voto de louvor pelos 50 anos da Assembleia de Deus de Colorado do Oeste

Alero entrega voto de louvor pelos 50 anos da Assembleia de Deus de Colorado do Oeste

A Assembleia de Deus de Colorado do Oeste celebrou seu Jubileu de Ouro, marcando 50 anos de atuação religiosa e comunitária no município. Durante a

Projetos que destinam mais de R$17 milhões ao TCE-RO e ao Funprecap são aprovados na Alero

Projetos que destinam mais de R$17 milhões ao TCE-RO e ao Funprecap são aprovados na Alero

A Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero) aprovou dois Projetos de Lei Ordinária (PLO) que tratam da abertura de créditos adicionais suplementare

Gente de Opinião Quarta-feira, 3 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)