MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia
BRASÍLIA – Na sala com janela envidraçada, de onde vê o movimento no Setor de Autarquias Sul, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, demonstrou nesta terça-feira que vai agir como bombeiro para enfrentar radicalismos de ambas as partes na reformulação do Código Florestal Brasileiro. “Há radicalismos de todos os lados, e isso não é bom. Precisamos evitar a zona de conflito neste momento difícil”, ele disse.
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Freitas recebe cesta com produtos do Acre, do deputado Melo e do dirigente da OCB-AC, Valdemiro Rocha /DIVULGAÇÃO |
Para Freitas, pela primeira proposta o código “é punitivo” e motivou uma grande resistência da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que ameaçou “rasgá-lo”. Freitas disse que procuraria a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) para expor a posição da OCB. O Sistema Cooperativista Brasileiro possui 7,8 milhões de associados, distribuídos em 7,6 mil cooperativas. Até a semana passada, existiam 33 propostas de alteração do Código Florestal protocoladas na Câmara e Senado.
Até então, o debate tem se caracterizado pela polêmica e por questões ideológicas. “Estou entre os que discordam dessa medida extrema”, afirmou. Ele propõe a transformação do Código Florestal em Código Ambiental, sob a justificativa de que assim seria possível evitar novos desmatamentos no País, notadamente na Amazônia. Freitas questiona: “Como dividir a reposição florestal com a sociedade?”.
A OCB trouxe a Brasília dois especialistas em direito e conservação ambiental – um do Paraná e outro de Santa Catarina. Eles estarão à disposição dos parlamentares para contribuir nas discussões.
Proprietário rural em Ribeirão Preto (SP), o presidente da OCB considera-se “enquadrado” nas exigências ambientais do estado. Disse que usará madeira certificada para a colocação de 40 cruzetas de energia elétrica na fazenda. Criador de gado leiteiro gir, apóia a mulher na produção de hortaliças e está próximo de receber do Instituto Biodinâmico, de Botucatu, a certificação de produtor orgânico. “Ela vende 50 cestos de verdura limpa (sem agrotóxicos) por semana; a R$ 40 o cesto, obtém R$ 2 mil por semana e R$ 8 mil por mês, trabalhando com uma área de meio hectare e empregando oito pessoas.
Freitas defendeu maior conscientização das cidades em relação à conservação ambiental. Lembrou que o rio Tietê demonstra uma situação clara de poluição praticada pela zona urbana. “A faxina às margens do rio termina sempre sendo feita pelo produtor rural. Segundo o IBGE, atualmente, 12% da população brasileira é rural, com tendência a diminuir ainda mais. Será que, cada vez mais teremos gente poluindo que limpando?”, lamentou.
Acre criará Frente Parlamentar
Estadual de Apoio ao Cooperativismo
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Freitas não vê razão para radicalismos no Código /DIVULGAÇÃO |
BRASÍLIA – A exemplo do Pará, Mato Grosso e Rondônia, a Assembléia Legislativa do Estado do Acre criará, ainda este mês, a Frente Parlamentar Cooperativista. Os entendimentos foram mantidos nesta terça-feira (5/5), entre o presidente da Assembléia, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), e o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas.
Freitas recebeu a notícia com entusiasmo. “Vou a Rio Branco prestigiar o lançamento”, prometeu. Reunidos com ele, o deputado Fernando Melo (PT-AC) e o presidente da OCB no estado, Valdemiro Rocha, lhe presentearam com uma cesta contendo produtos do Acre – açúcar mascavo (granixó), farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul, farinha, feijão, biscoito de polvilho, guaraná em pó da Amazônia e castanha.
O deputado Edvaldo Magalhães disse a Freitas que o Acre também espera poder contribuir e opinar para a efetivação de políticas públicas que levem benefícios a pequenos, médios e grandes agricultores. “Com uma base parlamentar atuante nas atividades cooperativistas em nosso estado, teremos oportunidade de expor nossos argumentos de maneira mais convincente”, assinalou Magalhães.
“A Frente Estadual também atenderá à expectativa dos extrativistas, que aguardam, ansiosos, a valorização dos seus produtos, entre eles a tradicional castanha, que um dia chegou a R$ 23 a lata e hoje não passa de R$ 3”, comentou Fernando Melo. O deputado é coordenador nacional do ramo de produção, constituído por 13 atividades econômicos.Freitas irá ao Acre acompanhado do presidente da Frente Parlamentar de Apoio ao Cooperativismo, deputado Odacir Zonta (PP-SC) no Congresso Nacional.
Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião e Opinião TV

Terça-feira, 24 de junho de 2025 | Porto Velho (RO)