Sexta-feira, 30 de março de 2007 - 17h21
Furnas se prepara para
evitar aumento da malária
"Não quero que a malária pare a construção das hidrelétricas no Rio Madeira". A frase é do gerente do escritório de construção de Furnas
O representante de Furnas informou que se prevê aumento de casos de malária nas regiões vizinhas das hidrelétricas e que a estatal já trabalha para reforçar a infra-estrutura de saneamento básico na região.
Ele detalhou que as duas usinas, de Santo Antonio e Jirau, causarão impactos sociais e ambientais diretos numa área de
Ele informou que após a barragem de Jirau alagar o povoado de Mutum Paraná (a cerca de
Para acentuar a seriedade que Furnas dá a questão, o gerente lembrou que ocorreram 12 mil casos de malária
Antes, ele havia dito que Furnas prevê, com suas obras, uma nova onda de migrantes "em busca de empregos" a Porto Velho que vai gerar "grande pressão nos serviços públicos" até mesmo nos de Saúde que "serão insuficientes", segundo o engenheiro Afonso.
O representante de Furnas informou que o Projeto Rio Madeira dará ajuda financeira a Rondônia para enfrentar o novo fluxo migratório. e fará parcerias com a Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd) e com a Ceron (Centrais Elétricas de Rondônia).
O engenheiro Afonso deixou claro que Furnas quer evitar que as hidrelétricas causem a quarta grande epidemia de malária
Indivíduos não imunes correm alto risco de contrair malária ao chegarem a Amazônia
A primeira grande epidemia de malária aconteceu no fim do século XIX, quando milhares de nordestinos fugiram da seca em suas terras para trabalhar nos seringais (plantações naturais de borracha.)
A segunda explosão de epidemia aconteceu entre meados do século XIX e início do XX quando novamente milhares de migrantes nacionais e estrangeiros vieram trabalhar no trecho encachoeirado do rio Madeira (o mesmo das hidrelétricas) nas obras da Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
A terceira explosão de malária foi a partir dos anos 70, com a corrida de brasileiros do sul e sudeste em busca de terras doadas pelo INCRA em Rondônia.
Sem imunidade e sem a "cultura da malária", como diz o médico Erney Plessmann Camargo, membro da Academia Brasileira de Ciências, professor titular de parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e diretor do Instituto Butantan os imigrantes foram vítimas da maior epidemia de malária da história da Amazônia.
Em duas décadas, o índice da malária em Rondônia passou de cerca de 20 casos por mil habitantes para 100 casos por mil habitantes. No pico da epidemia, Rondônia chegou a ter 300 mil casos de malária por ano para uma população de apenas um milhão de habitantes.
Fonte: Nelson Townes
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