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Grandes nomes em pequenas, abandonadas e intransitáveis ruas


Por Emerson Machado

Cândido Portinari foi um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil e o que conquistou a maior projeção internacional com suas obras. Pintou mais de cinco mil obras (desde pequenos esboços até os mais gigantescos murais). Presentou a ONU (Organização das Nações UnidGrandes nomes em pequenas, abandonadas e intransitáveis ruas - Gente de Opiniãoas) em Nova York com painéis que alcançaram muito prestígio no país e no exterior. No entanto, a Rua Cândido Portinari, em Porto Velho, para homenagear um dos maiores nomes da história do Brasil, não tem nem um pouco da beleza que as obras renomadas de Portinari carregavam em seus traços. Melhor dizendo: a rua não tem beleza alguma.

Com características de puro abandono, a rua, que fica no bairro Escola de Polícia, zona leste de Porto Velho, não possibilita nem que os próprios moradores andem com seus carros ou outros veículos. Até motos sofrem dificuldades para fazer o trajeto da rua (má) asfaltada Lúcia Carvalho até a Ibrahim Sued. Mas a negligência dos governantes da cidade não é uma característica apenas da Rua Cândido Portinari ou da Turquia — outra via quase que impossível de se transitar. A Rua Rita Ibanez, que tem esquina com a rua que homenageia Portinari, mais parece um caminho aberto pela própria população que uma rua de verdade — assim como a Rua Ibrahim Sued, que, segundo Arauto Cebulski, ela tem sido prometida ser asfaltada há anos e seria uma avenida.

Arauto Cebulski (51), morador e empresário da Rua Cândido Portinari há dez anos, já não acredita mais em promessas. “Eu tenho o escritório da minha empresa na rua e ela é simplesmente intransitável. À noite quase não temos postes com lâmpadas que funcionem. Fica tudo escuro. Já fui à Grandes nomes em pequenas, abandonadas e intransitáveis ruas - Gente de OpiniãoCâmara [de vereadores] e falei com Alan Queiroz [vereador e presidente da Câmara Municipal de Porto Velho] sobre a situação das ruas do meu bairro, mas até agora nada foi feito”, conta Cebulski.

Um trator foi designado para melhorar as vias, mas fizeram apenas montes de terra, galhos e lixo nas esquinas, dificultando ainda mais a passagem de carros, motos, bicicletas e até pedestres, como revela o estudante de Jornalismo de 22 anos Leonardo Souza. “No período das chuvas e próximo do Natal, época em que também chove muito, não dá para andar pelas ruas que vão desde o ponto final do ônibus Esperança da Comunidade até a Avenida Amazonas”, conta o jovem que é morador da Rua Cândido Portinari desde que nasceu. Souza conta que há várias promessas de asfaltamento e melhoria das vias, mas que nunca nada foi feito. Ele diz ainda que uma vez um caminhão com cascalho fez um trabalho na rua, mas que os benefícios do serviço foram limitados e hoje em dia a rua já está como sempre foi antes. “É complicado ter que andar pela rua para pegar o ônibus de manhã, que não tem pontos de parada menos que três quadras da minha casa, e ainda conseguir chegar limpo ao trabalho”, lamenta o jovem.

As fotos que ilustram essa matéria revela o descaso na Rua Cândido Portinari e também na Rua Rita Ibanez, duas das 15 ruas que estão entre a Avenida José Vieira Caúla e a Avenida Amazonas no bairro Escola de Polícia. A homenagem da rua, que segundo moradores seria uma avenida, em que termina a Cândido Portinari é para Ibrahim Sued, um apresentador de televisão carioca, mas até hoje a situação da via que leva o seu nome não foi mostrada à ninguém — o que levanta uma questão importante: será que esses grandes homens se sentiriam realmente homenageados se pudessem ver as ruas que levam seus nomes na capital rondoniense?

Emerson Machado é um escritor e jornalista curitibano. Já lançou vários livros infantis e juvenis com temas como doação de órgãos e paternidade homoafetiva. Seu livro “O Investigador de Sótãos” (2009, São Paulo, Duna Dueto Editora) foi selecionado pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE2011-MEC). Escreveu para revistas na capital paranaense, viveu em Dublin (Irlanda) e também morou em Porto Velho durante alguns anos, onde estudou Arqueologia antes de voltar ao sul do Brasil

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