Quinta-feira, 13 de dezembro de 2007 - 16h16
Membro do MPF esclarece recente incidente envolvendo o povo indígena cinta larga.
Reginaldo Pereira da Trindade, procurador da República em Rondônia, a propósito do recente incidente envolvendo o povo indígena cinta larga, vem a público declarar e esclarecer o seguinte:
1. A situação de penúria dos povos indígenas no país, a miséria, a desesperança, a injustiça, o preconceito; enfim, todas essas mazelas levam pessoas de bem a ter que pegar em armas; tudo isso contribui para que atitudes extremas tenham que ser adotadas.
2. O povo indígena cinta larga há muito suporta privações de toda ordem. Consideram-se – e estão – abandonados pelo Estado Brasileiro. Praticaram uma medida drástica porque se encontram em situação extrema, excepcional e urgente pelo menos desde o ano de 1999, quando o garimpo de diamantes em suas terras foi impulsionado. Assim agiram porque foi a única forma de fazer o governo federal ouvi-los. Seus reclamos são justos e legítimos, amparados pela Constituição, Convenções Internacionais e pelas leis do Brasil.
3. Estavam todos na Aldeia Roosevelt para a capacitação dos índios na luta e defesa dos seus direitos no plano internacional. As oficinas de trabalho seriam conduzidas pelo funcionário do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Sr. David Martin Castro.
4. Em momento algum houve violência física e/ou psicológica, restrições de comida ou água, maus tratos de qualquer espécie no período em que ficaram, o representante do Ministério Público Federal e as demais pessoas, na Aldeia Roosevelt.
5. Sua esposa, Sra. Margarete Geiareta da Trindade, que o acompanhava por ser estudante de Direito e muito interessada na questão indígena, em momento algum teve sua liberdade cerceada. Não deixou a aldeia, inclusive sob protesto do marido, porque quis ficar ao lado dele. Ficou por amor; revelando-se importante sua permanência para contribuir que os ânimos persistissem serenos.
6. Reafirma, solenemente, seu compromisso de continuar a lutar pela causa do povo indígena cinta larga.
7. Aproveita o ensejo para agradecer a todos que, direta ou indiretamente, empreenderam esforços e dedicação para que o impasse fosse solucionado pacificamente e o quanto antes.
Porto Velho/RO, 13 de dezembro de 2007.
Reginaldo Pereira da Trindade
Procurador da República
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