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Projeto arquitetônico para o distrito de são Carlos



Moradores do distrito de São Carlos, distante cerca de 70km do centro urbano de Porto Velho, receberam no domingo (19) uma comitiva formada por servidores da secretaria municipal de Planejamento (Sempla), entre eles o titular da pasta Jorge Elarrat, e acadêmicos da Faculdade Uniron, do oitavo e nono períodos curso de Arquitetura e Urbanismo, que estiveram na comunidade para apresentar o projeto da “Nova São Carlos”. 
 
 No ano passado, durante a cheia histórica do Rio Madeira, o distrito ficou 100% submerso e quando as águas baixaram deixaram um rastro de destruição. Todas as residências, comércio, prédios e espaços públicos foram soterrados. Aos poucos os moradores foram retornando para a comunidade- mesmo sob alertas de novas cheias- retirando o aterro e fazendo reparos nas residências e demais estabelecimentos que resistiram à enchente histórica.
 
 Enquanto refaziam suas vidas, em meio à ameaça de um novo episódio, moradores e poder público se esforçavam em busca de uma solução para a comunidade, que por fim decidiram por reconstruir São Carlos em uma nova área. “Não podemos conviver com a ideia destas famílias continuarem vivendo numa região que corre o risco de novas enchentes. Por isso o prefeito Mauro Nazif solicitou que fôssemos em busca de uma nova área para reconstruir São Carlos. E o seu pedido se estende a todas as comunidades ribeirinhas atingidas. No caso de São Carlos o processo foi mais rápido, mas estamos buscando solução para todas as outras comunidades”, observou o secretário.
 
 Ele lembrou que a prefeitura ao conseguir a garantia da área, teve a parceria da Uniron que se disponibilizou em desenvolver o projeto arquitetônico e urbanístico do distrito. “Ficamos imensamente felizes com o apoio. Este projeto é indispensável para o recomeço dessa comunidade”, disse o secretário acrescentando que após diversas visitas dos acadêmicos e de servidores da Sempla em São Carlos, agora era o momento de apresentar o projeto, saber dos anseios dos moradores e sua devida aprovação. “A comunidade aprovando o projeto, vamos em busca de apoio, do Governo e da Bancada Federal e de onde mais tivermos acesso para garantir que este projeto saia do papel, se torne realidade e traga mais dignidade para estas famílias que ainda sofrem com suas perdas e com a insegurança de que novas cheias aconteçam”, disse ele.
 
  Auxiliados pelos professores Giovanni Marini, Raisa Tavares e Heverton Carmo, os acadêmicos apresentaram todos os detalhes da “Nova São Carlos”. O projeto foi muito elogiado pelos moradores que viram num grande telão a simulação de como será o novo distrito e que contará inicialmente com 358 lotes medindo 25m x 50m. De acordo com o professor Giovanni foram cerca de setenta alunos envolvidos na elaboração do projeto. “Foram feitos vários desenhos, várias partes integradas até a conclusão. Os estudantes visitaram a comunidade, conversaram com os moradores e comerciantes, aplicaram questionários para saber de suas expectativas, foram em busca de conhecer um pouco da história do distrito, suas principais necessidades e colocaram tudo de forma criativa e profissional no papel. Estão todos de parabéns por abraçarem esta iniciativa e pelo desempenho em cada detalhe”, disse ele.
 
O projeto
 
 Foram mais de quarenta propostas até chegar ao projeto final que contempla uma via central onde ficarão localizados os prédios públicos como a administração distrital, unidade de saúde, escola e o comércio em geral. Também constam no projeto ruas com calçamento diferenciado que vai valorizar a comunidade acompanhado de todo um trabalho de paisagismo. “Mas sem perder suas características, trazendo segurança, embelezamento e consequentemente maior qualidade de vida”, comentou o professor. 
 
  A comunidade contará ainda com uma grande área de lazer com arborização no entorno, vias de tráfego específico para veículos e outras para pedestres e ciclistas. Os caminhões e carretas não poderão trafegar dentro do distrito. Sua circulação será no entorno da comunidade em via limitada. “O acesso será diferenciado, pois hoje quem vem ao distrito tem acesso através da estrada e depois cruza em pequenas embarcações. Na Nova São Carlos não haverá necessidade dessa travessia por se tratar de uma área que fica no mesmo lado da estrada. E diante disto pensamos em cada detalhe quanto a uma possível circulação de veículos grandes na região. Queremos preservar a identidade da comunidade. Portanto as vias foram pensadas justamente para não haver tráfego de veículos pesados. E em outras vias existem proteções para que não haja essa circulação. Quem tem comércio e precisa do abastecimento contará com um trajeto especial e sinalização própria evitando alta velocidade e acidentes”, relataram os acadêmicos. No projeto ainda consta um cemitério, que ficará numa região mais alta e afastada, rede de saneamento básico, terminal rodoviário, um lago, quadra esportiva e espaço para a realização dos festejos tradicionais da comunidade.
 
 Diante de toda a explanação do projeto os moradores realizaram questionamentos principalmente em relação à distribuição dos lotes, equipamentos comunitários e sobre a permanência da cultura local. O administrador de São Carlos, Ednardo Medeiros, elogiou o trabalho dos estudantes e da parceria da prefeitura e aproveitou a oportunidade para esclarecer sobre todo o esforço da gestão municipal em atender os anseios da comunidade. “Ficamos felizes em ver que existe uma preocupação por parte do Município em resolver nosso problema. Vendo esse projeto sentimos uma grande esperança que nossa comunidade terá dias melhores, mas sabemos que não será da noite para o dia. A Nova São Carlos vai levar alguns anos para sair do papel. Porém, sabendo que a área já foi adquirida, ficamos mais tranquilos, pois todos aqui querem recomeçar suas vidas num lugar mais seguro. Enquanto isso não acontece pedimos ao prefeito e seu secretariado que nos dê as condições necessárias neste local, onde ainda permanecemos, até que estejamos no novo distrito”, discursou o administrador.
 
 O discurso foi retomado várias vezes pelos moradores que se mostram ansiosos por uma saída definitiva do distrito que vive em alerta. “Eu não queria sair, pois vivo há mais de trinta anos aqui, mas quando vieram as chuvas este ano e muitas áreas novamente ficaram alagadas, eu decidi que não é mais seguro. Será um recomeço difícil, pois nos acostumamos em São Carlos, porém é muito mais difícil ficar acordado a noite toda quando chove com medo de novas alagações e desbarrancamentos”, disse o morador Márcio. O comerciante Cláudio questionou sobre a construção das residencias e o secretário explicou que a prefeitura vai em busca de programas junto ao governo federal para tal e outras parcerias também como a das usinas. “Queremos nos unir com todas as forças possíveis, mas enquanto não se consegue, o passo mais importante é garantir que os lotes sejam divididos e feita a infraestrutura essencial para a mudança dos moradores como a implantação do saneamento básico, poço artesiano, a construção de escola, unidade de saúde e a implantação de energia elétrica.
 
  Os moradores presentes aprovaram o projeto sem nenhum questionamento quanto à sua estrutura e disposição de todos os espaços. A grande preocupação é com relação a quando poderão ocupar a área. Quanto à isto, o secretário Elarrat disse que o processo está bastante avançado. “ Já temos área garantida, o estudo de topografia realizado em toda a região que será loteada. Agora é fazer o 'piquete' dos lotes, e quem quiser se mudar o fará de imediato. Para isso contamos com os moradores que decidiram por ocupar os lotes seguindo a mesma distribuição feita na São Carlos atual. “Vamos destinar cada lote de acordo com a localização que estão hoje. Isto vai garantir que mantenhamos a comunidade como era antes, com seus respetivos vizinhos e convivência”, frizou o secretário.
 
 Na nova São Carlos também estão destinados espaços que poderão ser ocupados por correspondentes bancários, lotérica e um mini shoping de serviços. “Isto vai trazer desenvolvimento para o distrito”, comentou o professor Giovanni que complementou dizendo que no novo distrito haverá calçadas permeáveis (calçadas verdes)- para drenar a agua pluvial, todas com acessibilidade. “A intençao é que se mantenha as áreas verdes, que seja um distrito bem arborizado, bem distribuido, com conforto e segurança”, finalizou.
 
 
Outro morador ansioso pela Nova São Carlos é o professor “Xaxá”. Para ele a mudança é realmente necessária devido a insegurança de nossas enchentes. E ele frizou o pedido para que o município agilize o mais rápido possível a infraestrutura adequada para que isto ocorra. Ele apontou ainda a necessidade da prefeitura implementar ações que visem geração de emprego e renda. O secretário Elarrat disse que já existe conversa neste sentido com outras secretarias como a de agricultura que pretende implantar agroindústrias e aproveitar as atividades que são exercidas atualmente pela comunidade. “ Queremos oportunizar que pequeno produtor de açaí, de macaxeira, de melancia e outras frutas possam escoar e ampliar sua produção. Temos o projeto de psiciultura e outros que podem ser realidade nesta Nova São Carlos, portanto tenham na prefeitura uma parceira nesta nova vida”, disse ele.
 
 O secretário agradeceu à Faculdade Uniron pela parceria, em especial aos estudantes e aos professores Giovanni Marini, Helder Cavalcante, Raisa Tavares e Heverton Carmo.
 
Fonte:  Meiry Santos

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